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Gabriela Alarcon point of views🦋
USA, Los Angeles. – 2018, 04h30.

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Sabe aquele momento em que você está tão destruída, que não consegue reagir à absolutamente nada?Que a única vontade é deitar e fingir que está morta?Então, eu estou vivendo, ou sobrevivendo, à este momento. Só que agora, bêbada.

Jogada no chão da sala, com a garrafa de whisky que meu pai deixou antes de ir embora. A única coisa que ele deixou para trás. E bem, minha mãe guardava como um tesouro, talvez tentando se agarrar à lembranças de um tempo que não voltaria nunca mais.

Porém, não ligava para isso. Não dava a mínima importância.

A cena daqueles dois juntos, se repetia sem parar em minha cabeça, como um filme mortal e eu não sabia o que fazer. Não conseguia esquecer. A raiva me consumia e dessa vez, estava voltada para eu mesma. Sentia raiva do quão idiota estava sendo, do quão idiota fui ao me apaixonar por alguém como Spooky.

Sempre mantive meu coração fechado, livre de qualquer tipo de relacionamento ou amor e agora, estou apaixonada por um cara que só soube distruir minha vida e meu coração. Que me tirou da bolha segura em que vivia.

Em menos de três meses, Spooky me fez perder mais coisas do que consigo realmente contar. A virgindade, um bebê, a dignidade...Bati a garrafa com força no chão, fazendo a mesma se partir. Me assustei imediatamente, sentando no chão, mas, cometi o erro de me apoiar justamente em cima de alguns cacos.

Merda!Aquilo podia ficar pior?

E sim, poderia. Tive essa confirmação quando um barulho de chave girando foi ouvido e logo em seguida, a porta da sala foi aberta. A luz foi acesa e me deparei com minha mãe. Ela arregalou os olhos, tão assustada quanto eu, provavelmente por ver meu estado deplorável. Cabelo completamente embaraçado, maquiagem borrada e provavelmente bochecha e boca sujas de batom, rímel e delineador.

E agora, a mão ensanguentada.

— Meu Deus!O que aconteceu, minha filha? – Annie correu em minha direção, se ajoelhando ao meu lado

Atrás dela vinha um homem, sorrindo, mas, quando me viu, seu sorriso morreu e ele correu para me ajudar, se ajoelhando ao lado de minha mãe e segurando minha mão cortada.

Eu estraguei tudo. Provavelmente aquele cara era importante.

— Me desculpa, mamãe. – abracei a mesma, chorando compulsivamente. Em meu interior, sabia sobre o que realmente estava me desculpando, mas, ela não

— Ah, meu amor...O que te fizeram?Vai ficar tudo bem, a mamãe tá aqui. – Annie beijou minha testa e me deu o carinho que eu precisava

— Eu fui uma idiota, me apaixonei por quem não deveria e tá doendo mais do que esse corte. – me referi à minha mão

E realmente estava doendo muito mais. Eu não sabia como fazer parar e isso me deixava agoniada.

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Agora, sentada na cama, encarava minha mãe e Marcos, seu novo namorado, também médico. Eles eram um casal bonito e ele parecia gostar dela. Eu estava feliz, ela estava seguindo em frente após tantos anos. Esse cara é legal, tenta me fazer rir e até conseguiria se meu humor tivesse bom.

Era bom vê-la superando meu pai e todo o estrago que ele fez.

— Marcos tem uma filha. Olívia o nome dela. Queríamos que ela passasse um tempo aqui conosco. O que acha? – minha mãe sorriu, nervosa, esperando ansiosamente por uma resposta positiva

Eu não estragaria a empolgação deles. Não tinha esse direito.

— Isso seria ótimo. Seria legal ter uma amiga nova. – sorri, tentando parecer verdadeiramente animada

— Ok!Eu e Marcos vamos ao mercado. Vejo que só tem besteiras aqui, huh!?Já voltamos e você, pense bem se quer me contar o que aconteceu ou não. – Annie beijou minha testa

Suspirei e balancei a cabeça, concordando. Optaria por não contar nada. É capaz de minha mãe me expulsar do país se descobrir que eu estava transando/gostando de um líder de gangue, especificamente o Spooky.

Quando ouvi a porta bater, me joguei na cama e liguei a televisão. Coloquei no YouTube e logo Drugs you should try - Travis Scott começou a tocar. A batida era triste e me fazia querer chorar. Pensava que não havia mais lágrimas para expelir, mas, essa música provou o contrário.

Em poucos minutos, já chorava, abraçada em meu gato, que me fazia lembrar cada vez mais de Spooky. Porra, eu realmente estava começando a ficar mais irritada do que propriamente triste.

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Sequei meu rosto o mais rápido possível, tentando esconder vestígios de que havia chorado. Por fim, saí do quarto, indo ajudar Marcos e minha mãe à pegaram as compras. Peguei algumas bolsas e levei até a cozinha, preguiçosamente, já morrendo de vontade de voltar para o meu quarto e deitar, começando uma maratona de séries.

Quando voltei até a entrada da casa, fui interrompida em minha tarefa. Havia um carro estacionando em frente à minha casa e logo Cesar saiu de dentro do veículo.

— Oscar foi preso de novo, dessa vez por culpa do babaca do seu amiguinho playboy. Você precisa ajudar o Oscar, Gabriela. – Cesar praticamente ordenou, nervoso e eu arregalei os olhos

Merda!Brad era mesmo um filho da puta.

Soltei um longo suspiro, absorvendo suas palavras. Oscar estava precisando de minha ajuda, hm!?Depois de tudo o que ele fez comigo, depois de ter transado com a garota que só estava tentando me ferir?

Deixei que uma risada sarcástica, quase sem humor, saísse de meus lábios. Cruzei os braços, sorrindo de canto, quase presunçosa, antes de responder meu amigo.

— Nem fodendo, Cesar.

𝐊𝐞𝐞𝐩 𝐚𝐰𝐚𝐲 | 🦋 | 𝙾𝚜𝚌𝚊𝚛 𝙳𝚒𝚊𝚣 ʰᶦᵃᵗᵘˢWhere stories live. Discover now