10. Reencontro

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ǫᴜᴀɴᴅᴏ sᴇɴᴛɪ minhas botas em contato com a neve, eu parei. A neve estava se acumulando rápido demais, o que fez o meu lado racional acordar e pedir para eu voltar para dentro. No entanto, meu instinto gritava para continuar.

Quando pensei em dar meia volta, senti uma mão em meu ombro. Virei para olhar e lá estavam meus olhos favoritos. Quis sorrir ao mesmo tempo em que quis bater em Hazard, mas não disse nada pois ele não parecia estar ali para debater sobre a briga.

— A gente tem que ir. Rápido. — ele começou a me puxar pela mão.

— Mas e toda essa neve? É pra floresta que você quer ir?

— A Snow e o Flake sabem o que estão fazendo, não provocarão nenhum acidente.

— Eles estão bem?

— Sim, e com saudades suas.

Senti meu peito se aquecer.

— Eu também estou. Mas será que não tem como cancelarem a nevasca? Imagina quantas pessoas não estão com a rotina travada por causa dessa neve.

— Eu não sabia quando você iria, só sabia que era de avião, então nós tivemos que travar tudo. Mas já avisei para amenizarem um pouco. — Haz me olhou de canto de olho, sorrindo — Agora, concentre-se no que te espera.

— Você disse algo sobre meu pai lá na pista de taxiamento, o que ele tem a ver com isso?

— Você vai entender. Temos de ir porque meus poderes não podem ficar em uso muito tempo.

— Seus poderes? — franzi o cenho.

— Kaira, você vai entender, confia em mim.

Tomara que isso se aplicasse à parte que Haz me disse para partir. Respirei fundo e assenti.

— Sempre confiei.

Hazard parou e eu percebi que a neve caía a cada segundo mais devagar, tanto que achei que ela pararia no meio do caminho e o tempo congelaria. E, um segundo depois, eu quis que congelasse, pois Haz me abraçou apertado. Retribuí na mesma intensidade.

Toda a raiva que eu tinha acumulado dele se evaporou ali e concluí que só estava feliz em vê-lo. Meu inverno estava sendo iluminado por raios de sol de novo.

— Obrigado, Kai. Eu vou concertar tudo, mas também vou precisar da sua ajuda.

— Pode contar comigo. — pude senti-lo sorrir.

— Nós vamos viajar agora, segure-se.

— Viajar?

— Só se segura.

Ele intensificou o abraço e fiquei um pouco sem ar. Enrosquei as mãos no casaco preto de Haz e, quando um clarão repentino ameaçou me cegar, escondi o rosto na curva de seu pescoço.

Depois do que pareceu meio segundo e ao mesmo tempo minutos, senti uma leve batida nas minhas costas. Era Haz me chamando. Afastei-me lentamente e vi que estávamos na entrada da floresta, na parte de trás do chalé.

— Todos os espíritos podem se teletransportar?

— Basicamente. — ele sorriu — Só não fui para o local específico porque nós temos que ir andando, aquela árvore não está em um lugar muito fácil de saber as coordenadas.

Aquela árvore? A de prata?

— Ela mesma. — comecei a ser puxada novamente. Hazard realmente parecia estar lutando contra o tempo. — Você deveria ter me dito que sabia da existência dela.

Quando cai a última folha ✓Where stories live. Discover now