Capítulo 7

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Dois enfermeiros trouxeram Grant para o quarto, de maça, e o colocaram na cama.

— De vez em quando o sr. Steele recupera a consciência — um deles disse a Anastasia. — Pode ser que ainda consiga conversar com a senhora.

Quase com timidez, Anastasia aproximou-se da cama de metal e pegou a mão fria e flácida do pai.

— Papai? Pode me ouvir? Sou eu, Anastasia.

Grant fez um leve movimento, virando a cabeça no travesseiro, mas não abriu os olhos nem falou.

— Quer ficar sozinha com ele? — Christian perguntou. — Posso fazer companhia a Danny.

— Obrigada.

Os olhos de Anastasia encheram-se de lágrimas. Depois que ele se foi, conversou com Grant por um longo tempo, tendo o cuidado de só falar de coisas leves e inconsequentes. Mas não obteve nenhuma resposta e, finalmente, recolocou a mão flácida sobre o lençol e sentou-se numa poltrona em frente, de onde poderia observá-lo. O dia terminou e, aos poucos, a escuridão invadiu o quarto. Christian trouxe-lhe um lanche, mas ela mal conseguiu engolir um ou dois bocados. Por volta da meia-noite, resolveu ir até a sala de espera, ver como estava Danny. Encontrou-o deitado no sofá, com a cabeça no colo de Christian e o corpinho envolto num cobertor, provavelmente fornecido por uma enfermeira bondosa. Christian também estava adormecido, com um dos braços e a cabeça apoiados no encosto do sofá.

A visão dos dois juntos aumentou a vontade de chorar que Anastasia vinha sentindo desde aquela tarde. Em silêncio ela voltou para o quarto de Grant e acomodou-se na poltrona, vigiando as idas e vindas das enfermeiras. De vez em quando, Grant mostrava-se inquieto, mexendo-se e gemendo. Uma vez, chegou a chamá-la, mas, quando ela se aproximou, já tinha se aquietado novamente. No fim, Anastasia não aguentou e acabou cochilando. Foi acordada pela voz dele, fraca e alterada.

— Anastasia? Anastasia, você está aí?

— Estou, sim. Estou aqui, papai. — Em dois segundos, levantou-se e aproximou-se dele.

— Por um minuto, pensei que fosse sua mãe. Onde está ela?

— Mamãe?! Bem, eu... eu não sei, papai.

Tornou-se logo evidente que Grant estava delirando, pois começou a virar a cabeça de um lado para o outro e a perguntar sobre a fazenda e a colheita daquele ano. Anastasia garantiu-lhe que tudo estava bem e ele acalmou-se. Mas, pouco depois, recomeçou a falar.

— Christian Grey...

— Ele nos trouxe até aqui, papai. O senhor o viu? Subitamente, Grant deu a impressão de ter perdido todo o interesse pelo que ia dizer a respeito de Christian.

— Meu bem, eu... eu sinto muito. Eu não sabia — murmurou, com esforço.

Não sabia o quê?! Seria alguma coisa a respeito de Christian? Ou algo totalmente diferente?

— Está tudo bem, papai. Não se preocupe com isso.

Grant adormeceu, mas, meia hora depois, acordou de novo e tentou sentar-se na cama.

— Eu estava errado — disse, respirando com dificuldade. — Pensei que você seria mais feliz sem ele.

— Está tudo bem, papai — Anastasia garantiu-lhe, certa de que ele estava se referindo à tentativa de convencê-la a dar Danny em adoção, dez anos atrás. — Eu entendo. Você queria o melhor para mim.

Grant fez que sim.

— Eu fiquei magoada, naquela época, mas depois passou. Também tenho um filho e posso entender a sua preocupação.

Sonhando com Christian GreyWhere stories live. Discover now