* 46 * (continuação)

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- A mamãe sempre começa com era uma vez. - Alicia me explicava sua rotina da noite enquanto eu atentamente tentava entender.

- Isso é fácil.

- Não mesmo. Não pense que irá me enrolar igual a última vez, hoje eu quero uma histórinha de verdade! - Ela fez bico, cruzando os braços a frente do peito e depois me olha com um olhar interrogativo - Nunca lhe contaram histórias antes de dormir?

- Nunca.

- Você deve ter sido uma criança triste. - murmurou - Imagina crescer sem saber quem foi branca de neve e os sete anões...

- Você não acha que está muito grandinha para ouvir "histórinhas" antes de dormir? - perguntei, fazendo aspas ao pronunciar a palavra "histórinha". Ela me encara incrédula e consigo ver em seus olhos castanhos que não está pra brincadeira.

Respiro fundo tentando me recordar de qualquer história idiota que possa ter ouvido, mas nada me vem a mente.

É Alicia... Você está certa. Eu fui uma criança muito triste.

- Você podia me contar a história de você e da mamãe. - Ela sugere em um tom de voz tão baixo, que mal consigo escuta - la - Podia começar falando como se conheceram...

- Não.

- Por que não? - A pequena questiona, mas não respondo.

Katherine me mataria se o fizesse.

Sem contar que Alicia é muito pequena... Tem certos momentos da nossa história que, se ela ouvisse sairia traumatizada.

Sorrio ao lembrar da parte +18 e só saio desse transe quando a ouço resmungar.

Ela vira para o outro lado da cama, ficando de costas para mim. Agarra sua coberta com força como se estivesse realmente chateada e depois susurra:

- Tudo bem então.

Droga.

Ela está chorando?

Porque caralhos eu tenho que ser tão boiolinha quando sinto que ela está mal com alguma coisa?

Se fosse a alguns meses atrás eu diria foda - se e sairia desse quarto, mas agora tudo que eu quero é fazer as vontades dessa menininha mandona e mimada.

- Tá bom. Eu conto. - Me dou por vencido.

Alicia se vira, seca seu rosto com suas mãozinhas e atentamente olha para mim. Ela parecia realmente estar interessada, mas eu tinha que garantir algumas coisas antes, como:

- Mas você vai ter que jurar que não vai contar isso para sua mãe. Você jura? - Estendo meu dedo mindinho para ela, sem me importar com o quão ridículo estou sendo. Afinal, só assim que as crianças guardam segredo. Não é?

- Eu juro. - Diz por fim, entrelaçando seu mindinho no meu.

Depois de nós dois Onde as histórias ganham vida. Descobre agora