Capítulo Vinte e Oito

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Drake Timberg:

Seis meses depois:

O cenário estava impregnado com a tensão que pairava no ar. Seis meses haviam se passado desde aquela noite fatídica. Enquanto observava Ryan com um olhar envergonhado, meus olhos se fixaram nas coisas que ele inadvertidamente derrubou no chão. O silêncio entre nós era quase tangível, como se as palavras estivessem prestes a romper a barreira que as mantinha cativas.

Antes desse momento crucial, é importante relatar o que aconteceu durante esses seis meses aparentemente tranquilos. Eu me dediquei intensamente aos meus estudos, preparando-me para as provas que viriam, enquanto também embarcava em missões perigosas e me aprimorar no uso da espada de Eléctron. Era uma rotina agitada, mas cada desafio me aproximava ainda mais do meu objetivo como super espião.

Nesse período, a relação entre Ryan e eu se tornou mais profunda e íntima. Eu ansiava por entender o que ele queria me dizer, uma pergunta que pairava em nossas mentes sem encontrar voz. No entanto, havia uma sombra que pairava sobre nosso relacionamento: meu pai, Ricardo. Toda vez que Ryan vinha até minha casa e sugeria passar a noite, meu pai e ele se envolviam em uma guerra fria e silenciosa. Era como se meu pai estivesse protegendo uma joia preciosa e Ryan fosse o intruso a ser vigiado.

Dawn, minha melhor amiga, soltava risadas discretas a cada vez que essa situação acontecia, e até meus primos e meu amigo Nicky adoravam ver como meu pai Ricardo se comportava nesses momentos. Para eles, era uma diversão inofensiva, mas para mim, era uma fonte de frustração. Afinal, eu era um super espião, e meu pai, que também era um, tinha um medo obsessivo do que eu poderia cogitar fazer com meu namorado.

Agora, com o olhar de Ryan fixo no chão e a tensão que preenchia o ambiente, era evidente que algo precisava ser dito. A pergunta que se formava em minha mente há tanto tempo finalmente exigia uma resposta, e eu estava pronto para enfrentar as consequências, fossem elas quais fossem.

Nesse momento, meu pai Cezar tentava, mais uma vez, apaziguar a situação, mas seus esforços eram em vão. Enquanto isso, meu pai Ricardo, visivelmente aborrecido, declarou que dormiria no sofá da sala naquela noite. Ele resmungou, ameaçando instalar uma câmera de vigilância na casa, como se isso pudesse resolver os problemas subjacentes que afligiam a todos nós. As palavras de Ricardo ecoaram no ambiente carregado de tensão, agravando ainda mais a situação.

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Com isso, voltamos ao presente, onde meu namorado, Ryan, está agachado, cuidadosamente pegando o vaso que acabara de derrubar acidentalmente assim que entramos no meu quarto. O som suave de cacos de cerâmica se mistura ao silêncio momentâneo da sala.

— Que ajuda? — Perguntei, arqueando uma sobrancelha, enquanto observava sua expressão concentrada.

Ele ergueu os olhos para me encarar e, com um sorriso travesso, balançou a cabeça com firmeza. — Sério, por quê?—

— Seu pai, Ricardo, me deu a missão de pintar as decorações da loja dele, e é exatamente isso que vou fazer — Ryan respondeu, seu tom de voz misturando determinação e humor. — Aparentemente, seus pais já não me veem como o garoto descarado que está namorando o filho deles.—

Meus pais haviam reatado o relacionamento recentemente e, aos poucos, estavam reavivando a chama da paixão deles. Às vezes, era quase surreal pensar que agora tinha dois pais, depois de tantos anos só com um.

— Boa sorte, então — murmurei, virando— para sair do quarto.

No entanto, antes que eu pudesse dar mais um passo, Ryan me chamou.

— Amor, volta aqui!— Ele pediu, e eu virei para encará— lo, um sorriso brincando em meus lábios, enquanto cruzava os braços.

— Admita, você adora quando meus pais te elogiam — provoquei, deixando claro o quanto estava orgulhoso de tê-lo ao meu lado, sempre recebendo elogios de meus pais e primos.

Era emocionante testemunhar a transformação de um garoto gentil e bonito que, no início, havia sido mal compreendido por todos ao meu redor. Tudo tinha mudado agora, e ele era devidamente reconhecido e apreciado.

— Se quiser, vou pegar outra folha para mim e fazer algo mais ou menos do que ele quer — acrescentei, sentando no chão ao lado de Ryan, que não conseguia conter um sorriso bobo no rosto..

— Você não acha que é um incômodo? — Ryan perguntou, com uma ruga na testa, enquanto folheava um dos livros empilhados na mesa de centro. — Digo, você não está incomodado de não ter conhecido o novo chefe da Dhoops nesses seis meses, e as missões estão ficando cada vez mais escassas.

Eu suspirei e me aconcheguei mais no sofá, olhando para o teto.

— Não! De modo nenhum. Às vezes, precisamos ficar relaxados por alguns meses, e a agência ainda precisa se recuperar. Mas, pelo contrário, estou bastante contente em passar muito tempo com você.

Um sorriso iluminou o rosto de Ryan, e ele se inclinou para me beijar na bochecha. Enquanto isso, meu celular começou a tocar, e eu o peguei rapidamente, vendo que era a Dawn.

— Oi, Dawn — eu atendi, e minha amiga começou a falar animadamente com alguém do outro lado da linha.

— Ah, e venha comigo se você quiser comprar um vestido no futuro. Conheço uma estilista que faz vestidos muito elegantes. Tenho certeza de que há muitos vestidos que combinam com você, Anna — Dawn disse empolgada. — Drake, você sabe do Nicky?

— Não, mas sei onde ele está. — Respondi, enquanto pensava em como juntar todos. — Espere um momento.

Liguei a chamada em vídeo para criar um grupo, e em poucos minutos, vi os rostos de Dawn e Anna em uma tela, enquanto na outra estava Nicky, que parecia todo suado.

— Não seria um pouco perigoso se encontrar lá fora? Já que você está gripado — Nicky falou, e pude ouvir a voz do irmão dele ao fundo. — Então, vai caramba. Oi, pessoal.

— Mike, está gripado? — Dawn perguntou com uma expressão divertida. — Como é possível, aquele garoto é tão irritante que nem um vírus gripal iria querer!

— Vocês não ouviram? — Nicky perguntou, com um ar de mistério no rosto. — Meus pais contaram que o Mike está assim porque se apaixonou.

Dawn e eu, surpresos, soltamos exclamações simultâneas. — O quê? — dissemos em uníssono. — Seu... irmão...apaixonado?

Nicky assentiu, parecendo mais perplexo do que qualquer pessoa no mundo.

— Tive a mesma reação, mas meus pais disseram que sabem quando os filhos estão apaixonados — Nicky continuou, coçando a cabeça com um gesto confuso. — Só não sabem quem é, mas pelo visto meu irmão ama essa pessoa, pois estão saindo.

— Oh meu Deus! Mas, por que não sabíamos disso? — Dawn disse, com seu típico sarcasmo. — Isso explica o porquê do clima estar completamente estranho.

Dawn sempre tinha um jeito irreverente de encarar as situações.

— Agora, o que desejam comigo? — Nicky perguntou, mudando o assunto.

— Saber de você e dos seus assuntos? — Dawn respondeu, com calma.

— Estou treinando meu corpo para as futuras missões — explicou Nicky. — Também estou usando alguns equipamentos que a agência mandou. E vocês? Souberam que vão finalmente revelar a aparência do chefe da Dhoops.

Então, voltamos a discutir outro assunto, debatendo como seria a aparência do enigmático chefe que ninguém conhecia completamente.

Mais tarde, ajudei Ryan a terminar o desenho em que ele estava trabalhando, e, no final, nos aconchegamos para assistir a um filme de comédia, envoltos em uma aconchegante coberta. Eu beijei meu namorado e pude ver a felicidade brilhando em seus olhos em relação ao nosso relacionamento. O que posso dizer? Eu realmente amo esse rapaz que está me abraçando por trás.

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Gostaram?

Até a próxima 😘

Apenas sorria, você está sendo espionado - Livro ÚnicoOnde histórias criam vida. Descubra agora