Apolo - 17 anos

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Tia Mary iria me matar, mas tio James e minha mãe iriam me fazer em pedacinhos se sonhassem que eu, o garoto problema, estava com a princesinha Alpha Moody em uma caminhote velha tentando ensina-la á não tirar todo o pé da embreagem antes que o carro começasse a se movimentar.

Três horas foi o tempo que ela levou para conseguir engatar a segunda marcha. Então ela sorriu e olhou para mim.

-Ai meu deus, eu consegui, Polo!

E ali, tudo valeu a pena. Ela sorria enquanto andava lentamente nas ruas de uma vizinhança calma, á algumas quadras de nosso bairro. Eu apenas conseguia sorrir junto de uma forma quase patética.

Eu á observava e me lembrava de quando eramos crianças, sempre estive na palma de sua mão. Alpha é, e sempre foi, minha melhor amiga. A pessoa que eu mais quis cuidar, que eu mais senti a necessidade de fazer feliz. Não que pudesse ser de outra forma, desde seus 7 anos de idade ela me perseguia de uma forma assustadora.

Filha de dois médicos mundialmente famosos, minha mãe e tia Mary eram amigas de infância, acabamos morando no mesmo bairro quando meu Avó faleceu e deixou a casa de herança para minha mãe. Havia perdido meu pai aos 7 anos de idade, então eramos apenas nós dois, e os Moody.

O bairro calmo e chique encantou tia Mary, que comprou dois terrenos e construiu lá a maior casa da vizinhança, contando com duas piscinas enormes, uma academia de porte médio e salas e quartos suficientes para legalizar o alvará como uma pequena pousada.

Não que eles ficassem nesta casa, na verdade, os pais de Alpha nunca estavam por aqui, estavam sempre em plantões, viajando para assumirem cirurgias e casos espetaculares pelo mundo deixando-a sempre sozinha. Mas ela tinha a mim, e isso que importava.

Paramos em frente á mansão dos Moody e Alpha ainda estava extasiada.

-Céus, eu nem acredito que eu dirigi quatro quadras, e cheguei em casa.

Ela desceu do carro ainda sorrindo, me deixando completo.

-Agora, o que acha de terminarmos aquela série da semana pass... – ela me interrompeu.

-Não, vamos á uma festa.

Gargalhei alto, Alpha? Em uma festa? Não.

-Claro que não vamos á uma festa. – disse ainda rindo, me já sentindo o desespero me dominar.

-Vamos sim. Hoje terá uma festa do time de futebol, eu sei bem que você esta deixando de ir para ficar comigo, então vamos juntos. – Ela piscou os olhos azuis e, o que eu ia falar mesmo?

Ah, não. Ela não vai.

-Baixinha, faço 18 anos em 3 meses, sei que vai fazer 16 anos logo, mas eu acho você muito novinha para ir em uma festa do time. Tem bebidas, os caras fumam. Podemos fazer outra coisa? – apelei, rezando internamente para que apenas dessa vez, Alpha concordasse comigo.

Imagina-la em uma festa dos caras do último ano me causava alguns calafrios. Alpha tinha apenas 15 anos, era uma menina nova, mas não era isso que realmente me assutava. Ela era simplesente o ser mais puro e sem maldade que eu já havia conhecido, e eu amava isso nela. Apenas me perguntava por quanto tempo o mundo permitiria que ela mantesse aquele lado adorável, e se dependesse da minha proteção, por pelo menos mais alguns anos.

Seus olhos se apagaram um pouco, eu sabia que ela estava ficando magoada.

Como podia explicar que eu apenas queria protegê-la sem dizer do que?

-Queria muito fazer algo diferente. Vou fazer 16 anos e nunca fui em uma festa, mal tomei uma cerveja, queria sei lá... Ser diferente dessa coisa chata por um dia.

Não consegui segurar a gargalhada, "coisa chata". Ela podia ser muitas coisas, mas não era chata.

Meu lado irracional dizia, porque não? Eu podia cuidar dela, não? É apenas uma garota de quinze anos, o que poderia dar de errado? Meu lado racional dizia, não ceda.

Infelizmente, não me simpatizo com a opinião do meu lado racional.

-Que horas saimos?

Ela sorriu. Parabéns Alpha. Ponto para você.

Trajeto Paralelo - Alpha e Apolo | Parte I (Amazon)Where stories live. Discover now