Vacilante

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Jimin acordou na manhã do seu aniversário extremamente confuso.

Agora, se estava confuso por causa de outro sonho romântico com Yoongi, ou por causa do barulho ensurdecedor de cornetas e dos gritos de seus amigos cantando "parabéns" para ele, Jimin não saberia dizer ao certo.

Depois de completar vinte e cinco anos, seu aniversário deixou de ser uma data tão especial. Se seus amigos não o desejassem parabéns no dia treze de outubro, Jimin deixaria o dia passar como outro qualquer, esquecendo-se completamente que viver mais um ano era algo para se comemorar. Com o exército, aquilo só piorou. Mas naquele ano, vendo o bolo de chocolate com morangos em cima, e vendo Taehyung cantar com a voz que ele sempre usava quando participava de um musical, Jimin sentiu-se feliz de ter a companhia das três pessoas mais importantes para ele o incomodando em um domingo de manhã.

Seu dia especial não foi assim tão especial. Jimin almoçou com seus amigos, passou no mercado para comprar algumas bebidas para os quatro, e atendeu às ligações de seus pais e respondeu a mensagens de outros familiares o parabenizando pela data. Ele não mentiria e diria que se sentia da mesma forma de sempre, até porque Jimin não se permitiu pensar em coisas ruins ou em memórias que podiam deixá-lo mal em questão de segundos. Jimin diria que estava feliz. Tinha seus melhores amigos por perto, memórias (boas) de épocas diferentes de sua vida, e não precisava de absolutamente mais nada.

Yoongi [16:53]: feliz aniversário para o meu engenheiro favorito

Mas talvez ele precisasse daquilo também. Talvez ele precisasse de borboletas indesejadas batendo as asas em seu estômago naquele dia.

Park Jimin [16:58]: obrigado, advogado favorito

Ao mesmo tempo em que todas aquelas sensações eram novas e assustadoras, tudo era muito familiar para Jimin. As reações exageradas de seu corpo com coisas tão simples, os sorrisos bobos que cresciam em seu rosto com frequência, a curiosidade de seus amigos em saber o que estava o deixando daquele jeito. Até sua mãe havia dito que sua voz soava mais animada enquanto ele falava ao telefone com ela. Por um instante, Jimin até se esqueceu que estava completando trinta e um anos de vida. Com todas aquelas sensações o incomodando, era como se ele tivesse voltado a ser adolescente e estivesse se apaixonando pela primeira vez.

Apaixo– Jimin parou, arregalou os olhos. Bloqueou a tela do celular e o jogou para o lado, sem se importar onde cairia ou se quebraria. Taehyung pareceu notar seu leve pânico e o entregou um copo de soju em um pedido mudo para que se divertisse e deixasse suas preocupações de lado por um instante. Jimin assentiu, sorriu fraco e pegou o copo, fingindo que sua mente não havia se desligado por completo poucos segundos atrás. Aquilo era um novo problema, algo com que ele nunca havia lidado antes, e nem estava aprendendo a lidar aos poucos. A palavra o assustava. A pessoa em quem ele pensava quando a palavra surgia em seus pensamentos o assustava mais ainda.

O maior problema era que não fazia sentido algum. Jimin nunca havia se sentido atraído por outro homem, nunca tinha sentido seu coração bater daquela forma, nunca havia recebido nenhum sinal da vida de que aquilo poderia se tornar realidade. Ele via aquilo acontecendo diante de seus olhos o tempo todo, há tantos anos que ele já havia perdido a conta, mas nunca se imaginou no lugar de nenhum de seus amigos. Nunca pensou que poderia ser ele no lugar de Taehyung, quinze anos antes, contando sobre seu primeiro beijo com um garoto do terceiro ano no banheiro da escola. Nunca imaginou que poderia ser ele no lugar de Hoseok, no primeiro semestre da faculdade, que apareceu em um dia de aula mancando depois de uma noite intensa.

Nunca imaginou que poderia ser ele no lugar de Jeongguk, seu chefe, temendo ser julgado por um de seus funcionários porque um amigo revelou por acidente sua orientação sexual em uma mesa de bar.

De Volta à Primavera • yoonminWhere stories live. Discover now