- Capítulo 33 -

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Greenville - 18/04/2019

Os três estavam na parte de trás da casa, sentados em uma roda e rabiscando o chão com um galho pequeno. Eles estavam fazendo um plano, e pelo pouco que ouvi, era um plano completamente inútil.

Sentei ao lado deles e chamei a atenção dos mesmos. Nem sei como mudarei a cabeça desses três sem contar-lhes das circunstâncias...talvez eu precise contar. Quem sabe assim eles deixam a idéia de ser revoltosos de lado.

__ Ethan, me escute, não podemos ir hoje.

__ Sim, nós podemos.

Simplesmente me ignoraram e voltaram a rabiscar o chão, enquanto Ethan continuava a falar o plano. Suspirei três vezes antes de continuar, não tem jeito, tenho que abrir os olhos deles da pior forma: contando a fodida verdade.

__ Não podemos Ethan, porque aqueles desgraçados que invadiram nosso acampamento estão acasalando por aí, podemos encontrar com eles em qualquer lugar. - finalmente eles me deram toda a sua atenção - Não vão querer ver um em suas frentes novamente, não é?

__ Quem te falou isso? Seu amiguinho herói? - Ethan bufou em ironia.

__ Sim, foi ele sim. E acredite, se não obedecê-lo, vai morrer da forma mais terrível possível nessa floresta. Sem ele, somos completos idiotas nessa floresta, não passamos de pedaços de carne à deriva. - levantei e sai de lá.

Sempre tem os revoltosos, não é possível. E eu não queria amedrontá-los, o que disse é uma completa verdade. Bellamy era nossa única esperança, mas se ninguém levasse ele à sério, as coisas podiam sair do controle.

Eu não o encontrei em lugar nenhum, tive até medo dele ter ido embora, mas vi uma pequena quantidade de madeira no chão, então provavelmente ele está pegando galhos para acender uma fogueira.
Entro na casa e me deparo com uma cena... assustadoramente frustante.

Como diabos eu tinha esquecido do homem que ainda estava no porão? Deveria ter lembrado antes, pois agora ele estava com a arma na cabeça de meus amigos, que estavam encolhidos no canto.
Ele apontou a arma para mim, e eu levantei os braços em rendição.

__ Deveria ter me matado quando pôde. - ele faz um sinal com a arma para eu me juntar com os outros.

Caminhei lentamente e me abaixei ao lado de Lucas, verificando se ele estava bem.
O homem andou até Jason, que estava deitado no chão. Ele tocou nele, mas ainda sim apontava a arma para nós.

__ Morto! - arregalei os olhos - Vocês o mataram. Assassinos!

__ Papai. - sussurrei.

Não, eu não o considerava meu pai, mas eu o matei! Sim, eu o matei! Eu dei os tiros, eu o deixei sozinho...Deus, eu matei um homem. E nem foi qualquer homem, eu derramei meu próprio sangue.

Uma lágrima quente escorre por meu rosto, mamãe nunca me perdoaria. Eu não me preocupei com as outras lágrimas que caíram, tudo estava tão embaçado, eu já estava longe. Não tirei o olho do homem morto no chão por um segundo, o homem que amei por muitos anos.

Sinto o braço de Lucas dar uma volta no meu pescoço, o mesmo me puxa para um abraço apertado, mas logo somos impedidos pelo homem com a arma.

__ Quer mais um de refém? - a porta é aberta, e sua voz maravilhosa ecoa pelo cômodo.

O homem dispara três tiros, mas ele desvia dos mesmos em uma velocidade absurda. A arma fica sem balas, e o homem tenta correr, mas logo é impedido por Bellamy, que o segura pelo pescoço e o levanta. Levanto devagar, caminhando até o homem no chão. Agacho-me e coloco minha mão em seus cabelos, depositando um beijo no mesmo.

A Sucessora Perdida • Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora