- Capítulo 75 -

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Loja - 04/05/2018

Sai de dentro da cabine vestida em um vestido amarelo com algumas fitas verdes, bem rodado, com três camadas de babados e cheio de lantejoulas exageradamente brilhantes. Eu prometi que experimentaria um vestido que cada um escolhesse, mas estava claro que Larry não tinha nenhuma experiência com moda ou coisas menos... vergonhosas.

__ Que merda, parece que você tá vestida no meu vômito quando eu bebo todas! - Pietra falou gargalhando.

Larry levantou o celular e tirou uma foto minha, e eu só pude lhe mostrar o dedo do meio. Não me importei que ele guardasse a foto, tem queimação minha no celular de todo mundo. Me considero um meme ambulante.

__ Toma, experimenta o meu! - Pietra me entregou um vestido cinza com branco.

É bem formal na verdade, é perfeito para a ocasião. Vesti e percebi que estava mais curto que o necessário, e não seria uma boa ideia entrar na igreja com um vestido assim. Sai e percebi que Lucas estava segurando a risada, mas logo tratou de soltá-la.

__ Tá parecendo uma prostituta! - falou enquanto me entregava um vestido preto bem mais curto - Veste o meu.

__ Tem certeza que era com o meu vestido que ela tava parecendo uma prostituta? - Pietra reclamou.

__ Calem a boca. - Ethan levantou e caminhou até mim - Experimenta o meu.

O vestido estava embalado em um saco, o que me impediu de visualizá-lo antes de entrar na cabine. Quando o retirei do saco, arregalei os olhos com tamanha beleza e elegância do vestido. É um vermelho bem forte, de uma seda fina e delicada, é longo e tem uma fenda na perna esquerda. As alças são finas e frágeis, o que deixa o vestido com um toque de sensualidade, principalmente pela abertura enorme nas costas. E sem contar o enorme decote.

O vesti e me impressionei mais ainda pela forma como ele ficou bem assentado no meu corpo. Valorizava minhas poucas curvas, e eu consegui imaginar dezenas de jóias que combinariam com ele enquanto me olhava no imenso espelho. 

__ E então?

Quando sai, não vi mais sinais de risadas no rosto deles, apenas rostos chocados e bocas escancaradas. Sim, o vestido fez minha autoestima aumentar, eu estou me sentindo uma princesa, uma conquistadora, uma mulher que consegue chamar atenção por onde passa. São raras as vezes que eu consigo me sentir assim, e ter a sensação de empoderamento no momento, me deixa intensamente feliz.

__ Garota, você está perfeita! Ethan, quer me ajudar a escolher meu vestido também? Você tem um ótimo gosto. - Pietra passou a mão no ombro dele, tentando convencê-lo com um sorrisinho maroto.

__ Você é uma antipática! - Ethan lhe mostrou a língua e levantou, indo até os cabides.

__ Esse vestido deve custar uma fortuna! - sentei no banquinho cuidadosamente - Não tenho tantas economias.

__ Eu pago pra você! - Ethan gritou - Mas sério, preciso te ver toda arrumada nesse vestido.

Pietra me lançou um olhar malicioso, enquanto eu lhe lancei um olhar reprovador. Ela gargalhou e foi tirar foto no espelho da cabine com Larry.

__ Isso não é necessário, Ethan. Encontra um mais barato aí.

__ Não mesmo. O vestido é seu, não tem conversa.

Ethan é irritantemente teimoso, mas não posso falar nada, eu seria hipócrita caso falasse. Aceitei o presente de bom gosto, principalmente quando ele me disse que seria meu presente de aniversário adiantado. Quando ele escolheu um vestido maravilhoso pra Pietra, nós pagamos e fomos para a loja de saltos, enquanto os meninos foram escolher ternos.

__ Preto com camurça ou vermelho com camurça? - Pietra me mostrou duas plataformas.

__ Como seu vestido é rosa, eu acho que o preto vai ficar melhor. - dei de ombros.

__ Tem razão, o vermelho ficaria muito papagaiado.

Analisei os saltos dezoito um por um, procurando um que combinasse perfeitamente com meu vestido. O que mais me chamou atenção foi um nude aberto nos dedos, que deixava ele bem atraente. Coloquei no pé e andei um pouco, para me certificar de que não iria fazer calos. E não fez, é perfeito.

Separei também uma bolsa-carteira preta e um colar que vinha com brincos em formato de lua. Pietra também tinha escolhido alguns acessórios, então fomos para o caixa pagar. De alguma forma o salto saiu mais barato que o colar com o par de brincos, então agradeço por Ethan ter me comprado o vestido, ou eu não teria mais dinheiro para nada.

Fomos para a loja onde os meninos estavam escolhendo os ternos mas não os encontramos, então supomos que as mocinhas ainda estavam nos provadores. Sentamos no sofá observando os ternos de todas as cores e tamanhos estendidos nos cabides. O celular de Pietra começa a vibrar e ela sai da loja para atender.

__ Cadê Pietra?

Levanto o olhar e vejo Larry me encarando curioso. Ele estava com algumas sacolas nas mãos, então suponho que também está carregando as coisas dos outros.

__ Ela saiu pra atender o telefone. Cadê os outros?

__ Terminando de assinar uma burocracia chata pra comprar ternos. - revirou os olhos - Segura aí, preciso falar com ela.

Larry me entregou as sacolas e também saiu da loja. Tudo bem, eu não vejo nenhum motivo que seja bom o suficiente para ter uma burocracia ao comprar ternos. Que tipo de loja é essa?

Espero os meninos na calçada já que lá dentro estava pouco ventilado e muito quente. Observo o movimento da cidade que estava bem menor que o normal, então é bem estranho já que hoje é sexta-feira.

Quando os meninos saíram da loja, nós fomos para um restaurante que tinha na esquina, eles tinham marcado de se encontrar com Larry lá. É um restaurante simples que serve comida caseira, mas as pessoas falam muito bem da comida de lá, dizem que é uma das melhores da cidade.

Eles já estavam sentados em uma mesa, e discutiam com o garçom que tinha alguns cardápios na mão. Talvez meus amigos não tenham maturidade o suficiente para ir em um restaurante cheio de pessoas, por tudo eles fazem encrenca.

Puxo uma cadeira e sento, prestando atenção na discussão boba. O garçom já estava levemente irritado com a gritaria dos dois, provavelmente ele receberia uma bronca de seu chefe por não controlar os clientes pirados, ou até por deixá-los entrar no estabelecimento. Só espero que não coloquem um cartaz com o rosto deles bem na entrada com a frase " Proibida a entrada dessas pessoas...para sempre!"

__ Minha namorada não quer a cebola, ela já disse! - arregalei os olhos, não tinha certeza que eles tinham voltado, mesmo suspeitando.

__ Mas senhor, faz parte do prato, é importante para dar um bom sabor. - tentou manter a calma.

__ Eu não quero um bom sabor, eu só quero um macarrão sem cebola! - Pietra reclamou.

__ Moço! - ele me encarou - Faz assim, faz um macarrão sem tempero e sem sal, coloca uma lata de molho de tomate inteira dentro, põe dentro de uma bacia suja e traz pra eles. - ele sorriu.

__ Muito engraçada. - Pietra revirou os olhos.

__ Gente, ele já explicou que a cebola é essencial, por que não escolhem outro prato?

__ Porque eu quero macarrão!

__ Moço, traz um peixe assado bem grande, arroz temperado e salada. Ah! Vamos querer um refrigerante de dois litros.

__ Pedido anotado. - sorriu tranquilo - Sairá em quinze minutos.

Ele saiu rapidamente, provavelmente rezando para não ouvir mais a voz do casal.

__ Vocês, hein. - repreendi eles.

Eles bufaram e pegaram o celular, começando a jogar os mesmos jogos ao mesmo tempo.

Finalmente um dia de paz pra Annora, merecido ou não?

A Sucessora Perdida • Livro 1Where stories live. Discover now