Capítulo V - Calmaria

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Jihyo andava sobre a praça pensando sobre o que fazer. Tinha ficado aliviada que Nayeon estava bem, mas ainda tinha seus próprios problemas. Sua ansiedade parecia querer corroer cada vez mais.
Andava no meio do lugar, vendo as árvores e algumas crianças dispersas, algumas brincando e outras comendo. Olhou em volta vendo uma menina sentada em um banco, ela parecia ser mais nova e estava fumando alguma coisa. Por algum impulso acabou se aproximando e sentando ao lado.

-Não é muito nova para fumar? - Perguntou, na maior cara de pau. Queria conversar, não importa como.

-Não é muito velha pra se intrometer na vida alheia? - A menina respondeu, olhando para o lado. -Sou mais velha que pareço, acredite.

-Pelo menos não tenho meus pulmões estragados. - Retrucou, sentindo o olhar da menina virar para si.

-E pelo menos eu não irrito as pessoas com coisas desnecessárias. - Jihyo riu, tinha conseguido uma pessoa com a língua afiada, pelo jeito.

-Você parece ser legal... - A mais velha disse, estendendo a mão. -Park Jihyo, prazer.

-Você gosta de ser retrucada? Isso é no mínimo estranho. - Abaixou o olhar vendo sua mão estendida. Apertou a mesma, por puro gesto de educação. -Chou Tzuyu.

-Por que fuma sabendo que faz mal? - Tzuyu levantou seu olhar novamente. Parecia que estava pensativa sobre o que responder.

-Perder os meus pulmões não vai ser a pior coisa que aconteceu comigo. Porém, chegou um ponto que apenas não me importo. Parece que todos me deixaram de lado, então por que me importar? - Jihyo ouviu aquilo com uma certa tristeza dentro de si, Tzuyu parecia ser uma pessoa interessante. Por que tinha sido, em suas palavras, "deixada de lado"?

-Você deveria parar de pensar tanto nos outros, ninguém vai ter amar mais do que você mesma. Pensar em você mesma não é ser egoísta, é ser... sensata. - Jihyo falava em uma forma simplista, resumindo tudo e ao mesmo tempo falando o que Tzuyu precisava ouvir. -Talvez assim, e parando de fumar, você reconquiste as pessoas que te deixaram, ou arruma novas.

-Você é psicóloga? - Chou disse, recebendo uma risada doce em resposta. Era o que ela precisava ouvir, no exato momento.

-Digamos que pretendo ser. Mas obrigada por ter reconhecido meu talento como psicóloga. - Jihyo disse, vendo Tzuyu apagar seu cigarro e jogar no lixo do lado.

-Ser psicóloga deve ser legal, uma profissão isenta de reclamações. - A mais velha olhou para Tzuyu com certa dúvida.

-O que quer dizer com isso?

-Psicólogos tendem a não ter dificuldades financeiras, ninguém vai querer se afastar, além de poder falar coisas sem sentidos. - Jihyo cruzou os braços, ainda tentando entender. A mais nova suspirou, virou para ela e tentou montar uma lógica rápida. -Supondo que você se torne uma professora. Mesmo você estudando para aquilo, vai ser julgada como dura demais ou muito mole. Incompetente ou incapaz. Pais irritantes e alunos piores. Quando você é psicólogo, raramente isso acontece. Você ta sendo pago para abrir caminhos e ajudar pacientes, e quanto mais falar, mais a pessoa vai querer voltar com você.

-Isso parece tão errado e ao mesmo tempo muito certo. Você ja fez terapia? - Jihyo disse, enquanto continuava entender a lógica de Tzuyu.

-Uma vez, não deu muito certo. Não consegui me adaptar ao fato de que tenho problemas. - Colocou as mãos no bolso do casaco, começando a sentir frio. Estava ficando de noite.

-Eu adoraria sair com você. Parece que suas conversas são bem doidas. É efeito disso que você usa? - Tzuyu riu. Isso fez Jihyo sorrir também. Viu aquela menina parecendo no fundo do poço. -Que tal passar seu número? Nós podemos sair.

Eu prometo, Nayeon - 2YEONDonde viven las historias. Descúbrelo ahora