Erebor

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Nos sentamos em volta da mesa de jantar de Bilbo. Eu sabia que agora, na presença de Thorin os anões iriam levar a coisa a sério.

- Quais são as notícias do encontro em Ered Luin? Todos eles foram? - perguntou Ballin.

-Sim, representantes de todos os sete reinos - Disse Thorin.

- E o que os anões das colinas de ferro disseram? - perguntou Dwalin - Dain está conosco?

Thorin demorou a responder

- Eles não virão - disse por fim. - Disseram que essa missão é nossa, e apenas nossa.

- Vocês vão sair numa missão? - Perguntou Bilbo.

- Bilbo meu querido amigo - disse Gandalf - que tal um pouco mais de luz? - e continuou, sem esperar resposta - Bem distante, a leste. Além de montanhas e rios. Depois de florestas, e desertos. Existe um único e solitário pico.

Ele mostrou o ponto no mapa que tinha na sua frente.

- A montanha solitária - leu o Hobbit.

- Sim. Óin leu os presságios, e os presságios dizem que está na hora - disse Glóin, satisfeito.

- Corvos foram vistos voando para a montanha. Quando as aves de outrora retornarem para Erebor, o reinado da fera irá terminar. - Completou Oin.

- Que fera? - disse Bilbo.

- Ah, isso seria uma referência a Smaug, o terrível, a maior e mais importante das calamidades. Ele voa e cospe fogo. Tem dentes como navalhas, garras como ganchos de carne. Apreciador de metais preciosos - Bofur ia continuar, mas Bilbo o interrompeu.

- Eu sei o que é um dragão.

- Não seria difícil se tivéssemos um exército conosco - começou Ballin - Mas nós somos apenas treze. E nem somos treze dos melhores, ou mais inteligentes.

Começou-se uma discussão. Cada um expressava seu ponto de vista aos gritos. Fili bateu com força na mesa.

- Nós podemos ser poucos. Mas somos guerreiros. Todos nós. Até o último anão!

- Esqueceram que temos um mago em nossa companhia? Gandalf deve ter matado centenas de dragões na época dele - completou Kili.

- Não err, eu não... - começou Gandalf, mas não conseguiu terminar sua explicação

- Senhor Gandalf - disse Dori - Quantos dragões você matou?

Silêncio. Eu tentei controlar o riso.

- Ora Dori, vamos deixar Gandalf em paz com nossas perguntas. Tenho certeza que seus assuntos são extremamente sigilosos - eu disse, ainda rindo um pouco. Alguns dos anões perceberam o que eu quis dizer, e riram também.

Gandalf me lançou um olhar acusador. Não era minha culpa se ele nunca tinha matado nenhum dragão.

- Se nós percebemos esses sinais, não acham que outros terão percebido também? Rumores, começaram a se espalhar. O dragão Smaug, não é visto a sessenta anos. Olhos, voltam-se para as montanhas a leste, imaginando, planejando, pesando os riscos. Talvez a riqueza de nosso povo agora esteja desprotegida. Iremos ficar sentados, enquanto outros clamam o que é nosso por direito, ou aproveitaremos essa chance, para retomar Erebor? - Disse Thorin.

Os anões concordaram.

- Você esqueceu que o portão dianteiro está selado - disse Ballin - não a como entrar na montanha.

- Isso, meu caro Ballin, não é verdade - Disse Gandalf, e puxou uma chave de suas vestes.

- Como conseguiu isso? - disse Thorin.

- Foi dado a mim pelo seu pai. Por Thrain - respondeu o mago - para que eu o guardasse. E é sua agora. - completou, passando a chave para o anão.

- Essas runas no mapa, indicam uma passagem secreta para os salões inferiores. - continuou Gandalf.

- Existe outra entrada - disse Kili.

- Se pudermos encontrá-la, mas portas de anões são invisíveis quando fechadas. A resposta está em algum lugar nesse mapa. Eu não possuo habilidade para encontrar. Mas a outros na terra média, que possuem. - Ele deu um olhar sugestivo para Thorin.

- Elfos - resmungou ele. - Você insiste em confraternizar com nossos inimigos.

- Thorin, não somos seus inimigos. Elrond poderia nos ajudar. - Eu disse.

- A tarefa que tenho em mente, vai requerir bastante sigilo, e coragem. Mas se formos cuidadosos, e astutos, acredito que possa ser realizada. - Gandalf continuou.

- É por isso que precisamos de um ladrão - disse Ori.

- E têm que ser um bom. Um especialista eu suponho - disse Bilbo.

- E...você é? - perguntou Oin

- Eu não, eu não sou ladrão - disse o Hobbit - eu nunca roubei nada na minha vida.

- Infelizmente tenho que concordar com o senhor Bolseiro - disse Ballin - Ele não tem nada de ladrão.

- Eu acho que o senhor Bolseiro tem muito a oferecer - eu disse - ele só ainda não nos mostrou.

Mais uma vez se começou uma discussão. Que foi quebrada com a voz estrondosa de Gandalf.

- Se eu disse que Bilbo Bolseiro é um ladrão, então um ladrão ele é! Hobbits são extremamente ágeis. Na verdade podem passar até despercebidos se quiserem. E já que o dragão está acostumado ao cheiro de anões, o cheiro de um Hobbit será desconhecido para ele, o que nos dá até uma vantagem. Pediram que eu encontrasse o décimo quarto membro dessa companhia, e eu escolhi o senhor Bolseiro. Ele pode oferecer muito mais do que qualquer um aqui imagina. Incluindo ele mesmo.

- Muito bem. Faremos do seu jeito - Disse Thorin, e entregou um pedaço de papel ao Hobbit. - É o contrato - explicou.

O Hobbit começou a ler. Seus olhos iam ficando mais preocupados.

- Despesas no funeral? - disse ele.

- Ah sim. ele vai derreter a sua carne num piscar de olhos - disse Bofur.

Bilbo estava ficando pálido.

- Tudo bem jovem? - perguntou Ballin

- Sim, só... Só estou um pouco tonto - disse o Hobbit.

- Pense numa fornalha com asas - prosseguiu Bofur - Um clarão, uma dor lanscinante e puf! Você será um monte de cinzas.

Isso foi demais para o pobre Bilbo. Ele caiu no chão, completamente desacordado.

- Não foi de grande ajuda, Bofur - disse Gandalf. 

                                                                                          ...

Bilbo, já acordado, estava sentado em uma poltrona. Os anões estavam fora da sala, e apenas Gandalf, e eu tínhamos permanecido.

- Sabe, senhor Bolseiro - disse Gandalf - Eu me lembro de um jovem Hobbit, que sempre saía, procurando elfos na floresta. - eu sorri - que ficava fora até tarde. Chegava em casa com rastros de lama, galhos e vaga-lumes.

- Eu não posso simplesmente sair para o desconhecido - disse o Hobbit. - Eu sou um Bolseiro, de Bolsão.

- Não esqueça que você também é um Tûk.

- Senhor Bolseiro, acredito que participar desta missão poderia fazer bem ao senhor. Apesar de todos os perigos, você irá conhecer o que realmente existe além das fronteiras do condado. O mundo não está nos seus livros e mapas. Está lá fora. - eu disse.

- Você terá grandes relatos de suas aventuras quando voltar - disse Gandalf.

- Você pode prometer que eu vou voltar? - perguntou Bilbo.

- Não. - Respondeu o mago - Mas se voltar, não será mais o mesmo.

- Foi o que pensei. Me desculpem, mas não posso assinar isso. Escolheu o Hobbit errado.

E Então, Bilbo Bolseiro saiu da sala.

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