O começo do desafio

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                                                 1999

Toda aquela barulheira estava cansando o garoto de quase cinco anos, seus olhos estavam sonolentos daquele sacolejo do colo do pai, todo aquele sol, que mesmo debaixo de uma tenda da barraca de frutas o deixava fadigado, os olhos quase a entregar-se ao sono, o pai o olhava com pesar de tê-lo levado para a feira, aquele lugar não era para nenhuma criança, por sorte suas compras estavam acabando, iriam para casa logo que as batatas fossem pesadas e entregues.

Um pequeno brilho, no entanto, vindo de uma pequena loja de brinquedos no outro lado da rua chamou atenção do menino. Seus pequenos dedos coçaram seus olhos, remexeu no colo do pai para descer. Tendo seus pés tocando o chão, atreveu-se a atravessar a rua  para alcançar o pequeno brilho.

— Ei! Para onde pensa que vai? – observou para onde o menino olhava na direção. Agachando para ter uma melhor visão do filho. — Seu aniversário está perto, vamos lá quando chegar seu dia, ok amigão? – levantou o polegar.

Pegou o menino novamente no colo junto com as batatas, e acompanhado a Senhora Chae para a casa, a pequena casa com portas de madeira e vidro e cor branca onde na parede subiam alguns ramos de flores vermelhas, perdida em meio a imensidão de plantas e aquele trecho da cancela  da cerca para a entrada da casa, onde Hyungwon poderia explorada as tão preciosas borboletas.

                          [...]

Passado a semana todo eufórico, finalmente o aniversário do menino chegou, como prometido seu pai o acordou cedo, sua mãe pôs seu mingau morno a sua frente, devorando-o como um leão, finalmente indo para a loja de brinquedos. Quando entrou percebeu que não era como as outras, era pequena, e além dos brinquedos em suas embalagens no começo das primeiras prateleiras, mais adentro possuía diversas ferramentas de uma oficina, e observando direito, alguns dos brinquedos eram fabricados ali mesmo, como um conjunto de soldados de chumbo ou cavalinhos de madeira, carrinhos e um avião, o único de madeira. Bem ao alto de uma das prateleiras de madeira que possuía diversas peças para casinhas de bonecas, estava uma casa de boneca rosa com detalhes vermelhos e brancos. Porém nada daquilo chamava-lhe a atenção, bem ao canto da loja, de frente ao vidro que possuía visão para fora da loja, exposto para em uma promoção fantástica, onde as peças metálicas reluziam um brilho único que refletia no vidro e em objetos próximos. Era um pequena luneta, porém deixava aquela pequena criança na base de seus cinco anos com uma belíssima curiosidade.

— Papai, aquele!– cutucou o pai mostrando o motivo de sua admiração dias atrás. 

 O senhor Chae foi junto de Hyungwon observando a luneta. Era bonita sim e tinha orgulho do filho por despertar tamanho interesse, poderia o menino ser um próximo astrônomo, cosmólogo. Entretanto, não poderia fazer a felicidade do garoto no momento, por mais que estivesse na promoção, o dinheiro não daria. Ele trabalhava no ramo de floricultura e nos últimos anos não tinha tanto lucro, a venda caiu, poucas empresas para fornecer, pois achavam melhor trabalhar com flores de plástico que, segundo eles, permanecem bonitas por mais tempo. 

— Hyungwon, que tal deixamos para o natal? Mesmo sendo seu dia, o papai não pode dá-lo hoje, espero que entenda. – doía ter que negar algo, mas não podia arriscar as economias da família na pequena luneta. – Olha aquilo, é uma bola encapada! Sabe, elas são muito legais, inclusive, tem uma dourada, vamos lá ver! – colocava todo entusiasmo para não ver seu menino triste e lágrimas quentes derramando pela face branca. 

— Sim, vamos! – aquela voz o surpreendeu, quando Hyungwon virou assustado, viu um pequeno menino do seu tamanho que tinha um sorriso brilhante, seus cabelos soltos e lisos, com o brilho dos fios em cor preta, seus olhos quase sumindo, e suas bochechas enormes deixava-o fofo. — Oi, eu sou o Hoseok.

Hyungwon achava engraçado a forma de seu novo conhecido. Naquele dia não levou a luneta, apenas a bola encapada e dourada, mas além disso Hyungwon levou um amigo.  

                            [...]

                                                2003

— O que é alguém admirando um relógio? – o menino perguntou enquanto o outro lhe empurrava pelas costas para dar impulso ao balanço. 

— Não sei, odeio suas charadas.

— Tente Wonnie, algumas você acerta. Algumas. – com raiva o menino parou de empurrar e sentiu no balanço ao lado, sem entender porque Hoseok gostava tanto daquelas charadas. Nem era tão fã de filmes de mistério. Vendo seu amigo desistir de tentar acertar, o garoto de cabelos pretos parou o balanço e aproximou-se do outro.  — Um turista em Londres.

— Essa eu sabia. – e mostrou a língua para o outro mostrando sua birra e quem era o mais novo ali.

Fazia três anos que ambos adquiriram uma amizade forte, como as grandes duplas do cinema os garotos viviam brincando e brigando – algumas vezes – o tempo todo, sem desgrudaram um do outro, apenas quando fazia necessário. Desde dormir na casa do outro ou conspiraram juntos. O problema era a escola, na qual os meninos estudavam em turmas diferentes, Hyungwon com seus 9 anos estava na terceira série, Hoseok com seus 10 anos estava na quarta série e em grande expectativa de ir para a quinta, onde garotos mais velhos diziam que muitas coisa mudavam quando se estudava no fundamental dois. 

— Vamos mais uma... – uma crise de tosses de Hyungwon o interrompeu. Era inverno, em específico o dia estava muito gelado, todos faziam se agasalhalhavam da forma de podiam para fugir de qualquer resquício de frio. — Tá' bem? Você quer jogar Need for speed? Meu pai conseguiu um novo!

E correram os tropeços para a casa de Hoseok. O filho do dono da loja de brinquedos.

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