03

84 16 118
                                    

Thomas Maddson

Enquanto Angeline e eu andávamos até sua casa ela não disse absolutamente nada. Ela tinha uma fina linha de sangue escorrendo perto da orelha e suas pernas e algumas partes do braço também tinham sangue.

Quando chegamos, fomos até a cozinha e ela se sentou em uma das cadeiras que compunham a mesa. Observei o carpete molhado onde passamos e voltei meus olhos para Angeline. Ela parecia pensativa, e quando seus olhos encontraram os meus, ela os desviou imediatamente para algo atrás de mim.

— Tem uma caixa de primeiros socorros em cima daquele armário. – Ela quebrou o silêncio.

Pisquei algumas vezes antes de me virar e esticar o braço para pegar a caixa. Depois de pegá-la, me abaixei ficando um pouco mais baixo que Angie. Ela me olhou enquanto eu checava o que tinha na caixa e seus olhos desceram até meu braço direito.

— Você também se machucou. – Ela se preocupou ao me analisar. – Está sangrando...

Segui seu olhar e percebi que eu havia me machucado perto do cotovelo. Ardia, mas eu poderia esperar.

— Depois eu cuido disso. Você precisa tomar um banho antes. Você não vai poder molhar os curativos depois, e ainda corre o risco de pegar um resfriado. – Observei seu rosto, que estava um pouco sujo. Pude perceber a ponta de seu nariz adquirir um tom mais avermelhado que o comum.

— Mas e você? Você também pode ficar resfriado.. – Suspirei. Ela tinha razão, mas eu não poderia fazer nada. – Você pode tomar um banho também. Eu coloco suas roupas na secadora.

— Eu tomo banho em casa, Angie.

— Você acha mesmo que essa chuva vai parar daqui a pouco? – Abri a boca pra falar que eu já estava encharcado e se eu me molhasse mais um pouco não faria diferença alguma, mas ela foi mais rápida e me interrompeu.– E não pense que eu vou deixar você sair nessa chuva. Foi por causa dela que nos machucamos.

Ela se levantou, pegou a caixa de primeiros socorros e foi em direção a escada. Segui seus passos e quando alcançamos o corredor, andamos até o final dele e paramos. Angeline me olhou.

— Me espere aqui. Eu vou pegar uma toalha para você e outra para mim. – Franzi a testa, mas antes que eu pudesse perguntar por quê ela pegaria a toalha para nós dois, ela sumiu do meu campo de visão e voltou cerca de dois minutos depois. – Aqui está. Não demore muito, ok?

Ela me entregou um roupão e com a outra toalha começou a enxugar os cabelos. Enquanto entrava no banheiro quis me dar um soco pelos pensamentos impróprios há alguns segundos. Mas a verdade é que quando se tratava de Angeline esses pensamentos estavam ficando cada vez mais comuns, mesmo que fossem totalmente errados. Tentei afastar de minha mente tudo que envolvia Angeline - Falhando miseravelmente, é claro - e me concentrar em tomar um banho rápido.

Minutos depois eu saí do banheiro enrolado no roupão que Angie me entregara há alguns minutos, ela colocou as roupas molhadas na secadora e quando terminou de tomar seu banho desceu até a sala, onde eu a esperava para fazer os curativos. Eu já havia tratado meu machucado, então eu só precisava tratar os dela e ir para casa.

— Me desculpe por isso. Eu não sei onde estava com a cabeça em sugerir que corressemos na chuva. – Ela suspirou. – Não somos mais crianças para fazer isso.

— Não precisa se desculpar. Só olhe a rua antes de atravessar da próxima vez. – Passei o algodão com anti-inflamatório em um dos machucados em sua perna. Eles não sangravam mais, mas ainda tinham uma coloração bem avermelhada.

— Ai ai, já está bom! – Angeline resmungou quando repeti o processo em sua outra perna.

— Quando você checou a caixa, viu se havia algum remédio para dor de cabeça? – Ela questionou quando terminei de limpar os ferimentos dos seus braços.

The Unimaginable Where stories live. Discover now