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Angeline Campbell

Depois que Thomas me deixou em casa, fui para o meu quarto na esperança de que dormir faria com que eu esquecesse as partes ruins do meu dia.

Me enganei completamente. Não consegui dormir. Vez ou outra eu conseguia cochilar, mas a maior parte da noite eu passei acordada. Em um momento pensando no quanto eu fui ridícula em namorar alguém por conveniência e em outro momento pensando no quão mal eu me daria no teste que teria daqui a algumas horas. Quando eu finalmente consegui dormir, já eram mais ou menos 05:30. O relógio despertou às 06:05 me fazendo o amaldiçoar por me despertar de um sono tão confortável.

Me levantei, fui ao banheiro e tomei um banho frio para despertar. Enquanto tinha uma toalha enrolada na cabeça, passei hidratante corporal e vesti a primeira lingerie limpa que avistei, seguida pela saia preta, blusa branca com detalhes vermelhos e gravata que compunham meu uniforme. Eu detestava usar esse uniforme, mas essa era uma das regras que eu deveria seguir enquanto estudasse em Red River High School.

Depois de calçar meus sapatos e disfarçar algumas olheiras com um pouco de maquiagem, penteei minhas madeixas negras e as deixei secar naturalmente em cima de meus ombros enquanto descia as escadas. Comi um pequeno sanduíche e bebi um copo cheio de suco de morango como café da manhã, enquanto escutava meu pai reclamar do clima e de como ele detestava o fato de que havia esquecido seu guarda-chuva na empresa.

– Deve ter milhares iguais a ele no porão, pai. - Eu disse, depois de beber metade do meu suquinho.

– E provavelmente estão estragados. - Ele passou as mãos pelos cabelos, frustrado. - Bom, não posso ficar aqui lamentando. Preciso ir. - Ele beijou o topo da minha cabeça e deu um selinho em minha mãe, que estava preparando outro sanduíche, antes de sair.

Terminei meu café por volta das 07:25, lavei o que eu havia sujado e subi novamente para terminar de me aprontar. Saí de casa às 07:37, dando alguns passos até estar em frente a casa de Thomas. Ele estava encostado no cercado de seu jardim, uma mão estava entrelaçada aos pequenos dedinhos de Lívia - sua irmã - e a outra dedilhava algo em seu celular.

— Tom, a Angie tá aqui. — Lili puxou a bainha de sua blusa, fazendo-o levantar os olhos e guardar seu celular no bolso.

— Ah, oi. Eu já ia te ligar, está melhor? — Ele disse cautelosamente, me analisando.

— Sim. E você princesa? — Me dirigi à Lívia, que balançando a cabeça afirmativamente, entrelaçou sua mão na minha, soltando a de seu irmão.

O caminho até a escolinha onde Lili estudava foi preenchido por sua voz rouca. Thomas disse que ela estava assim porquê estava com a garganta dolorida e, por mais que a recomendação do pediatra era de que sua voz ficasse em repouso, nada a fez parar de contar todos os sonhos que ela teve na semana. Depois de nos despedimos de Lívia, demoramos uns dez minutos até chegar a escola.

— Ansiosa para os testes? — Thomas quebrou o silêncio quando atravessamos as grandes portas, dando de cara com centenas de adolescentes cheios de hormônios. Franzi a testa, tentando me lembrar de algum teste do qual eu participaria. — Os testes para as River Ladies. Se esqueceu?

Ai. Meu. Deus.

Cobri minha boca em sinal de desespero. Eu havia me esquecido completamente! Lisa me comeria viva assim que seus olhos me encontrassem. Thomas ria como se assistisse à um stand-up e a probabilidade de os testes já terem começado me apavorou mais ainda. Pra se ter uma ideia, eu nem havia trocado de roupa.

— Eu preciso da sua ajuda, agora. — Peguei Thomas pelo pulso e saí o arrastando até o campo, onde aconteceria o teste. Ele relutou a princípio, mas por fim me seguiu calado. Atravessamos uma porta larga que dava acesso ao vestiário masculino e feminino, e um pouco mais a frente estava o campo.

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