Capítulo 10

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Na segunda-feira do ano-novo, Anastasia levantou-se e vestiu uma de suas roupas mais atraentes: um conjunto de saia e blazer marrom, com uma blusa de seda cor de ferrugem por baixo. A saia e o blazer tinham um corte bastante discreto, mas a blusa era do tipo vaporoso, com rendas no colarinho e nos punhos. Escovando os cabelos para trás, ela prendeu-os na nuca, num coque elegante e muito feminino. Seu único enfeite era um antigo camafeu de marfim preso à gola da blusa.

Verificando de novo se a papelada referente à fazenda estava em ordem, olhou mais uma vez no espelho e saiu, disposta a enfrentar o gerente do banco, em Santa Clara. Christian estava sentado na varanda da casa velha, quando ela passou por lá. Ao lado dele, Diane Roberts olhava-o com verdadeiro ar de adoração, os lábios entreabertos num sorriso alegre, os cabelos ruivos brilhando ao sol. Num gesto casual, que fez Anastasia apertar os lábios, irritada, ele acenou com a mão ao vê-la passar.

Que atrevimento o de Christian, agindo como se nunca tivesse havido nada entre eles, como se fossem simplesmente amigos! E o que Diane estaria fazendo na casa dele, àquela hora da manhã? Ainda não eram nove horas. Teriam eles passado a noite juntos? Que desde o primeiro momento Diane estava fazendo o possível para conquistar Christian, era mais do que evidente. Talvez tivesse conseguido...

Os dedos de Anastasia fecharam-se com força em torno do volante. Christian podia dormir com quem quisesse, que ela pouco estava ligando! Ele não significava mais nada para ela. Absolutamente nada!

Quando Anastasia chegou ao banco, já tinha conseguido afastar Christian da mente. O gerente, um homem baixinho e gordo, de mais ou menos quarenta anos, aproximou-se para cumprimentá-la assim que a viu. Ela não o conhecia, pois ele era jovem demais para pertencer à geração de Grant e velho demais para pertencer à sua. O que era uma pena, pois teria sido bem mais fácil pedir o empréstimo a um dos velhos amigos da família.

No entanto, o homenzinho portou-se com toda amabilidade. Depois de se apresentar como Jason Smith, convidou-a a sentar-se e ofereceu-lhe uma xícara de café. O banco de Santa Clara ainda operava como um banco de cidade pequena, representando um dos centros sociais da comunidade, onde os clientes sempre paravam para uma cafezinho e um dedinho de prosa, mesmo quando não tinham negócios a tratar ali.

Anastasia recusou o cafezinho e, depois que Smith se sentou, entregou-lhe a pasta com os documentos da fazenda. Cuidadosamente, explicou as vendas realizadas nos últimos cinco anos e falou das que estavam programadas para os dois anos seguintes. Em seguida, orgulhosa do trabalho que tinha feito, recostou-se na cadeira, sorridente, à espera de uma resposta.

— Muito bom — Smith comentou. — Muito bom mesmo. —Apoiando os cotovelos na mesa, juntou as mãos e clareou a garganta. Então, olhando mais para as mãos do que para Anastasia, continuou: — O mundo das finanças está atravessando uma fase muito difícil, srta. Steele. Como já deve saber, obter um empréstimo é algo praticamente impossível, hoje em dia.

— Mas não quando se oferece o tipo de garantia que estou oferecendo. A fazenda só está sob uma hipoteca, assim mesmo pequena.

— Naturalmente, mas nós não fazemos empréstimos baseados apenas na segurança do negócio. Bancos trabalham com dinheiro. Não lidamos com fazendas ou venda de terras. Suponhamos que a senhorita não consiga pagar o empréstimo. O único modo de recuperar o nosso dinheiro seria vendendo a sua fazenda. Isso não só levaria tempo, como também exigiria esforço e mais dinheiro. Não há dúvida de que queremos segurança, mas o primeiro ponto que levamos em consideração é se a pessoa que está pedindo o empréstimo tem chance de nos pagar de volta. Se fosse seu pai ou qualquer outro fazendeiro que estivesse pedindo este empréstimo, seria diferente. Falando francamente, srta. Steele, não podemos nos arriscar com a senhorita.

Sonhando com Christian GreyWhere stories live. Discover now