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Acordo com o barulho do celular tocando e me amaldiçou mentalmente por não ter o silenciado na noite passada.

Diferente de mim, Alicia não acorda.

E sim, eu dormi no quarto dela.

No chão pra ser mais exato.

A pestinha me fez ficar com a desculpa que tinha medo do escuro e bom, minha coluna sofreu as consequências disso.

O celular toca novamente e eu penso seriamente em arremessa - lo longe, até ver que era Andrew que me ligava.

Com toda preguiça do mundo, o atendo:

- Então a bela adormecida resolveu acordar...- ele nem espera eu dizer algo antes de começar a falar. Pelo seu tom de voz, posso jurar que está prestes a me dar uma lição de moral.

- Aconteceu alguma coisa a Katherine?

- Não. Ela está bem e vai ficar um tempo em observação... Não foi por isso que eu liguei.

- Aaaa, ja saquei. Você sentiu falta do seu melhor amigo e resolveu ligar não é? Se quiser eu dou uma gemidinha pra matar a saudade. Só não acostuma...

- Que? Não! Credo...- respondeu, incrédulo - Não sou a Kate e acho que ela não curte essas parada.

- Diz isso porque nunca transou com ela...

- Será que você pode parar de ser você só por um minuto e me escutar?

- Nossa, ta bom. Não precisa ficar irritadinho.

- Ok. Agora me ouve!

Reviro os olhos - fala logo.

- A empregada está de folga hoje. Eu a dispensei...

- Que? Porquê? - nem espero ele terminar de falar antes de interrompe - lo.

Logo hoje ele revolve dar um dia de folga para empregada? Só pode ser brincadeira.

- Fiz isso pra você poder cuidar da Alicia sozinho! Só assim você vai começar a agir como um pai de verdade... - Lembra quando eu falei que achava que ele ia me dar lição de moral? Então - Sei que você está me xingando mentalmente agora...

- Eu não tava, mas agora que você falou, estou pensamento seriamente.

- Estou falando sério, Edward. Um dia você vai me agradecer por isso.

- Só se for nos seus sonhos.

- Eu também te amo, cara.

- Ja percebeu que todas nossas conversas ao telefone termina assim?

- Deve ser porque o roteirista é preguiçoso.

- Ou o autor...

- Eu adoraria continuar especulando com você, mas a Kate acabou de acordar e precisa da minha ajuda.

- Mas...

- Tenta não botar fogo na casa ta? E vê se não traumatiza a pequena caso ela pergunte algo relacionado ao seu passado com a Kate.

- Acho meio tarde pra isso... - é a única coisa que consigo dizer antes dele desligar na minha cara.

- Vacilão...

- Você ta falando sozinho? - Ouço Alicia perguntar, e olho para ela.

- A quanto tempo você ta acordada?

- O suficiente pra ver você falando sozinho.

- Eu não estava falando sozinho! Não sou esquizofrênico.

- Oque é esquizofrênico?

- Nada que uma criança precise saber.

- Eu já vou fazer seis anos! - retrucou ela, fazendo bico.

- Quando fizer eu te digo.

- Sério? - Seus olhos enchem de esperança, enquanto um sorriso cresce em seus lábios. Mas ele logo se desfaz quando respondo:

- Não. Agora vai se arrumar, temos um lugar pra ir hoje.

- Que lugar?

- Digamos que hoje você vai conhecer o seu avô.

- Eu tenho um? - Ela pergunta toda esperançosa e eu faço que sim com a cabeça.

- Todos nós temos ou ja tivemos. E você vai conhecer o seu hoje.

- Sério mesmo?

- Sim. Agora vai logo, antes que eu mude de ideia. - Não precisou nem de falar duas vezes. Alicia ja tinha saído correndo em direção ao seu closet, o qual ela tirou um vestido vermelho cheio de bolinhas brancas com detalhes por todo ele.

Dava pra ver que ela o amava muito e que era um de seus preferidos.

Sei que é bem provável que ela não tenha a mesma recepção vindo do meu pai, mas eu tinha que tentar. Mesmo que ela se decepcione com ele como eu me decepcionei, ainda assim ela tinha o direito de saber quem era seu avô.

- Estou pronta! - a ouço dizer e automaticamente olho em sua direção.

Ela estava usando o mesmo vestido que eu havia acabado de descrever e calçava uma sapatilha da mesma cor.

Continuo a analisando enquanto penso se realmente estou fazendo a coisa certa...

E se ele for cruel com ela?

Não! Eu não deixaria.

Ele está morando debaixo do meu teto e se não aceitar minha filha, então eu não o aceitarei!

- Você vai continuar me encarando ou...

- Eu só queria dizer que pra uma pestinha de 5 anos, você até que ta apresentável... - brinco com ela, que me mostra língua.

- Só espero que sua mãe não me mate...

Depois de nós dois Onde as histórias ganham vida. Descobre agora