A Sucessora Perdida • Livro 1

- Capítulo 22 -

Greenville - 09/04/2019

O próximo ato de Ethan me deixou um tanto constrangida, mas com uma boa sensação dentro do meu peito. Ele encostou seus lábios quentes e macios aos meus, me passando uma sensação de segurança, mas nada mais que isso. Foi um beijo rápido, mas talvez tenha tido muitos significados...significados esses que não sei quais são.

__ A mãe dele vai mandar notícias, é melhor entrarmos e ficar perto do celular da tia dele. - ele sorriu de lado.

Caminhamos em silêncio para dentro da casa, encontrando duas mulheres e a criança sentados no sofá, enquanto Pietra e Larry estavam em cadeiras no canto do cômodo. Suspirei e sentei perto deles, tentando não manter contato visual com nenhum. Tudo o que eu menos quero é relembrar o que aconteceu minutos atrás, e com certeza algum deles teria uma pergunta.

__ Ainda vai rolar a pizza hoje? - tudo bem, essa não era a pergunta que eu esperava.

__ Vai se ferrar, Larry! - mostro o dedo do meio para ele.

Larry dá de ombros e volta a enfiar a cara no celular. Sinceramente, não entendi o motivo de Larry e Pietra estarem aqui, levando em conta que os mais próximos dele sempre foi Ethan e eu. Mas eu não vou me preocupar com isso, afinal não é da minha conta.

Já haviam se passado duas horas, e o silêncio instalado na sala ficava cada vez mais apreensivo e entediante. Pietra já estava dormindo no colo de Larry, que dormia encostado na parede.
Ethan estava ao meu lado, sempre acariciando minha mão e tentando me animar com alguma piada boba, o que realmente não funcionou.

Fomos tirados de nossos pensamentos desgastantes com o toque de um celular. A mulher de cabelos ruivos pegou seu celular em mãos e o atendeu com agilidade, fazendo com que levantássemos e caminhássemos  para perto dela.

__ Sim, ainda estão todos aqui [...] Graças a Deus! Quando ele terá alta? [...] Tudo bem, vou pedir para eles irem descansar [...] Tudo bem, uma pra você e uma pra ele, entendi. Até logo! - ela desligou o celular e nos encarou com um sorriso de alívio - Podem ir descansar, ele está bem. Ficou apenas com alguns hematomas no pescoço, mas graças à Ammy, ele não quebrou nenhuma vértebra, e nem o pescoço. - ela caminhou até mim e me abraçou forte. - Obrigada querida, você fez o que não tivemos coragem.

__ Eu entendi essa parte. Ainda bem que me chamaram, caso contrário vocês teriam deixado ele morrer naquele quarto, podendo fazer diversas coisas para ajudá-lo. - sai de seu abraço - Quando ele terá alta?

A mulher abaixou a cabeça, provavelmente com vergonha. Eu não me importo de dizer a verdade, muito menos de parecer rude por isso. Eles não estavam ligando, iriam deixar que Lucas se matasse naquele maldito quarto e depois arrombariam a porta para recolher o corpo, sendo que poderiam ter feito isso enquanto ele ainda estava em vida.

__ Amanhã pela manhã. - sua voz saiu em um sussurro.

__ Então volto aqui amanhã. - virei-me para meus amigos - Vamos pessoal?

Pietra e Larry, que agora estavam acordados, levantaram e saíram rapidamente do lugar, tudo estava tenso demais para o casal good vibes. Os segui com a cabeça erguida, não poderia deixar nenhum sinal de fraqueza ser notado, não para aquelas pessoas.
Pensei que Ethan também nos seguiria imediatamente, mas ele parou de frente para a mulher e falou alguma coisa com ela, dando um abraço na mesma em seguida. Provavelmente estava tentando reparar minhas palavras que, para ele, foi um tremendo erro. Dane-se!

Fui convidada para ir no carro com os mesmos, mas eu precisava espairecer a mente, e nada melhor que andar nessas ruas escuras, frias e desertas em uma bicicleta rosa e enferrujada.

Porém meus planos de espairecer a mente foram por água à baixo, já que minutos depois um carro colocou-se ao meu lado, fazendo-me soltar uma bafulada de ar. Eu tentava a todo momento ignorar que um carro estava me seguindo, e que minutos atrás eu beijei o motorista, mas estava começando a ficar difícil.

__ Entra no carro, Ammy! Ai fora tá frio. - disse o cara que estava sem camisa.

Mas eu não mandava mais em minhas próprias ações, naquela noite eu só queria viver o máximo possível. Abri a porta traseira do carro e enfiei a pequena bicicleta lá dentro, fechando e entrando no lado do motorista em seguida. Sentei em seu colo com uma perna de cada lado, e logo ataquei seus lábios macios. Ethan desligou o carro e fechou os vidros, levando suas mãos até minha bunda e apalpando-a.

__ Tem certeza? - sua voz estava ofegante.

__ Cala a boca!

Retirei minha blusa, meu short e meu sutiã. Ethan segurou um dos meus seios enquanto me beijava.

Eu não sei bem o que senti naquele momento, mas não foi nada de muito especial. Eu só queria saciar um fogo, saciar minha frustação, e digamos que Ethan apareceu no momento exato. Mas depois, tudo voltou ao normal. Nada mudou, e isso só me deixou mais frustada ainda.

Coloquei a bicicleta para fora do carro e levei a mesma para dentro da garagem, sendo seguida o tempo todo por Ethan.

__ E então, como ficamos? - colocou as mãos em seu bolso e pendeu seu corpo para frente e para trás, em um movimento contínuo.

__ Não ficamos! - tranquei o portão - Não sei você Ethan, mas eu já fiz sexo por fazer, e hoje foi mais uma das vezes. - Ethan assentiu e mordeu o lábio inferior.

__ Tudo bem. - sorriu de lado - Até mais.

E sem mais nem menos, deu as costas e entrou no seu carro.
Suspirei e entrei em casa, encontrando toda a família reunida no sofá - e isso inclui Larry.
Mamãe me abraçou assim que entrei, e eu desejei imediatamente avisá-la que aquilo poderia ser nojento, levando em conta todo o meu suor e os resquícios de líquido pós-prazer em meus braços e pernas.

__ Como ele está? - ela segurou firme em meus ombros e encarou meus olhos.

__ Está bem. - abri meu melhor sorriso - Irei tomar banho.

Ela assentiu e beijou minha testa, voltando a sentar-se no sofá. Subi as escadas com velocidade, precisava urgentemente tirar Ethan de mim. Larguei minhas roupas no chão do quarto e entrei no banheiro, enfiando-me debaixo do chuveiro. A água extremamente gélida fez meus meus músculos tensionaram de uma maneira boa. Era consideravelmente relaxante.

Passei o sabonete delicadamente no meu pescoço marcado e lavei meus cabelos desgrenhados. Ethan não é bom só como amigo, mas isso é uma coisa que vocês nunca poderão provar para saber se é verdade ou não, então é melhor confiar em minha palavra.

Sem vestir ao menos um pijama, jogo-me em minha cama e fecho os olhos, torcendo para que o sono vinhesse logo. A imagem de Lucas pendurado naquela corda vinha constantemente em minha mente, mas eu precisaria esquecer aquilo logo, afinal ele sobreviveu, e já está tudo bem.

Capítulo não revisado