— Você gosta muito da banda The Smiths? — Naruto perguntou, enquanto dividíamos uma taça gigante de sorvete e falávamos sobre nossos interesses aleatórios.
— Gosto bastante — confessei, ficando sem graça por ouvir música alta, apesar das reclamações do síndico e de alguns vizinhos.
Não dele.
— Percebi — respondeu com uma pitada de sarcasmo enfeitando a voz.
— Me desculpe por me empolgar tanto. — falei, ciente do meu erro. — É que aconteceu muitas coisas na minha vida e música alta realmente me acalma.
— Não, que isso. — Naruto tocou levemente minha mão, por cima da mesa. — Eu curto também, quando você está ouvindo geralmente eu aproveito. Shion não gosta muito, e com ela em casa nem sempre eu podia ouvir o que eu queria.
— Ah, então me usava como desculpa? — dei um cutucão sutil em seu braço com a mão esquerda, pois a direita ainda estava presa por baixo da dele.
— Talvez. — Naruto abriu um sorriso debochado. — Sabe, faz algum tempo que eu queria te chamar pra tomar um sorvete.
— Por que nunca chamou? — indaguei.
— Eu não queria levar um fora, sou bem covarde, né? — fez uma careta adorável, o que evidenciou seus risquinhos nas bochechas.
— Bom, considerando o que eu achava sobre você e Shion, talvez não fosse uma boa ideia me convidar antes. — brinquei, ele anuiu.
— Tudo tem seu tempo — ponderou, demonstrando acreditar verdadeiramente nisso.
— Sim — confirmei, sentindo meu coração ficar aquecido com toda essa conversa.
Eu estava totalmente interessada em nosso singelo diálogo; mas, como mantínhamos nossas mãos unidas, meus olhos acabaram me traindo e Naruto a soltou, encabulado.
— Desculpe, nem percebi. — ele esfregou a nuca e desviou os olhos.
Adivinhem? Corando!
— Eu acho tão lindo quando você fica sem graça e suas bochechas ficam vermelhas. — divaguei, buscando seu olhar.
O que piorou tudo, já que notei o avermelhado de seu rosto se expandir para todo o pescoço.
— Isso é uma droga. — resmungou abaixando a cabeça. — Eu não devia ser tão tímido.
— Pois eu acho uma graça. — garanti, ganhado sua atenção imediatamente.
— Eu tô feliz que estejamos aqui agora, depois da discussão que tive com minha irmã, eu meio que andava desanimado. — refletiu, mudando de assunto e foi a minha vez de tocar sua mão. — Eu e ela não temos nos dado bem, é que Shion não tem ninguém além de mim, nós perdemos nossos pais muito cedo. Eu me preocupo com a minha irmã, mas ela não entende algumas coisas e isso dificulta nossa relação. — desabafou e esfregou os olhos com a ponta dos dedos.
— Deve ser difícil, mas sua irmã te ama e com certeza as coisas vão se ajeitar. Inclusive, sempre que quiser conversar e espairecer, pode me chamar. — propus, acarinhando o dorso de sua mão. — Principalmente porque eu estou na rua da amargura e ficar em casa sem fazer nada é realmente desesperador.
Naruto juntou as sobrancelhas e me olhou curiosamente.
— No que você trabalhava?
— Como gerente em uma loja do shopping que tem no centro. — dei de ombros, sem querer adentrar naquele assunto que tanto me deixava triste.
Estar desempregada era sempre desesperador, na minha situação então, era quase o apocalipse.
— Que coincidência — observou, coçando o queixo com a mão livre. — Eu trabalho como gerente em um supermercado e estamos precisando de alguém.
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Quando o amor acontece
FanfictionHinata acabou de perder o emprego e está na fase de curtir a fossa sozinha em seu modesto apartamento, de preferência com um pote de sorvete de flocos a tiracolo. Preocupada em não ser despejada e conseguir quitar às dívidas e o tratamento do pai, e...