Capítulo 7

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— Mora nessa mansão? — falo boquiaberto, estacionando minha moto no meio fio da estrada

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— Mora nessa mansão? — falo boquiaberto, estacionando minha moto no meio fio da estrada. Olho para mansão enorme e moderna que está logo a minha frente. Vim deixar a Dama em casa, depois do meu surto ao vê-la no meio da periferia, com vários traficantes, drogados ao seu redor.

Porra! Eu quase perdi a cabeça com o Trevor quando ele pensou em fazer algo contra a Dama. A Cindy é maluca de ir para lá, ainda mais sozinha. Morar na periferia é fodido, não tem segurança e nada que preste. O Trevor comanda tudo na periferia do sul, ele é um filho da puta, mas devo seguir cada ordem dele.

Ele manda na porra toda e eu preciso obedecer -o se não quiser morrer. O quer está me deixando mais apreensivo é o fato de ele achar que eu me importo com a Cindy, e em um futuro possa usar ela contra mim. Pode a machucar e não quero isso. Ela não pode se envolver em nada que se refira a mim, muito menos comigo.

— Moro sim, Xavier — ela frisa o "Xavier", e reviro meus olhos — Até mais! — ela diz, descendo da minha moto, quando pisa na estrada, arruma seu vestido e o cabelo — Você não vai embora? — indaga, cruzando os braços e nego.

— Vou esperar você entrar, Cindy — digo dando de ombros, tiro meu capacete colocando no banco da motocicleta. Percebi que a sua casa é bastante longe de onde moro, é no lado norte de Chicago, e eu moro no sul.

Haja gasolina! Não que eu esteja pensando em vim na casa dela algum dia, longe de mim fazer isso.

— Tá — resmunga e se vira para caminhar até o grande portão com grades. A mansão parece ter uma segurança bem reforçada, não é para menos, já que é isolada no meio do nada, com muitas árvores ao redor —Adeus, Vagabundo! — diz parando e olhando para trás. Controlo a maldita vontade de ir atrás dela e sentir seu cheiro doce.

— Adeus, Dama! — digo assim que coloco meu capacete de volta. Ela sorri, acena com a a mão, e logo depois me mostra seu dedo do meio. Solto uma risada, pisco para ela e mando um beijo. Vejo ela revirar os olhos, e sai resmungando algumas palavras baixinho.

Hora de voltar para o meu barraco e fingir que nada aconteceu. Espero ela entrar em casa e ligo minha moto e saio acelerando.

•••••

Pego a chave da minha casa no bolso da bermuda, abro a porta do meu barraco e entro. Fecho a porta e abro a janelinha pequena que ela possui. Me agacho, colocando o meu capacete no chão, escuto um coçar de garganta e levanto minha cabeça. Vejo a Valerie jogada no meu sofá, enquanto bebe uma cerveja.

—Afasta! — digo caminhando até o sofá e ela levanta as pernas, me sento e a mesma deixa sua pernas no meu colo. Pego a cerveja da mão dela e dou um gole.

— Deixou a patricinha em casa? — Valerie indaga curiosa e aceno com a cabeça — Hum, rolou um beijinho pelo menos? — nego — Sério Xavier? Nem um beijinho? — nego outra vez.

—Não posso ficar com ela, Vale —digo, coçando meus cabelos.

A Valerie é minha amiga, a única que tenho, a conheço desde os dez anos, quando ela veio morar aqui. Somos só amigos, nunca rolou nada entre nós dois, a considero uma irmã.

— Esse é o bom da história, você não pode mas vai ficar. Você não pode mas quer! A Cindy Padilla tem cara de ser aquelas riquinhas rebeldes!_
— exclama divertida e solto uma risada.

— Ela é meio rebelde mesmo —
— digo, lembrando dela — Mas é uma Dama, uma garota com quem não posso ficar. Já deu merda demais hoje, o Trevor deve estar achando que eu me importo com ela e pode usá-la contra mim. Preciso ficar longe! — esfrego meu rosto com as mãos.

— Se você não se importasse com com ela, não estaria quebrando a cabeça com isso agora. E nem teria a defendido hoje mais cedo. Tá' na cara que estão afim um do outro — Brigaram?

— Meio que isso, na verdade, estamos longe um do outro. Fingindo que nunca nos conhecemos — faço uma pausa — Só que a Dama disse que iria me enlouquecer, não entendi isso ainda — falo confuso. A Valerie solta uma risada escandalosa.

— Você tá' fodido! — exclama, gargalhando ainda mais — Vou te dar um conselho: Faça amor, não faça guerra! Se entrar em um jogo com a patricinha, você vai perder feio! — se levanta e a olho sério — Ela vai te deixar louquinho... — começa a cantarolar, rodando pela sala.

— Vai se ferrar, Vale! — exclamo, pegando uma almofada e acertando na perna dela.

— Vou atrás de um sugar daddy da área nobre, me deseje sorte! — exclama brincalhona e solto uma risada. A Valerie é maluca. A mesma sai da minha casa, levanto do sofá, caminhando até o meu quarto.

Tiro minha camisa e deixo no chão, me jogo na cama. Pego um travesseiro colocando em baixo da cabeça e fecho meus olhos tentando dormir.

Resmungo irritado pois não consigo tirar a Cindy da cabeça. Porra Dama, vai me perseguir até nos meus sonhos!

Cacete!

•••••

Abro a porra do livro cheio de ódio.

Quem teve a ideia de colocar uma segunda-feira como um dia de aula? Puta merda.

Cheguei no colégio pela manhã, fui ao dormitório deixar as minhas coisas. Odeio esse colégio, cheio de regras, uma delas é de não falar palavrão e isso é muito ruim porque sempre falei palavrão. Também preciso agir com educação, delicadamente e sem ser bruto. Fingir ser alguém que não sou.

Estou irritado por mais um motivo. A Dama está sentada ao lado de um mauricinho de cabelo lambido, e parece estar em uma conversa bem divertida.

— Sério, Mattel? Meu Deus, você é mais incrível do que imaginei — Cindy diz, tocando a bochecha dele. Fecho a cara automaticamente e olho mortalmente para esse tal Mattel que está virado de costas para mim.

— Quer matar o cara? Olhando para ele desse jeito? — Jonny pergunta com um sorriso divertido no rosto — Tá' com ciúmes da Cindy, Xavier? É isso mesmo que estou vendo? Puta merda, cara! — ele solta uma risada e não olho para ele. Apenas foco minha atenção no mauricinho, enquanto passo o dedo pelo lápis que seguro na mão direita.

— Você é tão engraçado — Cindy diz e  solta uma risada, ela senta de lado na sua carteira e passa a mão na nuca dele que está sentado ao seu lado. Cadê a porra do professor para acabar com essa pouca vergonha? — Ir mais tarde para o seu quarto? — fecho meus olhos respirando fundo e tentando procurar um pouco de paciência — Quer me mostrar uma coisa? — acaricia a nuca dele e sinto as veias do pescoço pulsando. Ela olha de soslaio para mim e dá uma piscadinha.

— Diaba — sussurro, olhando para aquela dama fodidamente bonita.

— Me mostrar uma coisa grande? — olho para ela, que me olha com um sorriso divertido dos lábios — Me mostra agora, estou louca para ver! — sussurra para ele mas consigo ouvir. Escuto um barulho de algo se quebrando, olho para minhas mãos vendo o lápis de madeira quebrado — Nossa! — murmura, olhando para mim e fascinada nas veias do meu braço que estão evidentes — O que você tava falando mesmo, Mattel? Quer ir no banheiro comigo? — cerro os punhos.

— Quero sim, lindinh... quer dizer, gostosa! — o merdinha do Mattel diz e me levanto brutalmente, cheio de raiva. Aperto minhas mãos e encaro mortalmente aquele engomadinho filho da puta.

Puta merda, bem que a Valerie falou.
A Dama vai me deixar louco!!
Inferno!

Pecados da Dama e a Redenção do VagabundoWhere stories live. Discover now