VI

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𝗧𝗮𝗹𝗸𝗶𝗻𝗴

𝗧𝗮𝗹𝗸𝗶𝗻𝗴

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Bakugo e eu caminhavamos em silêncio, parte disso porque minha boca estava cheia de caramelos.

Oi — ouço Bakugo chamar — Como você sabe? — pergunta, me fazendo franzir o cenho.

CoMu eU sEI? — repito, com a boca cheia.

— Não fala de boca cheia, inferno. — reclama.

Pauso e engulo os caramelos, com um pouco de dificuldade.

— Como eu sei o que? — perguntei.

— Meus olhos. — explica.

— Ah… agora eu também enxergo o vermelho. — respondo com um sorriso animado.

— Agora? — repete.

— Sim, sim. Um pouco antes de eu elogiar seus olhos foi quando comecei.

— Então… amarelo ontem ao me encontrar e vermelho hoje, também ao me encontrar. — comenta, suspeito.

— Realmente, que estranho… — respondo, desviando o olhar. Deveria contar a ele sobre isso de Soulmate?

Bakugo fez um barulho em resposta, mas pude ver que ele não estava nada convencido. Não é como se eu não quisesse contar a verdade a ele mas… Como eu poderia contar? "Ah, nada demais. Você é meu Soulmate, minha alma gêmea e, por isso, eu enxergo uma nova cor toda vez que causo algum sentimento em você. A propósito, quer ir tomar um sorvete?"

Oi! Garota Estranha! Onde diabos você pensa que 'tá indo?! — Bakugo pergunta — A entrada é aqui!

Paro e o encontro a alguns passos de mim. Estava tão perdida em meus pensamentos que nem reparei que já havíamos chegado. Entramos no parque, indo em direção a um banco para se sentar.

— Como você pode comer isso? — pergunto, ao vê-lo desembalar a barra de chocolate.

— Com a boca. — respondeu, sem tirar os olhos da barra.

— Grosso. — resmungo.

— Foi o que ela disse. — fala, para logo comer um pedaço da barra.

— Para de me refutaaaaar~ — ignorando a quentura em minhas bochechas, falei — Garoto Caramelo… — chamo, reparando em algo — Por que você não está mais cheirando a caramelo?

Bakugo me encara por alguns segundos, e então revira os olhos, come mais um pedaço da barra e estende a mão livre em minha direção, criando pequenas explosões.

— Pera aí, meu patrão! Alto lá! Foi só uma pergunta. — me apresso em dizer.

— Você realmente é idiota. — diz — Meu quirk, explosão — cessa as explosões em sua mão — é a ativação da nitroglicerina contida em meu suor. Nitroglicerina é um componente químico explosivo. Suas moléculas são instáveis, quebram facilmente. As moléculas formadas por nitrogênio se repelem por suas cargas elétricas. A repulsão provoca a quebra, que gera energia, basicamente, uma explosão. — termina, me fazendo encarar sem expressão.

— Não entendi, mas compreendo. — falo, o vendo revirar os olhos novamente.

Revira mais uma vez que eles desconectam e caem.

— Nitroglicerina tem cheiro de açúcar queimado, também associado a caramelo.

— Então seu suor tem cheiro de caramelo! — exclamo, surpresa.

— O suor nas minha mãos tem esse cheiro infernal. — fala, com raiva.

Primeiro não entendi o motivo da raiva, mas depois percebi. Para alguém como Bakugo, ter que sentir cheiro de caramelo o dia todo e saber que vem de si mesmo, deve irritar.

— E por que eu não 'tô sentindo o cheiro?

— Creme inibidor de cheiro. — fala, colocando outro pedaço de chocolate na boca.

— Creme inibidor de cheiro? Tem de tudo hoje em dia… — digo, impressionada.

— Meus velhos conhecem uns donos de uma empresa de cosmético. Eles pediram esse favor.

— Seus pais conhecem donos de uma empresa de cosméticos? Como?

Confesso, estava curiosa para saber mais.

— Os velhos trabalham com moda. — deu de ombros.

Espera, é o que?!

— Com moda?! Espera! Sério?! 'Tá brincando! Meu Deus! Volta a fita! — falo, rapidamente — Seus pais trabalham com moda, ok. Isso quer dizer que você conhece famosos? — pergunto, colocando mais caramelos na boca.

— Alguns. — abre a segunda barra.

— Eu ainda vou conhecer seus pais, escreve o que eu 'tô te falando. — digo, decidida.

— Nem por um caralh-

— Epa! Olha a baixaria! — interrompo.

— Você acha que isso — dá ênfase — é baixaria? — termina com um sorriso provocativo.

— Tenho medo do que você vai dizer dependendo da minha resposta, então essa eu deixo em branco. — falo, desembrulhando outro caramelo.

— Medrosa.

— O herói aqui é você, não eu. Deixo a coragem toda com você. — me defendo.

Um silêncio se instalou, o que me fez pensar no que podia falar.

— Meus olhos são amarelos. — falo a primeira coisa que me vêem da mente, vendo o outro me encarar estranho — Eu reparei quando passei pelo espelho. São uma espécie de amarelo. — completo.

— E daí?

— Sei lá, não tenho assunto. — dou de ombros — Que invasão foi essa que falaram? A da UA.

— Um repórter idiota resolveu invadir a escola porque soube que o All Might dava aula lá. — me explica, amassando a embalagem da barra.

— Você tem aulas com o All Might?! — exclamo — Como ele é como professor?

— Uma merda. — responde.

Arregalei os olhos, para logo franzir o cenho.

— Ele parece que não tem ideia de como ser professor. — continua — E também parece não saber como falar com alunos. — completa.

— Nem o Número 1 é o número um em tudo, é?

— E eu vou superá-lo. — fala, confiante.

— Então treina, treina muito. — falo, tentando o encorajar.

O outro não falou nada, apenas sorriu de lado. Depois disso, conversamos por mais um tempo, até que tivemos que ir embora. Aparentemente, era o horário de treino do Bakugo e eu… Bom, eu não tinha nada para fazer, mas também não iria ficar sozinha na rua.

Quando Bakugo já estava de costas e andando, me despedi.

— Até, Garoto Caramelo! — falo, e o outro apenas levanta uma das mãos.

Amarelo e vermelho… Será que um dia eu vejo um arco-íris?

𝐂𝐚𝐫𝐚𝐦𝐞𝐥 𝐁𝐨𝐲| 𝓚. 𝓑𝓪𝓴𝓾𝓰𝓸Where stories live. Discover now