Capítulo 4

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— O que está acontecendo aqui? — Shion parou bastante confusa diante de nós.

Seu olhar percorreu Naruto, ajoelhado em minha frente, ainda massageando meus pés e veio para mim. Sustentei uma expressão de constrangimento no rosto, ao constatar que a irmã dele nos flagrou em uma situação estranha.

— Hinata perdeu a chave e eu pedi que descansasse aqui, até conseguir entrar no apartamento dela. — Naruto respondeu, levantando-se. — Aconteceu alguma coisa, Shion? Você disse que não voltava aqui tão cedo.

— Eu vim buscar algumas roupas, já estou indo embora. — Shion olhou para mim como se eu fosse uma assombração. — Não sabia que eram tão íntimos.

Por um momento eu senti uma nota de ciúmes em sua voz, ela devia fazer o tipo de irmã controladora.

— Não... — eu iria contestar.

Mas Naruto foi mais rápido.

— Shion, está tudo certo no seu novo apartamento? Não quer voltar pra cá e esquecer nosso desentendimento? — perguntou amorosamente.

— Para quê? Você não se importa com as minhas necessidades, Naná. — rebateu amargurada.

— Pelo contrário, eu faço de tudo para que você tenha o que precisa. — Seu tom de voz soou baixo, ponderado, porém, eu consegui sentir um quê de mágoa. — Melhor não discutimos nossos problemas agora.

— Como quiser. — Shion foi entrando e eu fiquei ali no meio, sem saber o que fazer.

Levantei-me num pulo e fui pegando meus sapatos.

— Obrigada, Naruto. — agradeci envergonhada. — Estou bem melhor, vou tratar de conseguir um chaveiro para entrar no meu apertamento.

— Não precisa ir assim, sério. — insistiu. — Pode esperar aqui até conseguir abrir o apê.

— Não quero incomodar mais do que já incomodei. — refleti, mordendo o lábio inferior. — Se não der, eu vou para a casa da Saky.

— Se é assim, tudo bem. — Naruto anuiu e colocou as mãos nos bolsos da bermuda. — Hinata, então... — enrolou. — Nesse domingo, sabe... Ah, deixa pra lá. — Voltou atrás com as bochechas coradas.

— Continua. — incentivei e Naruto retomou a coragem.

Meu pedido sequer pôde ser atendido, pois Shion saiu num rompante e eu escapuli porta afora.

O que será que Naruto queria me dizer? Fiquei me perguntando o resto da tarde, quando finalmente consegui entrar no apartamento. Depois de muito custo, o síndico encontrou uma cópia da minha chave. Para o meu alívio, meus pés já não doíam quando caí no sofá.

— Que dia! — exclamei para mim mesma.

Decidi ligar para a Sakura e contar tudo o que ocorreu, ficamos por vários minutos conjecturando para onde Naruto queria me levar. Contudo, após um longo período sem conseguir decifrar o que ele queria dizer, decidi deixar de lado e fazer algo útil. Que significava enviar dezenas de currículos para todas as vagas que surgiam na internet e no amarelinho que eu comprei na volta para casa.

Foi quando a campainha tocou e fui abrir a porta, não antes de espiar pelo olho mágico. Constatando que era Naruto com algo envolvo em um pano de prato muito limpo.

— Oi, Naruto — cumprimentei com um sorriso tímido nos lábios.

— Oi, Hinata. — devolveu e coçou a nuca, como se buscasse as palavras certas. — Trouxe esse bolo como um pedido de desculpas pela minha irmã. Ela estava um pouco alterada, mas não costuma ser tão arisca assim com ninguém, muito menos com você. Shion mesmo me pediu que eu me desculpasse pela forma como te tratou. — concluiu.

— Ah, que isso! — sorri. — Eu que não devia estar incomodando você com meus problemas, não tenho o que desculpar.

— Você não me incomoda. — rebateu. — Eu quis te ajudar, lembra?

— Lembro sim. — voltei atrás, não adiantaria discutir. Naruto fazia o tipo cavalheiro. — Então, obrigada, como pode ver, estou a salvo. — indiquei meu apartamento e Naruto assentiu lentamente. — Não tenho como te agradecer por tudo.

Naruto sorriu, ostentando os charmosos risquinhos nas bochechas.

— Sempre que precisar... Quero dizer, o gel de massagem, se quiser a indicação... — se corrigiu e desviou o olhar, mas pude notar o tom rosa que tomou conta de todo seu rosto.

Ah. meu. Deus!

Naruto corou na minha frente outra vez? Que coisa mais adorável.

— Eu adoraria.

Ele voltou os olhos para mim e franziu a testa, na certa em dúvida sobre eu ter entendido ou não sua frase ambígua. Eu respondi com ambiguidade de propósito também. Qual é? Nenhum homem nessa minha curta vida, fez uma massagem no meu pé desse jeito tão desinteressado e carinhoso além do meu pai.

— Bom... — iniciou, um tanto reticente. — Espero que goste do bolo, é de chocolate.

— Você que fez? — não consegui esconder a surpresa em minha voz.

— Foi sim, espero que esteja comível. — brincou e eu dei uma gargalhada.

— Bolo de chocolate é meu favorito, obrigada. — agradeci uma vez mais, ainda ostentando um sorriso bobo nos lábios. Na sequência Naruto esticou os braços para me entregar o mimo, eu fiz que iria pegar e sem querer nossos dedos se tocaram timidamente.

Assustada, puxei minha mão, sentindo uma sensação de formigamento iniciar pelos meus dedos e se estender por todo o meu corpo. O que foi isso? Parecia até que Naruto estava eletrizado e me deu um choque. Acho que ele sentiu também, pois me olhou com uma expressão indecifrável no rosto.

— Ahn... — tagarelei, estendendo novamente minhas mãos. — Obrigada. — tornei a agradecer, peguei o bolo num átimo e apoiei na minha barriga.

— Por nada. — Naruto respondeu e continuou a me olhar.

Eu não conseguia entender o que significava tudo aquilo.

— Naruto.

— Hinata — falamos em uníssono e caímos na risada.

— Nossa, somos ótimos no diálogo. — descontrai e o clima de tensão se desfez.

— É mesmo. — concordou e um sorriso torto surgiu em seus lábios.

Fazendo somente os risquinhos da bochecha direita serem evidenciados em seu rosto.

Soltei um longo suspiro ao constatar que ele era realmente muito bonito e fofo. Busquei coragem e toquei no assunto que tomou conta dos meus pensamentos durante toda a tarde.

— Naruto, o que queria me dizer mais cedo, quando eu estava em seu apartamento?

— Ah, aquilo... — ele esfregou a nuca e mordeu o lábio inferior, atraindo minha atenção para aquela região. — Era só que... no domingo... então, eu queria te convidar para tomar um sorvete. Sabe, se o dia estiver quente, claro. — despejou e soltou o ar com força, como se tivesse feito um esforço enorme para me fazer aquele convite.

— Sorvete? — me ouvi perguntar.

— Isso — Seu olhar recaiu em mim e eu prendi a respiração, seus olhos estavam tão intensos e brilhantes.

Tão lindos.

— E-eu... hã... — gaguejei, desconfortável com as sensações estranhas que eu estava sentindo na boca do estômago.

Acho que Naruto interpretou minha gagueira como uma possível recusa. Pois seus olhos imediatamente ficaram opacos. Ele fez menção de falar, mas eu fui mais rápida e emendei:

Adoraria.

— Sério? — questionou e abriu o sorriso mais bonito de todo o planeta.

É, talvez eu estivesse um bocadinho encrencada.

Quando o amor aconteceOnde as histórias ganham vida. Descobre agora