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Thomas Maddson

Eu estava morto. Literalmente. Era domingo e eu estava atirado no sofá, a procura de alguma coisa interessante na TV. Depois de alguns minutos, percebi que quase nada ali prestava. Suspirei em frustração e olhei para o meu celular que estava na mesinha de centro em minha sala. Eu não tinha absolutamente nada pra fazer, provavelmente Angeline também não. Então poderíamos fazer nada juntos.

Peguei o celular na mesa e disquei um dos únicos números que eu lembrava. Depois de vários "bips" infinitos, finalmente ela atendeu:

— Oi, Thomas? — A voz de Angeline preencheu meus ouvidos. Ela estava ofegante, sua respiração continuou pesada enquanto me esperava responder.

— É, sou eu. Está tudo bem? — Arqueei uma sobrancelha, como se ela pudesse me ver.

— Ah, sim. — Ela coçou a garganta e pareceu afastar o celular, balbuciando algo que eu não entendi. — O que você quer? Sentiu saudades?

— Credo, não. Está sozinha? — Perguntei, suspeitando de que ela estaria com o idiota do namorado. Minhas suspeitas foram confirmadas quando ela respondeu "não". — Eu preciso que você venha aqui em casa. Eu estou entediado. — Resmunguei.

— Então você só precisa de mim quando está entediado? — Ela fingiu estar ofendida. — Vou pedir para Jake me deixar aí. Eu também estou meio entediada. — Ela sussurrou a última parte para que aparentemente só eu escutasse. Ri com sua resposta.

— Até daqui a pouco.

— Até, Tommy. — Ela desligou antes que eu pudesse a xingar pelo apelido ridículo.

Ótimo, meu domingo não seria tão ruim assim. Preparei pipoca doce com chocolate e depois de uns 30 minutos, a campainha tocou. Fui até a porta e a abri, me dando de cara com Angeline e seu namorado patético.

Precisei manter todo o meu autocontrole pra não revirar meus olhos e o mandar para a puta que pariu. Ultimamente Jake tem pisado na bola inúmeras vezes com Angie, mas ela simplesmente ignora suas atitudes. Respirei fundo e fingi um sorriso. Jake me olhou da cabeça aos pés como se estivesse me julgando antes de olhar para Angeline de novo.

— Vejo você depois. — Ela se despediu e entrou, fechando a porta atrás de si. — Você não consegue nem fingir que não o odeia?

— É que eu chamei você, não ele. — Fui até a cozinha em busca da pipoca doce com chocolate e voltei até a sala com um pote cheio delas. Me sentei no sofá e esperei até que ela fizesse o mesmo.

— Você é um idiota, Tommy. — Ela tentou soar brava, mas um pequeno sorriso se apoderou de seu rosto enquanto ela se assentava ao meu lado. Ela sabia bem que eu detestava aquee apelido, parecia nome de cachorro.

— Se me chamar disso mais uma vez eu juro que sufoco você com essas pipocas. — Minha expressão era totalmente séria, já a sua era totalmente o contrário da minha.

E foi assim que passamos o resto da tarde e da noite: implicando um com o outro ao invés de prestar atenção no filme que passava na tevê.

. . .

Já se passavam das oito da noite quando Angeline foi para casa. Tanto ela quanto eu precisávamos acordar cedo no dia seguinte, e seus pais a esperavam para o jantar. Minha mãe, Robert e Lívia - meu padrasto e minha irmã caçula - haviam saído para uma espécie de teatro infantil no centro da cidade e chegaram pouco depois que Angeline se foi.

Depois de ajudar Lívia a lavar seu rosto que há poucos minutos tinha uma gigante borboleta pintada, fui ao meu quarto na intenção de me jogar na cama e dormir, mas fui interrompido por duas batidas fracas na porta.

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