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Mesas para atender, avental e uma xícara de café na mão.

Essas palavras resumiam bem como estava sendo meu dia de hoje.

Pelo o que eu entendi, eu era responsável pela parte da limpeza e também cuidava dos pedidos dos clientes.

A lanchonete era pequena, nada muito grande. O que quer dizer que duas pessoas trabalhando já era mais que o suficiente.

O que me surpreendeu foi o fato de ter encontrado um homem como colega de trabalho e não uma mulher.

Não me lembro de ter perguntado sobre isso mas também não havia sido informada. De qualquer forma, o sujeito moreno de olhos castanhos não parecia nada contente com minha presença.

- Aqui está, o cappuccino quentinho que a senhora pediu. - sorrio ao colocar uma xícara a frente da senhora da mesa seis.

É claro que eu não tinha experiência alguma, na verdade eu era péssima. Porém estava dando meu melhor para dar tudo certo.

- Do que me chamou? - ela questiona e eu tento não entrar em desespero.

Meu Deus, o que eu fiz de errado?

- Perdão, o que disse?

- Perguntei do que me chamou - ela repete, em um tom mais alto agora - Eu que sou a velha e você que está surda? - O que? - não faça essa cara de desentendida, ou vai me dizer que não foi isso que pensou quando me chamou de "senhora"?

- O que? Não. Senhora... quero dizer, senhorita. Me perdoe, não quis te ofender e...

- Céus, vocês sempre caem como um patinho - ela ri - é claro que estou brincando com você menina. Percebi que era nova aqui e pensei, porque não?

- Ah...- solto um suspiro aliviado - a senhora me pegou, tenho que admitir. Já estava achando que seria despedida no primeiro dia. Imagine que desastre seria.

- De certo que sim. Por favor, sente - se comigo - ela pede - gostaria de conhecer a garçonete que me servirá todos os dias.

- Não sei se posso...

- Provavelmente não, mas quero uma companhia e você me parece ser a melhor opção - ela sorri e depois aponta para a cadeira a sua frente - Por favor, será rapidinho. Tenho certeza que o gerente nem irá perceber.

- Bom... Se isso deixar a senhora feliz, quem sou eu para recusar seu pedido?

《 》

Edward narrando:

Pelo o que me pareceu, Katherine deixou a filha sobre os cuidados de Andrew que aliás, esta dormindo como um anjinho agora.

Eu realmente não consegui entender como Katherine deixou uma criança sobre os cuidados de Andrew. Ele é meu amigo mas cai entre nós, o cara mal sabe cuidar de si mesmo, quem dirá de uma criança.

- Ei, você - ouço a pivetinha me chamar - Porque está parado na frente da porta do meu quarto? - ela questiona e eu olho para baixo para poder encara - la.

- Se a senhorita não sabe... - me agacho a sua frente - eu também moro aqui.

- Você mora aqui, não na frente do meu quarto. - ela retruca no mesmo tom e por um segundo fico pasmo.

Esse pinguinho de gente está mesmo me dando um fora ou estou ficando maluco?

- Cadê o tio Andrew?

- Está dormindo.

- Dormindo? Pensei que ele iria cuidar de mim, não você! - ela faz um bico maior que a boca e eu tento não dar risada quando respondo:

- Quem disse que vou cuidar de você pestinha?

- Se não vai, não tem porque ficar aqui! - ela mostra língua para mim antes de bater a porta na minha cara e de uma coisa eu tenho certeza, ela teve a quem puxar.

《 》

Katherine narrando:

Cinco minutos conversando com a senhora Jane foram o suficiente para saber tudo sobre ela e mais um pouco.

Como eu disse, seu nome era Jane, tinha sessenta e cinco anos e nenhum filho.

Viúva a dez anos e herdeira de uma herança milionária que a fez mudar de vida do dia pra noite.

Eu sei, parece que estou fazendo uma entrevista, mas não consegui evitar.

A história dela parecia com a minha e isso me deixou tão intrigada que acabei perdendo a noção do tempo.

- Bom, agora que eu já me abri com você e falei praticamente da minha vida toda, queria saber um pouco de você. O que você faz além de servir café em uma lanchonete Katherine?

Eu já estava prestes a responder quando ouvi o tal cara moreno chamar por mim e fui até ele que se matinha parado na frente do caixa.

Ótimo. Logo no primeiro dia e já levarei bronca.

- O que pensa que está fazendo? Ele pergunta assim que chego até ele - Seu trabalho aqui é servir e limpar mesas, não conversar com a senhora Jane.

O que? Como ele sabe o nome dela?

- Pela sua cara você deve estar se perguntando "como ele sabe o nome dela". Bom, eu repondo. Aquela senhora ali já foi responsável por mais de três demissões. Ela chega aqui, pede um cappuccino como quem não quer nada e depois pede pra você fazer "companhia" para ela o que resulta em desemprego. Então para o seu bem, vá até ela e fale que você está trabalhando e não em uma casa de repouso tomando o chá da tarde. - ele praticante cospe as palavras em minha cara antes de desaparecer na cozinha da lanchonete.

Meu Deus.

Que cara grosso!

Hoje definitivamente não é meu dia.

Depois de nós dois Onde as histórias ganham vida. Descobre agora