Capítulo 3

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Com um suspiro, Anastasia levantou-se, limpou a areia das pernas e começou a caminhar de volta ao hotel. Dez anos tinham se passado, mas ainda se lembrava da tarde à beira da piscina com perfeição. Ainda podia sentir o calor dos últimos raios de sol envolvendo-os, o corpo musculoso de Christian relaxado de encontro ao seu, a respiração dele, quente e ofegante, em seu pescoço. Ele soltara uma exclamação estranha, mistura de riso e gemido, antes de se sentar, enterrando os dedos nos cabelos escuros e espessos.

— Bem, isso foi o fim! De todas as coisas estúpidas que já fiz...

Ainda meio atordoada de paixão, ela estendeu a mão e tocou as costas dele.

— O que foi?!

Christian fitou seu rosto, uma expressão indecifrável no fundo dos olhos castanhos.

— Eu... Desculpe. Não sabia que você era virgem. Oh, droga! Eu nem pensei nisso, para dizer a verdade. E também não pensei nas consequências. O que pretende fazer, agora?

— Como assim?! — De repente, Anastasia tomou consciência da própria nudez.

— Não vai mandar a polícia atrás de mim, por ter sujado o seu corpo?

— Claro que não! Acha que eu teria coragem de contar o que aconteceu a alguém?

— Ao seu pai.

— Para ele, então, de jeito nenhum! — Magoada e envergonhada, Anastasia sentou e começou a se vestir. Foi uma luta entrar no biquíni molhado, e ela estava com o rosto em chamas ao terminar.

Depois de vestir a calça e a camiseta, Christian se recostou na espreguiçadeira, com as mãos entrelaçadas na nuca e os olhos frios fixos no rosto dela.

— Se o seu jogo não é atrair um pobre mexicano bobo para a sua cama e depois acusá-lo de estupro, então qual é?

— Droga! — Anastasia murmurou, por entre os dentes. Ele estava destruindo toda a beleza do que tinha acontecido. — Eu não estava fazendo jogo nenhum. Você deve saber que é muito atraente. Além disso, é um arquiteto formado pela Universidade do Texas. Por que insiste em se portar como um pobre imigrante mexicano que acaba de entrar clandestinamente no país? Por que eu não poderia estar interessada em você? É um crime, por acaso?

— Não é um crime, mas é difícil de acreditar. Já vi muitas garotas como você, que adoram provocar os homens sem nunca dar nada a eles.

— Foi isso que aconteceu aqui? — Com os olhos cheios de lágrimas, Anastasia indicou a espreguiçadeira. — Acha que faço isso com qualquer um? Fique sabendo que eu nunca me atirei em cima de alguém, como fiz com você. Eu não estava tentando me exibir para os trabalhadores. Só queria que você me notasse e falasse comigo. Como pode... O que fizemos não significou nada para você? Eu... Oh, por que você tinha que estragar tudo?

Sufocando um soluço, ela fugiu para dentro de casa, batendo a porta atrás de si. No pátio, Christian Grey se levantou e olhou para a porta que ainda vibrava, os olhos escuros preocupados, a arrogância de costume substituída pela incerteza. Finalmente, sacudiu a cabeça, murmurando para si mesmo:

— Não. Não seja idiota, Grey. — E, enfiando as mãos nos bolsos, saiu dali.

Anastasia passou os dois dias seguintes numa agonia de vergonha, infelicidade e prazer. A excitação que havia partilhado com Christian não lhe saía da cabeça, e não se conformava com a ideia de que tudo o que acontecera não significava nada para ele. Ela nunca mais seria a mesma. Com a ingenuidade da adolescência, tinha pensado que se apaixonara por Christian à primeira vista, mas seus sentimentos iniciais não chegavam aos pés do amor que passou a lhe dedicar desde aquela tarde na piscina. O entrosamento entre eles tinha sido perfeito, durante o breve momento de união total. Agora entendia o que os outros queriam dizer quando falavam que marido e mulher eram um só ser. Tinha sido uma só pessoa com Christian e acreditara que ele havia sentido o mesmo. Mas ele havia acabado com suas ilusões de um só golpe, ao acusá-la de estar apenas fazendo um jogo para se divertir.

Sonhando com Christian GreyWhere stories live. Discover now