1 - A Peste Está Chegando

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Capítulo 1

A Peste Está Chegando



Idade Média. Em algum lugar da Europa.


Jennifer cozinhava uma sopa em sua casa, lembrando de como conquistou seu lar. Havia um certo "Demônio da Floresta", cujo qual a derrotou com facilidade. Ela, no entanto, queimou seu corpo e guardou seu pó. Não seria útil caso ela tivesse morrido. Mas foi salva por duas anjos e um santo.

Gregório, o santo que a protegeu, havia prometido que o tal demônio era na verdade um espírito do bem. Estava apenas confuso. Evagrius era o nome dele. Ela deu de ombros. Nunca tinha ouvido falar, e nem voltou a ouvir sobre ele desde então.

Graças ao pó, recolhido do corpo queimado, ela foi capaz de provar ao rei que derrotara o demônio, apesar de não ser a verdade. Mas não importava. Ela estava ficando cansada, e queria um lar para descansar. E o rei lhe deu um lar, sob a proteção dos guardas e da muralha que cercava o castelo.

Ali havia paz. Ela comprava as frutas e legumes no mercado próximo. Os ladrões viviam do lado de fora da muralha, ameaçando a vida dos desafortunados. Ela, no entanto, era protegida por guardas reais. Nada mal para quem arriscou a vida lutando contra inúmeros monstros por décadas.

Sua sopa estava quase pronta quando a paz fora perturbada.

Ela poderia tentar fugir do caos, mas ele iria atrás dela uma hora ou outra.

— Fechem os portões! — gritavam lá fora. — Fechem os portões agora!

Se antes ela só ouvia o vento, agora havia gritaria e passos apressados. Correu até a janela e viu através dela os soldados correndo pelas ruas apertadas e enlameadas. Gritavam ordens contínuas para que fechassem os portões da muralha imediatamente. O tom de urgência preocupava Jennifer. Ela deixou a panela fervendo e correu para fora de casa.

Correndo sobre a lama ela foi em direção a um dos guardas que conhecia.

— Ei, Marcos! — gritou. — O que está havendo?

— Ninguém entra, e ninguém sai! — ele respondeu, antes de continuar seu trajeto rumo à muralha.

— Ordens do rei... — ela imaginou.

Os outros dois portões já deviam estar fechados a essa altura. Jennifer suspeitava do motivo, mas preferiu ir pessoalmente falar com o rei para sanar suas dúvidas. Talvez a situação fosse pior do que imaginava.

Retornou para sua casa e então removeu a panela do fogo, deixando a lenha terminar de queimar sozinha. O aroma da sopa anunciava uma refeição deliciosa. Mas teria que esperar. A pressa dos soldados demonstrava um desespero vindo do rei. Ela precisava saber o que era.

Foi até seu quarto, onde pegou o manto negro que usa para cobrir as costas e sua cabeça. Então deixou sua casa, indo em direção ao castelo do rei.

As nuvens já tomavam o céu, tornando a tarde tão escura quanto a noite. As ruas, após toda a correria, estavam vazias. As marcas de pegadas fundas eram evidentes na lama. O vento frio soprava pelas costas da caçadora de monstros, como se estivesse a conduzindo para seu destino fatal.

Ao chegar na frente do castelo, os guardas a barraram com uma mão erguida e a outra no cabo da espada.

— O rei não receberá visitas hoje.

O Caçador de PecadosOnde histórias criam vida. Descubra agora