- Capítulo 36 -

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Greenville - 19/04/2019

Fui acordada com alguém me sacudindo de leve. Era ele e, acredite, tive vontade de acordar assim todas as manhãs. Até que não seria tão ruim, seus olhos azuis me hipnotizam, não haveriam dias ruins para mim.

__ Bom dia! - sussurrei.

Bellamy lançou um olhar significativo para o lado, me fazendo olhar também.
Lá estavam todos os meus amigos, uns com uma face de espanto e outros - só um mesmo, e era Ethan - com a cara emburrada. Eles pareciam ter acabado de chegar ali, já que ainda tinham as reações em seus rostos paralisados.

Ethan passou por nós com os braços cruzados e saiu da casa, sem fazer cerimônias para bater a porta. Bufei e levantei.

__ Preparem-se, sairemos em dez minutos. - Bellamy alertou - Acho melhor você ir falar com ele. - assenti.

Sai da casa em busca do surtado lá. O que eu não faço para manter a amizade com aquele ser lindo, hein? Não foi muito difícil encontrar Ethan, ele estava sentado nos mesmos degraus que Bellamy costuma sentar.

Sentei ao seu lado e coloquei meu braço ao redor de seu pescoço. Ethan revirou os olhos e voltou ao encarar o nada.

__ O que deu em você, Ethan? - perguntei enquanto analisava os ferimentos do seu rosto.

__ Não, a pergunta é: o que deu em você, Ammy? Ficando com um cara que conheceu ontem?

__ Eu não o conheci ontem, e mesmo se tivesse sido, e daí? Você não fica com garotas na balada que nunca tinha visto na  vida? - Ethan bufou. - Como está seu olho?

__ Normal. - deu de ombros.

__ Está bem. - levantei - Arrume-se, meu zangão predileto, partiremos em poucos minutos.

Deixei Ethan e sua grosseria lá, e voltei para dentro, certificando-me de que não tinha deixado nada. Por incrível que pareça, eu estou sentindo falta de alguma coisa.
Ethan está lá fora, Bellamy e os outros estão aqui comigo, então...PUTA QUE PARIU, MEU CELULAR!

Corri feito uma louca para o porão, talvez Jason e seus amigos malucos tivessem deixado eles lá. Mas e se...e se os dois que eu deixei fugir tiverem levado meu pobre celularzinho? E por que eu sou a única que tô surtando por ter perdido meu celular?

Vasculhei todo o local e não encontrei absolutamente nada, então fiz a única coisa que me restava: chorar.
Cai de joelhos no chão e soltei um grito de frustação, acompanhado por as dezenas de lágrimas.

__ Nós passamos tantos momentos bons juntos. - joguei-me no chão. Drama? Um pouco. - Se depender de mamãe, eu só terei outro quando começar a trabalhar. - rolei para o lado.

Já não bastava ter matado meu pai - Deus, para que fui lembrar? -, ainda vou ter a perda do meu celular para lamentar? Merda!

Levantei daquele chão frio e empoeirado, e me recompus, subindo para cima novamente. Todos devem ter ouvido meus gritos, já que estavam juntos quase que em cima do alçapão.

__ O que aconteceu? - Pietra falou com a voz estranha, como se estivesse prendendo o riso.

__ Meu celular já era! O de vocês também, mas parece que são ricos o suficiente para não se importarem. - bufei.

__ Relaxa prima. - ela tirou algo do seu bolso. - Bel achou eles no bolso do...seu pai. - ela me lançou o celular.

__ Bel? - perguntei enquanto agradecia aos céus mentalmente por meu celular voltar para mim.

__ Abreviação para Bellamy, o nome dele é muito comprido. - deu de ombros.

Fiz cara de nojinho e passei por eles, exaltando o meu belo celular.
Guardei ele no bolso e fui para perto da moto, subindo na mesma. Teríamos que ir de pé, já que não tem moto para todo mundo, então tenho que aproveitar os últimos segundos nessa belezinha.

__ Ô Ethan, tira aqui uma foto minha? - estendi o celular para ele, que caminhou com tédio até mim.

Nós estamos correndo risco de vida e eu tirando foto, parece até que eu desisti de tudo, sério.
Deixei a moto lá e me aproximei dos outros, que já começavam a seguir Bellamy pelas árvores.
Eu espero não morrer de sede até lá, já fazem mais de vinte e quatro horas que eu bebi água, as coisas não estão fáceis.

Eu me perderia facilmente nessa floresta, acho que nem a memória mais fotográfica do mundo seria capaz de guardar todos os seus detalhes passando pela mesma somente uma vez. Afinal ela é toda igual, as árvores são da mesma cor, o chão é do mesmo jeito, absolutamente tudo é igual. Bellamy me surpreende todos os dias, ele parece conhecer cada pedra desse lugar.

Já haviam se passado uma ou duas horas de caminhada, estávamos todos cansados, mas Bellamy não queria parar de andar. Pietra já estava sendo praticamente carregada por Larry, estava claro que nós não passávamos de sedentários.

__ Bellamy, dá uma paradinha aí, por favor. - Pietra pediu.

__ Não podemos. - falou com os olhos vibrados no caminho que ele mesmo criava.

__ Bellamy, é sério. - dessa vez fui eu quem reclamei - Não sei você, mas nós não somos atletas.

Bellamy suspirou fundo e parou, sentando debaixo de uma árvore. Pietra soltou um suspiro de alívio e se jogou no chão, quase derrubando Larry consigo.

Sentei também, me encostando na primeira árvore que encontrei. Minha garganta está extremamente seca, causando uma leve irritação. Ainda era manhã, mas o sol já estava rachando, dificultando toda a nossa trajetória.

Não passamos nem dois minutos descansando e Bellamy já levantou, nos chamando para continuar. Bem, ele conhece a floresta e todos os seus perigos, sou apenas uma leiga nisso, então tudo que fiz foi aceitar numa boa e continuar caminhando.

O engraçado é que todos pareciam estar nervosos, já que não davam um pio sequer.
Eu pude abrir meu melhor sorriso quando vi o calçamento acabado de Greenville, finalmente estávamos em casa.
Lucas saiu correndo sem olhar para trás, Ethan e Larry o seguiram também.

__ Muito obrigada! - segurei a mão de Bellamy - Quando nos veremos novamente?

__ Eu irei até você, não se preocupe. - assenti e beijei seu rosto.

__ Valeu, Bel! - Pietra tentou fazer um toque com ele, mas o mesmo ficou confuso e fez uma careta.

Comecei a gargalhar e logo puxei Pietra dali, tudo o que eu queria era chegar em casa e abraçar minha mãe.
Pietra colocou o braço ao redor do meu pescoço, me puxando para perto de si.

__ Sinto muito por seu pai.

__ Não vamos falar disso agora, tudo bem? - ela assentiu.

Paramos em frente de casa e nos perguntamos se entraríamos ou não. Claro que teríamos que entrar, mas tínhamos de dar uma desculpa convincente para mamãe e vovó, era isso ou...contar a verdade. E, sinceramente, contar a verdade me parece a maneira mais correta de agir.

Batemos na porta e ela foi imediatamente aberta. Pareciam até que estavam esperando no pé da porta. Era vovó, e ao nos ver, agarrou em nossos pescoços, dando-nos um super abraço.

__ Vocês estão bem? - ela nos olhou de cima à baixo.

__ Sim, vovó. - Pietra respondeu. - Podemos entrar agora? Preciso de um banho.

Ele nos deu espaço e nós entramos rapidamente. Era revigorante sentir o cheiro da minha casa, me sentia segura aqui. Encontrei mamãe descendo as escadas em uma velocidade absurda, se não estivéssemos nessa situação, eu brigaria com ela.
Ao me ver, ela abre um sorri ladino e corre até mim, me envolvendo em um abraço de urso.

__ Ammy Lucena da Silva, onde você estava?

__ Depois Pietra e eu iremos explicar tudo, agora eu preciso de um banho. - dei um beijo em sua bochecha e passei por ela, subindo as escadas praticamente correndo.

Entrei em meu quarto e relaxei meus músculos. Como é bom estar em casa. Joguei minhas roupas no cesto e entrei no chuveiro, colocando a água na temperatura quente.

Uau! Parecia que fazia um ano que eu tinha tomado um banho.

Finalmente livres. Eu estou chorando com o surto de Ethan, não sei o que eu faria na situação de Ammy✊🏾😔. Bem, nem preciso saber mesmo, não tenho nem UM cara sequer que goste de mim, imagine dois. Foda né nega.
#RipR.R

A Sucessora Perdida • Livro 1Donde viven las historias. Descúbrelo ahora