Capítulo 7

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Foi quando meu celular tocou, trazendo-me de volta à realidade e Naruto recuou rapidamente.

— Saco. — praguejei, afastando-me dele a contragosto. — Já volto.

Naruto apenas assentiu, passando as mãos pelos cabelos, como se tentasse recobrar a compostura. Acertei, era minha amiga querendo saber se eu estava bem. Como não nos vimos hoje ainda, ela quis ter certeza de que eu não estava me afundando em autodepreciação. O que eu até faria, não fosse a fofurice de Naruto.

— Estou bem, miga. Quer se juntar a nós? — perguntei por educação, mas a verdade é que eu não queria a companhia dela, não hoje. — Eu estava escolhendo um filme para assistir com o Naruto — escapou.

— O que? — eu podia ver as luzinhas de inúmeras possibilidades se acenderem em sua mente. — Não me diga que você e o gatinho do Naruto vão esticar a noite?

— Shiuu é só um filme depois do sorvete. Ele não é desses assanhado! — mas acabei sorrindo ao tentar falar baixo para que ele não me ouvisse. — Naruto não é como os outros.

— Ah meu Deus, quero saber tudo depois. Claro que não vou segurar vela, outro dia você me conta. Beijo, beijo. — e foi desligando.

Fiquei olhando para o telefone feito uma idiota por alguns segundos, no entanto, logo minha atenção se voltou para Naruto. Ele estralava os dedos, distraído, como se pensasse em algo importante. Então preferi quebrar o gelo antes de assistirmos ao filme. Eu não avançaria sobre ele, era realmente melhor irmos com alma, assim ninguém sairia machucado.

— O que você quer assistir? — indaguei, jogando-me ao seu lado no sofá. — Era a Saky ao telefone, ela queria saber se eu estava viva.

— Pode ser qualquer coisa. — deu de ombros, evitando me olhar nos olhos. — Você contou que sairíamos juntos? Se sim, acho que a Sakura quis saber se eu não te sequestrei.

— Pode ser — eu ri. — Vou colocar o pão de queijo no forno e fazer o chocolate. — anunciei, me levantando.

— Eu te ajudo. — se ofereceu.

Fiz que sim e fomos juntos até a cozinha. Portanto, quando já estava tudo pronto, voltamos para a sala e escolhemos Bumblebee para assistir. Conversamos, rimos, falamos do filme e fiquei deitada em seu peito por um bom tempo enquanto assistíamos. Eu podia dizer que a noite foi perfeita, não fosse a pequena discussão sobre quem comeria o último pão de queijo. Por fim, decidimos dividir e com isso eu entendi que estava encrencada. Eu dividi meu último pão de queijo com o meu vizinho, isso é quase uma troca de alianças para mim.

— Tá de pé a proposta do casamento ainda? — descontraiu, já nitidamente confortável com nossa súbita intimidade.

— Depende, você vai sempre comer um pedaço do meu ultimo pão que queijo? — devolvi, incrédula por ele não ter deixado para mim, como um bom cavalheiro faria.

— Possivelmente, mas eu prometo sempre fazer mais pra você, até que esteja tão cheia, que me implore para comer o último pão de queijo que você não quer mais. — explicou.

Acabei rindo.

— Essa resposta foi muito boa! — refleti, ainda sorrindo. — Desse jeito eu terei que fazer um pedido oficial, para a gente se casar, tipo, amanhã. — Entrei na brincadeira.

Foi a vez de Naruto rir.

— Você é a melhor pessoa que eu conheço.

— Que isso — desconversei, envergonhada. — Naruto... Eu... — iniciei reticente, caramba, era complicado ir com calma.

Eu não sabia como lidar com essa nova possibilidade.

Nunca conheci alguém como o Naruto. Eu queria pular em cima dele e beijá-lo agora mesmo.

Ele me olhou; e, por um instante, senti como se conseguisse ouvir meus pensamentos.

— Eu quero muito.

— O que? — Me fiz de boba, fingindo que não era óbvio o meu embaraço e desejo escondido.

— Eu quero muito te beijar, Hina. Eu quis durante todo o filme, só fiquei com medo de você me chutar — riu, um riso curto e rouco. — Por isso acho que é melhor eu ir embora, não quero avançar o sinal e estragar tudo. Em minha defesa, eu não pensei que teria alguma chance com você. — acrescentou, segurando meu queixo com delicadeza e olhando no fundo dos meus olhos.

Por que Naruto não me beijava logo? Por Deus!

— Por que você não me beija de uma vez e acaba com essa tortura? — finalmente verbalizei meu pensamento em voz alta. Eu não conseguia quebrar o contato visual, a não ser para relancear os olhos para os lábios carnudos de Naruto.

— Porque você é boa demais pra mim e eu preciso ter certeza de que eu posso te conquistar — afirmou — Não quero sofrer — desviou os olhos, coçando a nuca, como se estivesse muito constrangido por me contar aquilo.

Foi aí que entendi, alguma garota muito escrota devia ter pisado no coração do Naruto. Era a única explicação para ele ter tanto medo de se envolver comigo. Essa descoberta me cativou ainda mais; quero dizer, não o fato dele ter sido magoado. Mas por ele permitir-se gostar de alguém a ponto de ser machucado. Será que me entendem? Naruto não era raso de sentimentos, muito pelo contrário. Ele parecia ser aquele tipo de homem raro, que te faz sentir vontade de amar sem reservas.

Suspirei.

— E por que eu te faria sofrer? — retruquei, querendo muito entender o que acontecia entre nós — Eu descobri que sinto algo por você, que não esperava sentir. Na real, acho que tudo começou quando você massageou meus pés. — confessei divertida.

— Sério? — Naruto riu.

— Você foi muito gentil comigo, e quem me trata bem, me ganha.

— Foi bom conseguir que baixasse a guarda com relação a mim, achei que nunca poderia me aproximar de você — refletiu, mantendo uma distância segura. — Se eu soubesse que para chamar sua atenção, eu tinha que te oferecer uma massagem nos pés. Teria oferecido assim que chegou aqui, como forma de boas-vindas. — respondeu em tom de brincadeira.

— Bom, o bolo também ajudou bastante. — acrescentei.

— Sempre que quiser um bolo, eu moro bem pertinho. — insinuou e eu sorri.

— Não deveria me falar essas coisas, porque eu posso querer abusar e aí... — deixei a frase morrer, sugerindo meu desejo de ficar perto dele.

— Hina... — sussurrou e eu notei suas pupilas maiores. — Se não me quiser a longo prazo, não me dê esperanças, ou eu posso ficar ainda mais apaixonado por você.

— Quem disse que eu não quero? — retruquei e aproximei-me sorrateiramente de Naruto.

Que se dane essa história de ir com calma, somos adultos, eu estou indelevelmente atraída por ele e ele por mim, que mal podia haver? Entretanto, mal tive tempo de agir, antes de ouvir celular tocar outra vez.

— Quem será agora! — exclamei e afastei-me para buscar o aparelho, louca para continuar nossa conversa, quando vislumbrei o número da Hanabi. — Um segundo, é minha irmã — expliquei em um ofego de nervosismo.

Naruto apenas sacudiu a cabeça em concordância.

Franzi o cenho para o celular, ao notar o número da Hana piscando incansavelmente na tela. Pois, se Hanabi me ligava a essa hora da noite, boa coisa não haveria de ser. Pensando nisso, atendi num átimo, mas preferia não ter feito.

Quando o amor aconteceOnde as histórias ganham vida. Descobre agora