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Camila acordou num quarto com cortinas fechadas. Piscou os olhos para despertar e moveu a cabeça para tentar descobrir onde estava. Seu rosto tocou o algodão fresco da fronha do travesseiro e ela viu Lauren. Estava sentada a seu lado numa poltrona revestida com um tecido prateado. Ela a observava com uma intensidade atordoante, com os lábios comprimidos de preocupação. Apesar de não fazer nenhum movimento além de piscar, Camila se sentiu como se houvesse sido atingida por um tornado.

- Oi. - ela falou, sentindo a garganta seca. Ela devia ter levado seu corpo além dos limites, ela sempre se sentia como se tivesse sido atropelada por um caminhão quando fazia isso. Lauren pegou de cima do criado-mudo a jarra de vidro com água e encheu um copo até a boca. Depois a ajudou a se sentar, posicionando alguns travesseiros às suas costas antes de lhe entregar o copo. Ela aceitou com um sorriso de gratidão. Havia uma grossa bandagem feita com gaze em seu antebraço esquerdo. Debaixo dela, uma dor latejante. Ela bebeu toda a água do copo antes de devolvê-lo para Lauren. Ela pegou o telefone ao lado de Camila e apertou um botão, chamando o serviço de quarto. Elas estavam num hotel, percebeu. As janelas à direita da cama eram altíssimas, cobertas com cortinas azuis. Havia uma enorme sala de estar à sua frente, e uma aparelhagem moderníssima ao pé da cama. Considerando o tamanho e a opulência do quarto, além do piano que ela conseguia ver do outro lado da porta, elas deviam estar em...

- Las Vegas? - ela perguntou. Lauren acenou com a cabeça e pôs o telefone no gancho. Ela encheu o copo mais uma vez e o entregou a Camila. - Por quanto tempo eu fiquei apagada? 

- Estivemos em Hurricane antes de ontem. 

Uau. 

- Está todo mundo bem? - A sentinela a encarou. 

- Você foi a única com ferimentos graves. 

- Que bom. 

- Que bom uma ova. - grunhiu, e sua voz retumbou pelo quarto como um trovão, fazendo muitos objetos tremerem. - Eu falei para você manter distância.

Lá vamos nós. 

- Essa era a minha ideia também. Até aquela vampira do terraço apontar uma escopeta para você. Eu não podia ficar parada, só olhando. 

- E por que não, caralho? - Ela ficava muito sexy quando estava irritada. Nunca a havia visto demonstrar outra coisa além de autocontrole, mas naquele momento ela estava visivelmente furiosa. 

- Porque você estava precisando de ajuda. Estava todo mundo ocupado no meio da luta. Eu não podia correr o risco de ver você levando um tiro. 

- Eu poderia ter sobrevivido. 

- Você não tem como saber isso! Você mesma me disse que já teve suas baixas. Vocês não são indestrutíveis. Eu é que não ia ficar parada, vendo você morrer. - Se havia justiça neste mundo, ela jamais seria obrigada a ver outra pessoa de que gostava morrer na sua frente. 

- Então achou que era melhor eu ver você morrer? - Novamente... Aquela palavra não dita se infiltrou insidiosa e inexplicavelmente na mente de Camila. Ela franziu a testa e apertou a palma da mão contra a têmpora latejante. Lauren pegou o copo de sua outra mão, a mão que deveria estar fraca demais para segurá-lo, e se inclinou para beijar sua testa. A dor se foi como uma onda que se recolhe depois de atingir a praia. 

- Ah, se esse seu talento pudesse ser visto e engarrafado... - murmurou. 

Lembrando-se do movimento ninja ao estilo Matrix que tinha feito ao saltar sobre o vampiro, ela se assustou com a própria capacidade. Como foi que ela conseguiu fazer aquilo?

- Você ainda vai me deixar maluca. - Apesar de a voz dela parecer de novo suave como seda, sua turbulência interior ainda não tinha sido aplacada.

A Touch of CrimsonWhere stories live. Discover now