Final - Revolução

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Aristóteles

"Um amor, uma carreira, uma revolução: outras tantas coisas que se começam sem saber como acabarão".

Jean-Paul Sartre

"Calma, calma".

Calma. Era só isso que o bastardo sabia falar.

Calma.

Calma porque não era com ele, não é?

Ali estava eu, no banheiro da base dos rebeldes sentindo os dedos frios de Caesar contra a minha nuca enquanto eu me apoiava nos azulejos, o corpo dolorido totalmente exposto, secando das gotas frias que corriam por a minha pele, contudo o suor estava se mesclando novamente ás gotas do banho e o pavor se instalava tão forte, dentro de mim, que quanto mais ele cutucava minha nuca achando um modo de sentir o microchip, mais desesperado eu ficava.

— Quero sentir se está ligado ao seu sistema neurológico.

Com um tapa em suas mãos, me virei e o olhei ofegando.

— Tira logo essa merda daí!

O rosto nervoso dele pareceu indeciso e por fim, temeroso. Apertou os lábios e arrumou os cabelos como se aquele gesto dissipasse a tensão, correndo o olhar para a porta do banheiro. Saiu sem dizer nada, eu olhava meus próprios pés, até fechar os olhos e me escorar á parede sentindo o peito doendo de tantas batidas desesperadas que meu coração dava.

Que droga, se aquilo fosse um explosivo, minha cabeça ia pelos ares nos próximos minutos, porém se fosse um localizador, em breve iriamos ter um confronto.

As duas alternativas não pareciam nada agradáveis. Virei a cabeça para a porta do banheiro, vendo Caesar entrando com uma pequena caixa e respirei fundo segurando a toalha que ele me dava e em vez de me cobrir, enrolei e mordi.

Como se fizesse mais sentido, Caesar ignorou o fato de eu estar sem as roupas e suspirou puxando a faca que embebeu no álcool.

— Pronto? — ele sussurrou, se posicionando atrás de mim.

Mesmo respirando fundo, fiz um sinal de positivo e mordi com mais força a toalha enquanto cerrava os olhos.

— Calma... Calma... — ele sussurrava.

Então a ponta da faca entrou, rasgando a pele e a carne em seguida enquanto eu mordia com mais força a toalha e urrava baixinho de dor.

O sangue, imediatamente, passou a escorrer pelas minhas costas, que agora suadas e frias, trazia um arrepio desagradável ao sentir o sangue quente.

A dor lancinante que se instalou na nuca me fazia quase parar de respirar, no entanto nada se comparava quando aqueles dedos miseráveis entraram pela carne e ele começou a remexer dentro da ferida, abrindo as laterais do corte e buscando o chip, revirando ali.

— Eu sei, eu sei... Quase lá — a voz branda dele tentou me acalmar, enquanto depositava um sutil beijo em meu ombro.

Eu queria naquele momento que ele e seus dedos malignos fossem para o inferno, a dor era insuportável, mas assim que ele parou de revirar dentro da minha carne e puxou o chip, um grito abafado saiu pela minha garganta.

— Aqui está, calma...

"Calma, calma"... Pro inferno com isto.

Um clic gosmento dentro da minha cabeça me fez soquear a parede e choramingar baixinho, pois agora o ferimento latejava como o inferno.

The night WatchWhere stories live. Discover now