28 ∣❁∣ Thirst for revenge

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Gabriela Alarcon point of views🦋
USA, Los Angeles. – 2018, 06h25.

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Minha garganta ardia, assim como meus olhos. Precisei piscar incontáveis vezes para me acostumar com a claridade do ambiente. Forcei uma tosse, tentando diminuir a ardência em minha laringe. Imediatamente, o rosto da minha mãe tomou meu campo de visão.

Ela falava, mas, sua voz estava longe. Aos poucos fui ouvindo melhor e tentei responder, mas a ardência e irritação em minha garganta, não permitiu. Annie pareceu entender e em poucos segundos, me trouxe um copo de água, retirou o aparelho de oxigênio de meu rosto e segurou minha nuca, me ajudando a beber a água.

— Tá sentindo algo estranho, filha? – mamãe me questionou, preocupada

— Não.

Minha voz acabou saindo muito rouca, precisei pigarrear para que melhorasse.

— Vou avisar ao médico que você acordou. – ela anunciou

Annie saiu do quarto e eu fechei os olhos, mas a lembrança da festa, dos tiros e do sangue que me rodeava, invadiram meus pensamentos. Abri os olhos imediatamente, assustada.

O que havia acontecido?

Olhei para meu corpo e não havia nenhum vestígio de curativo. Se eu tivesse levado um tiro, teria algum vestígio. Fiquei mais aliviada, mas, estava agoniada do mesmo jeito. A porta do quarto foi aberta e o médico, junto com minha mãe, entrou no quarto.

— O que aconteceu comigo?O que aconteceu na festa?Tá todo mundo bem? – bombardeei Annie com minhas dúvidas

— Primeiro, vamos falar sobre o seu caso. – mamãe segurou minha mão

— Então, senhorita Gabriela, tenho duas notícias e preciso que esteja completamente calma e tranquila para me ouvir, assim como a sua mãe. – o médico foi cauteloso, como se estivesse tentando me preparar

— Pode falar. Eu estou calma. – respirei fundo

— Você chegou aqui toda ensanguentada, mas chegou a tempo. Seu sangramento foi devido ao seu impacto no chão e ao susto, que afetaram o seu bebê. Suponho que as duas não saibam, mas sim, você está grávida. – a calma na voz médico, não me atingiu

Eu teria um filho!Puta merda!Isso não pode ser verdade. Minha mãe vai me matar...ah meu Deus. O Oscar...ele sim vai me matar.

— O senhor tem certeza disso? – Annie se apoiou em minha cama hospitalar, parecendo tonta

— Absoluta!Grávida de 2 meses. Mas, a notícia não é somente essa. – o doutor Keller – como apontava em seu crachá –, entregou alguns papéis à minha mãe

— Pode falar. – pedi, passando as mãos por meu rosto

— Infelizmente, o seu bebê foi afetado e por pouco não perdeu ele. Seu útero é frágil também, por acaso já sofreu algum aborto anteriormente?Deveria agradecer à quem lhe trouxe à tempo, pois salvou o seu filho. Mas, provavelmente, ele ou ela, nascerá com sequelas. É praticamente 98% de certeza que ele nascerá com sequelas. Sinto muito! – Keller abaixou a cabeça, parecendo afetado

O ar faltou em meus pulmões. Suas palavras rodeavam meus pensamentos e meu coração doía. Passei as mãos por meu cabelo, nervosa, até sentir que minha mãe me abraçava.

— Preciso que seja forte, filha. – Annie me apertou mais em seus braços

— O que aconteceu? – tentei focar no que ela falava

— A Olívia. Ela....ela morreu.

Aquilo havia sido como um balde de água congelada em minha cabeça. Assimilei o que ela havia dito e foi inevitável: Gritei com todas as minhas forças, a dor que passava por meu interior era insuportável. Eu havia perdido a minha irmãzinha e ainda teria um filho.

— Calma, filha. Por favor! – minha mãe tentou me segurar, ao ver que eu me debatia, querendo sair daquela cama e ver se era verdade

— Me diz que é mentira, mamãe. – pedi, ainda me debatendo. — Quem fez isso?QUEM FOI O FILHO DA PUTA QUE FEZ ISSO COM A MINHA IRMÃ E O MEU FILHO?

— Latrelle. Ele fez isso. – Annie me segurou na cama, dessa vez com mais força

Os soluços saiam sem parar, eu não conseguia parar de chorar. Era uma dor insuportável. E eu estava com sede de vingança. Latrelle pagaria caro por tudo o que fez. Precisava pagar.

Enfermeiros entraram em meu quarto e tentei me soltar de minha mãe, pois sabia o que viria a seguir: eles aplicariam uma injeção em mim. Não conseguia e não queria dormir. Queria ir até os meus amigos, queria o apoio deles, queria apoiar eles. Uma enfermeira aplicou a injeção em minha bolsa de soro e em poucos segundos, senti meu corpo mole.

O sono me atingiu, mas a paz...essa não veio e não viria.

𝐊𝐞𝐞𝐩 𝐚𝐰𝐚𝐲 | 🦋 | 𝙾𝚜𝚌𝚊𝚛 𝙳𝚒𝚊𝚣 ʰᶦᵃᵗᵘˢWhere stories live. Discover now