Capítulo 4

1.2K 116 7
                                    


Anastasia passou dois dias remoendo-se de medo, antes de reunir coragem suficiente para falar com o pai. Desesperada, chegou a pensar em fugir de casa para não enfrentá-lo, mas não sabia de nenhum lugar para ir; além disso, sozinha, não poderia tomar conta de si mesma e do bebê. Muitas ideias lhe passaram pela cabeça, inclusive procurar um lar para mães solteiras ou um médico para fazer um aborto. Essa última alternativa fez com que se arrepiasse, horrorizada. Não poderia matar o bebê. O bebê de Christian Fora criada dentro do severo código de moral de Grant Steele e não poderia fugir às consequências de seus atos. Havia sido tola e teimosa, deixando-se levar pela força de sua sensualidade e pelo magnetismo animal de Christian. Sua punição seria enfrentar o pai, um homem extremamente severo e puritano.

Uma noite, depois do jantar, foi atrás dele, no escritório. Grant olhou para ela com ar interrogativo, e Anastasia engoliu em seco. Depois, apertando as mãos trêmulas com força, informou-o, sem rodeios, de que estava grávida. O rosto de Grant perdeu completamente a cor e, levantando-se, ele lhe pediu para repetir o que acabara de dizer. Ela repetiu, num tom de voz difícil de ser ouvido. Para sua surpresa, no entanto, ele não teve um acesso de raiva nem fez perguntas a respeito da identidade do pai do bebê. Também não lhe disse que teria que se casar com o rapaz. Mais tarde, Anastasia chegou à conclusão de que Grant achara que o pai do bebê pertencia a uma família com quem mantinha relações de negócios. E, obviamente, não quisera encarar de frente o conhecimento de quem era esse rapaz.

Calmamente, com o rosto cor de cinza, Grant começou a planejar o futuro de Anastasia, decidindo que iria para a casa da irmã dele, Rachel, que vivia em San Christian. Apelando para os conhecimentos e influência que tinha, Grant conseguiu que ela fizesse os exames semestrais mais cedo, ficando livre para se mudar para a casa da tia durante as férias de Natal.

Anastasia havia perdido muito peso, por isso o ligeiro engrossamento de sua cintura passou despercebido. Mesmo assim, ela estava certa de que todos adivinhariam seu segredo, assim que saísse de Santa Clara. Grant lhe garantiu que ninguém saberia ao certo, tentando acalmá-la e acalmar a si mesmo. De qualquer modo, naquela altura Anastasia já não se importava mais com o que o povo da cidade pudesse pensar. Estava infeliz demais para isso.

Sua tia Rachel, uma mulher de negócios, solteira e muito bem-sucedida na vida, recebeu a sobrinha de braços abertos. Para Anastasia, foi bem mais fácil viver longe de casa, onde tudo fazia com que se lembrasse de Christian, a quem aos poucos começava a desprezar. Ele tinha mentido para ela e fora embora sem uma palavra de explicação, e no íntimo dela havia crescido um forte ódio não só por ele, como também por todos os homens. Eram todos criaturas insensíveis, como Christian, ou puritanos donos da verdade, como Grant. Não precisava deles para nada. Seria como a tia, uma mulher dedicada à carreira, capaz de se sustentar sozinha.

Danny nasceu em maio, um garotinho pequeno, chorão e, na opinião de Anastasia, muito bonito. Ela o amou desde o primeiro momento e recusou, indignada, a proposta do pai de dá-lo para adoção. Grant alegava que, conservando o garoto, ela não poderia ter a vida normal de urna garota de sua idade. Todas as vezes que ele ia visitá-la, os dois discutiam amargamente a esse respeito. Afinal, numa dessas visitas, Anastasia garantiu ao pai, aos gritos, que jamais o embaraçaria levando o filho ilegítimo para visitá-lo. Enraivecido, Grant saiu da casa da irmã e passou um ano sem voltar, embora continuasse a mandar dinheiro.

Ao terminar o segundo grau, Anastasia contratou uma babá para Danny e se matriculou na universidade. Daí em diante, sua vida tomou um rumo mais tranquilo e agradável. Ela gostava dos estudos que estava fazendo, e Danny era uma alegria constante. No fim do curso, decidiu especializar-se em administração de hotéis pela Universidade de Houston. Muitas vezes, enquanto ela e Danny viviam lá, pensou em Christian, imaginando se algum dia cruzaria com ele nas ruas daquela enorme cidade. Chegou mesmo a procurar o número dele na lista telefônica, mas nunca o chamou, apesar de ter vontade de saber o que ele andava fazendo e como reagiria se soubesse que tinha um filho.

Sonhando com Christian GreyWhere stories live. Discover now