14 ∣❁∣ Game

8.1K 727 86
                                    

Gabriela Alarcon point of views🦋
USA, Los Angeles. – 2018, 10h25.

❍❍❍❖❍❍❍

— A melhor e mais quente, líder de torcida dos Freeridge High, acabou de chegar. – saudei meus amigos, formando um "V" com os dedos indicador e médio, os balançando e colocando a língua para fora

— Você sabe que a cor do time adversário é amarelo, né!?O da nossa escola, é vermelho. – Ruby me encarou como se eu fosse louca

Arregalei os olhos, tendo conhecimento daquela informação exatamente agora. Olhei para minha roupa, sentindo meu rosto esquentar. Mais um pouco e eu poderia chorar como uma criança. Utilizava botas e dureg, ambos amarelos, em uma tentativa de representar o time da escola, cujo Jamal jogaria, mas, parece que acabei fazendo a escolha errada.

— Ninguém vai reparar. – retruquei, envergonhada, puxando o tecido amarelo de minha cabeça

— Relaxa. O máximo que pode acontecer é você ser perseguida pelo time da nossa escola, caso percamos. – Monse foi sarcástica, abraçando meus ombros

Começamos a caminhar em direção à escola e sinceramente, não estava nenhum pouco afim de andar, pois minhas botas de salto, não contribuíam para que fosse confortável uma caminhada tão longa.

— Tá com raiva de que? – Ruby me questionou

— De andar!Botas de salto não ajudam em absolutamente nada! – fiz bico

Entramos na rua do Cesar e vimos ele em frente à casa dele, provavelmente esperando os Santos, eles iriam juntos pro jogo.

Paramos pra falar com ele, Monse e Ruby o cumprimentaram alegremente e eu apenas sorri, o que não era normal, eu sempre era a primeira a abraçar ele!

— Tá com raiva de que? – Cesar indagou, afastando Monse e me abraçando

— Não estou com raiva. Apenas não quero andar até a escola. É tão longe. E além do mais, acho que estou ficando doente. – choraminguei, claramente fazendo drama

— Oscar te dá uma carona. Não é, mano!? – Cesar olhou por cima de meus ombros

Meu reflexo foi olhar imediatamente para trás. Oscar estava saindo de sua casa, acompanhado por alguns dos Santos. Nos encaramos rapidamente e ele apenas deu de ombros, concordando que me daria uma carona.

— Vamos, gata. – Cesar riu e beijou minha bochecha

Monse cruzou os braços e me questionei se aquilo era ciúmes. Descartei aquela hipótese, já que não haviam motivos para ela sentir tal ameaça em relação à minha amizade com o Cesar. Depois eu conversaria com ela, não queria que ficasse nenhum mal entendido.

Cesar e mais dois Santos, se sentaram no banco traseiro, então, sentei no do carona. Não podia negar que me sentia estranha com essa proximidade com Spooky. Desde ontem, quando lanchamos juntos e nos divertimos, não trocamos mais nenhuma palavra.

Querendo ou não, ele era uma caixa de surpresas e eu nunca sabia quais seriam suas ações, reações ou falas dirigidas á mim. Não sabia se seriam coisas que nos fariam ter bons momentos ou seriam coisas que me fariam querer matá-lo.

Fomos em silêncio até a escola e eu agradecia por isso. Confesso que fiquei realmente nervosa quando Spooky estacionou em frente à escola e toda atenção foi voltada para nós.

— Acho que a Monse está com raiva de mim. Ou de nós. – comentei com Cesar, quando saímos do carro

— Por que? – Cesar arqueou a sobrancelha, franzindo o cenho, confuso

— Acho que é por conta da nossa amizade. – apontei para nós dois

— Para de ser paranóica. – Cesar riu, passando o braço por meus ombros

Fomos até a arquibancada e procurei rapidamente por meus amigos. Os localizei, olhando para o campo, confusos. Rapidamente guiei Cesar até lá. Havíamos pegado trânsito no caminho para cá, por isso Ruby e Monse chegaram primeiro. Jamal chegou bem mais cedo, já que faz parte do time.

— Jamal vai realmente jogar. – Cesar apontou para nosso amigo, no campo, incrédulo

— Isso não é incrível?

Olhamos para o lado e os pais de Jamal, sorriam, animados. Eles estavam tão felizes que até me causava pena, já que, com certeza, nem desconfiam que o Jamal odeia esportes.

— Não estão empolgados? – Dwayne, pai de Jamal, nos questionou

— Sim. Estamos empolgados. Chocados, na verdade. Atordoados, surpresos. – murmurei as últimas partes, rindo de nervoso

— Já faz um tempo desde aquele dia, que ele bateu o recorde de ferimentos. – Cesar relembrou, dando de ombros

— Pois é. Pensei que teria que colocar o garoto em uma bolha de proteção. – o senhor Turner riu, nos fazendo rir por educação

— Ainda dá tempo. – sussurrei, para que só meus amigos ouvissem, enquanto acenávamos para o casal, em forma de despedida

Eu estava sentada no meio de Ruby e Cesar, mas, queria sentar ao lado da Monse, para conversar com ela. Agora já está claro que a mesma está irritada e com ciúmes, já que nem está falando direito comigo.

— Troca de lugar comigo. – pedi ao Cesar

Trocamos de lugar e Monse me encarou, para logo em seguida agir como se eu não existisse, mantendo o olhar fixo no campo. Olhei para o campo, onde o jogo já havia começado. Quando desci o olhar para a arquibancada, meu sangue gelou.

Angelina e Oscar estavam sentados juntos e a vadia sorria debochadamente, olhando em minha direção. Dei o dedo do meio para ela, sorrindo tranquilamente. Propriamente, eles estarem juntos, não me afetava em nada.

— Não acredito que seja assim. Quer os dois irmãos?É isso? – Monse levantou, irritada, utilizando de um tom irônico

— O que?O que quer dizer com isso? – levantei também, atordoada

— É uma vadia. Isso que eu quero dizer. – Monse falou alto o suficiente para que nossos amigos e pessoas por perto, ouvissem

— Vadia é você. Não posso fazer nada se você não se garante com o Cesar. – falei antes de sair dali, deixando a raiva falar mais alto

Eu estava morrendo de ódio. Minha melhor amiga me chamou de vadia, Angelina estava sentada ao lado do Oscar e ele estava claramente dando condição para ela, cheio de sorrisinhos e tudo mais
...Babaca!

Tirei minhas botas e comecei a caminhar, descalça mesmo, até a minha casa. Eu estava com tanta raiva, que andar descalça era a menor de minhas preocupações. Relâmpagos e trovões rasgaram o céu e não demorou para que uma chuva torrencial caísse sob minha cabeça, se misturando às minhas lágrimas, tornando tudo um só.

Por que sempre deposito tanta esperança em outras pessoas?Por que sempre acredito que posso confiar nos outros?

𝐊𝐞𝐞𝐩 𝐚𝐰𝐚𝐲 | 🦋 | 𝙾𝚜𝚌𝚊𝚛 𝙳𝚒𝚊𝚣 ʰᶦᵃᵗᵘˢWhere stories live. Discover now