Prólogo

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Em um futuro próximo. Terra.



Após tanto tempo vivendo sob as sombras do anonimato, ele decidiu erguer-se para concretizar seus planos. Em eras imemoriáveis, ele foi deixado de lado por Deus. Portanto, assim como Lúcifer, chamaria a atenção do Criador para si. E então Ele reconhecerá os erros do homem que abandonara, e então o perdoará.

O homem andou solitário por continentes inteiros até alcançar a Valáquia, uma região da atual Romênia. E foi lá, em meio à uma floresta densa e sombria, protegido entre montanhas rochosas, onde encontrou um castelo. Suas torres pontudas apontavas para um céu distante. Uma pequena muralha cercava o castelo, mas o homem entendia que era uma mera decoração. Seus anfitriões não precisavam de defesas contra humanos.

O intruso, no entanto, deixou de ser um há milênios.

Ao aproximar-se da muralha, bastou um chute para que os portões se escancarassem. Andou sobre um chão pedregoso até a porta do castelo. Alta, feita de madeira escura. Deu um soco na maçaneta, a partindo junto com a tranca. A porta se abriu. Ele adentrou a escuridão.

O castelo, em seu interior, era iluminado por lustres em seu distante teto. Enquanto andava sobre o tapete vermelho, vislumbrou que o caminho o levaria à um trono coberto por sombras. Em meio ao caminho, uma dúzia de grossas colunas sustentavam o topo do castelo. Às laterais eram repletas de portas levando aos demais cômodos. Tudo era sombrio, e de propósito. Aqueles que ali viviam podiam muito bem enxergar no escuro. E de fato apreciavam a escuridão. O intruso continuou andando até que pudesse vislumbrar melhor o trono, ao final do tapete, e sobre ele o monarca de toda uma raça amaldiçoada.

- Não faz ideia da tolice que está fazendo ao invadir meu castelo - disse o monarca.

- Está na hora do falso rei perder seu trono. - O intruso não parou de andar.

- Derrubou os portões... não é um homem comum, posso ver. - O rei permanecia tranquilo. Exibia uma postura relaxada e confiante. - Não acredito que tenha vindo por engano. Muito menos que seja um mero ladrão em busca de tesouros. Diz que pretende me tirar do trono, mas parece querer me enfrentar sozinho. Devo presumir que seja burro, ou louco. - Sorriu diante do intruso. - Ou os dois.

- Sou o mais antigo. - O intruso estava a poucos passos de distância. - O trono é meu por direito. E farei bom uso dele.

- Certo... então você é mesmo um louco. - O monarca ajeitou-se no trono. - Alucard! Este é seu.

Um jovem surgiu, saindo de uma das portas laterais do salão. Não possuía armas nem armadura. Tinha consigo apenas roupas leves e um olhar confiante.

- Quem é este, pai? - perguntou Alucard.

- Ainda não sei. E talvez não valha a pena saber.

- Certo.

Alucard, em um único salto, atravessou metros de distância em poucos segundos. Logo estava diante do invasor desferindo-lhe um chute que, no entanto, errou o alvo. O intruso demonstrou ser ainda mais rápido que seu agressor. Deu um giro tão rápido quanto o movimento de Alucard, esquivando-se do golpe e vendo a perna do agressor passar ao seu lado.

Antes que o jovem pudesse pôr os pés no chão, o homem o segurou firme com a mão esquerda em seu ombro e a direita em seu queixo. Em poucos segundos de esforço o invasor desprendeu a cabeça dos ombros, a removendo completamente.

Ele ergueu o rosto repleto de sangue e fitou o monarca dentro dos olhos. Sua expressão de confiança e sadismo agora ameaçava a estabilidade do rei. O corpo de Alucard caiu ajoelhado, e então tombou para o lado. Seu pescoço era uma enorme ferida aberta jorrando sangue sobre o chão. Quando sua cabeça terminou de rolar, seu rosto parou na direção do pai. E o monarca pôde ver a expressão de horror em seus olhos arregalados.

Por alguns segundos manteve-se paralisado diante do trono. Seus olhos arregalados quebraram a confiança em seu semblante. Seus ombros erguidos e encolhidos demonstravam medo diante de um inimigo capaz de destruir um membro de sua imortal família.

- Como ousa invadir meus domínios e matar meu filho...? - Abaixou a cabeça, evitando olhá-lo nos olhos. - Eu sou o primeiro vampiro a existir! - gritou, ainda cabisbaixo. - Sou o pai de todos os outros! - Ergueu a cabeça, olhando o intruso com olhar fulminante de ódio. - Fui amaldiçoado por Deus e pelos santos! - Ergueu-se do trono, trincando os dentes e cerrando os punhos. - Quem é você para desafiar minha autoridade real?

- Ó Drácula... - o homem riu diante do monarca. - Pensei que fosse mais esperto... que conhecesse melhor seu próprio povo.

- Quem é você? - Drácula se preparou como faz um lobo prestes ao ataque.

- EU sou o primeiro vampiro!

O invasor deu um salto semelhante ao de Alucard, atravessando metros em segundos. Atingiu Drácula com um soco no rosto, o desequilibrando. O monarca, por sua vez, revidou com um soco no estômago do invasor, antes de cambalear para trás até cair de volta no trono.

Tentou se erguer, mas foi atingido novamente. O intruso lhe desferiu mais um golpe, dessa vez uma joelhada em seu peito. Enquanto o vampiro permanecia atordoado, o invasor repetiu a joelhada, quebrando os ossos de seu peito. O monarca tentou reagir, mas a forte fisgada em seu peito o impediu de se levantar. Recurvou-se diante da dor jamais sentida antes.

Aproveitando-se do momento de fraqueza de seu oponente, o invasor segurou firme o ombro de Drácula com a mão esquerda, então segurou firme o queixo do inimigo com a mão direita.

- Saiba meu nome, Vlad. - O invasor apertou mais os dedos no corpo do vampiro. - Saiba o nome daquele que o matou! - Apertou ainda mais. Drácula tentou se desvencilhar, mas lhe faltaram forças. O invasor estava mais que pronto para o golpe fatal. - Antes de morrer, quero que ouça meu nome! - Viu a expressão de horror surgir na face de Drácula quando começou a fazer esforço nos braços. - Me chamo Caim!

A cabeça de Drácula rolou sobre o tapete de seu castelo.



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Estou de volta!


A primeira aventura extra de Evagrius está disponível! Serão seis capítulos, além deste prólogo. Acompanhe a jornada de Jennifer, a Caçadora de Monstros, e Evagrius, o Caçador de Pecados.


Deixe seu voto e um comentário! O que espera do encontro de Caim e Evagrius?


Até o próximo capítulo, abraços!

O Caçador de PecadosOnde histórias criam vida. Descubra agora