Capítulo 5

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Quando acordou, Anastasia sentiu-se confusa ao ver o corpo bronzeado estendido ao lado do seu, com um braço e uma perna jogados sobre ela. Então, vermelha de vergonha, lembrou-se do que tinha acontecido: Christian a beijara, e ela cedera a ele com um entusiasmo no mínimo surpreendente, uma vez que passara quase dez anos tentando odiá-lo.

No entanto, com algumas carícias experientes, ele havia conseguido sua rendição total em menos de dez minutos. Outra onda de sangue subiu-lhe ao rosto, quando se recordou do modo como tinha se contorcido sob o corpo dele. Naquele momento, se fosse capaz de falar, teria implorado que ele a possuísse.

Gemendo baixinho, Anastasia sentou-se e cobriu o rosto com as mãos. Christian na certa haveria de dar boas risadas às suas custas, agora que tinha descoberto com que facilidade ainda era capaz de dominá-la. Seu orgulho e autocontrole desapareciam por completo quando estava junto dele. Christian havia se vangloriado do poder que tivera sobre ela, dez anos atrás, e pouco depois havia provado que nada mudara. Apesar de todo o sofrimento que ele lhe causara, apesar do muito que ainda o odiava, ela havia correspondido com entusiasmo e paixão às carícias que recebera. Ele a devia estar julgando uma ordinária fraca e tola, tão dominada pelas próprias paixões que nunca deixaria de desejá-lo, por pior que fosse tratada. Nunca, em toda a sua vida, tinha se sentido tão humilhada e envergonhada de si mesma.

Estremecendo, Anastasia pegou a calça e a camiseta e começou a se vestir. Na cama, Christian espreguiçou-se e murmurou, sonolento:

— Anastasia? — Estendeu a mão e tocou-a no ombro, mas ela se afastou com violência.

— Não me toque! — gritou, virando-se para encará-lo com ar desgostoso. — Pelo amor de Deus, nunca mais me toque.

O rosto de Christian enrijeceu, e os olhos escuros, cheios de calor e ternura, tornaram-se frios como gelo.

— Ah, então agora você vai fazer a ceninha da virgem ofendida! Não acha que isto já está um pouquinho fora de moda?

Exatamente como Anastasia havia temido, Christian estava zombando dela. Lágrimas quentes vieram-lhe aos olhos e, com a voz trêmula de emoção, ela sussurrou:

— Eu te odeio!

Houve um momento do mais completo silêncio. Então, o rosto de Christian transformou-se numa máscara zombeteira.

— Você tem um modo engraçado de demonstrar esse ódio.

Ele estava certo, é claro, e isso é que era difícil de aguentar.

Por mais que o odiasse, tinha agido exatamente como se ainda o amasse.

— Maldito! — Ela terminou de abotoar a calça com dedos trêmulos. — Se está pensando que vou para a cama com você sempre que lhe der vontade, está muito enganado.

Christian provavelmente sentira um prazer bastante tortuoso ao comprovar que ela continuava a desejá-lo, mesmo depois de ter sido tão maltratada. Mas isso havia acabado. Nunca mais lhe serviria de diversão. Não daria a Christian outra oportunidade de derrubar suas defesas. Ele podia estar querendo apenas divertir-se durante o fim de semana, mas ela não estava a fim de ser abandonada uma segunda vez. Outra mulher que sofresse por Christian Grey. Ela já estava cansada disso.

— Esta noite nunca deveria ter acontecido. Deus é testemunha do quanto eu lamento o que aconteceu entre nós. — Anastasia mostrou o sorriso de "garota dura na queda" que havia aprendido a exibir dez anos atrás, quando Christian a tinha abandonado pela primeira vez. Por nada no mundo deixaria que ele percebesse que havia conseguido magoá-la de novo. — A culpa só pode ter sido dos muitos meses que andei trabalhando sem o menor divertimento.

Sonhando com Christian GreyWo Geschichten leben. Entdecke jetzt