O Dorminhoco e o Professor

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O professor entrou na sala, trajava um casaco de camurça que cobria uma blusa formal branca, sua calça era uma jeans marrom claro, em seus olhos de mel havia um brilho animador. Com um pisar firme seus sapatos marrons escuros avançaram até a mesa. Por um momento ele parou e observou sua primeira turma nesta nova universidade.

Alguns poucos alunos continuavam conversando mesmo com sua presença, outros mantinham suas cabeças deitadas sobre seus braços, e em maioria estavam os alunos que já se sentavam seriamente, coluna ereta, olhos fixos no professor aguardando suas primeiras palavras.

— Creio que devo me apresentar – Disse o professor, começava a caminhar de um lado ao outro após deixar seu material sobre a mesa. – Me chamo Arthur, venho da Inglaterra depois de receber um convite da reitora, fiz meu doutorado em teologia a dois anos, e espero que possamos ter ótimas aulas. – Ao terminar de falar ele deu um giro em seu próprio eixo e parou virado para a turma, dando um simpático sorriso.

Ele era um homem de barba por fazer, grisalha, e cabelos encaracolados também grisalhos, em sua testa uma pequena cicatriz ficava bem marcada ao contrastar com sua cor de pele que era próxima ao preto.

Alguns segundos se passaram, Arthur caminhou de volta a sua mesa em silencio e escreveu no quadro negro a palavra: "Supralapsarianismo"

— Antes de falarmos especificamente do Supralapsarianismo gostaria de indagar-lhes sobre como alcançaremos a salvação?

Um novato, sentado na primeira fileira, com coluna ereta e um nariz empinado falou enquanto tirava os cabelos da frente dos olhos:

— Existem varias correntes, algumas dizem que a humanidade sendo boa levará a todos nós a salvação, o Supralapsarianismo por exemplo é o pensamento da salvação individual.

Arthur sorriu ao escutar a resposta, e enquanto realizava leves aplausos falou:

— Perfeito James. Aplaudam ele por favor – Uma onda de aplausos irradiou da turma seguindo a ordem do professor, apenas um jovem continuou quieto, ele continuava deitado sobre seus braços – Bom trabalho, todos perderam um ponto, o senhor James perdeu três e por fim, aquele ali que se manteve imóvel, ganhou quatro pontos

Afrontado James levantou de sua cadeira, protestos surgiram dos outros alunos, porem antes que fossem ditas mais palavras o professor silenciou sua turma.

— Entendam, deram-me a resposta errada, vocês aplaudiram, por consequência perderam pontos.

— Errada? – Perguntou James.

— Sim, pedi que me dissesse como alcançaremos a salvação e não as correntes de pensamentos relacionadas a esse tema.

— Porem não existe uma resposta.

— Claro que existe. – Retrucou o professor.

— Diga-me então – Provocou James.

Um silencio se fez, o professor caminhou até o jovem Moriarty, e falou:

— Ele é quem nos dará a resposta.

Novamente o silencio veio à tona, Moriarty continuava imóvel. O professor o cutucou algumas vezes e então finalmente Moriarty moveu-se, um rastro de saliva escorria pelo canto de sua boca, ele bocejou e olhou para o professor, seu cabelo longo e preto escondia seus olhos de cor prata, permitindo que o professor meramente visse as olheiras escuras que marcavam a face do Moriarty e contrastavam com sua pele branca como a neve. Um sorriso gentil marcou sua face enquanto ele se espreguiçava.

— Imagino que tenha como nos dar a resposta. – Disse Arthur tentando reconhecer aquele aluno.

— Resposta? Para o que? – Falou Moriarty

A Minha PazWhere stories live. Discover now