Capítulo 25🌼Margaridas🌼

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"Escolhe um trabalho que goste e não terás que trabalhar nem um dia na tua vida."

(Provérbio Chinês - Confúcio)

■ Lizandra ■

A primeira aula rendeu mais do que eu esperava. Conseguimos reunir um total de oito crianças, mas outros já pediram para participar de nosso próximoencontro. O grande desafio é tirar as dúvidas e acompanhar cada um em particular, já que são crianças de idades e níveis de conhecimentos variados. Porém, acredito que se houver interesse e esforço de todos conseguiremos ter êxito.

Começamos com uma conversa bem descontraída, onde aproveito para me apresentar e conhecer um pouco mais das crianças da Vila.

Usamos o prédio novo que Bruno mandou construir para dar início ao seu projeto. Mas minhas aptidões com as ciências biológicas falam mais alto e terminamos nossa primeira aula ao ar livre examinando plantas, animais e aprendendo as principais características de alguns seres vivos. A cada novo achado, surgia uma nova pergunta e enquanto eu explicava, todos sentavam ao redor para ouvir e tirar dúvidas.

Atrás da Vila residencial encontramos uma extensa campina cheia de margaridas e árvores frutíferas onde as crianças correm acompanhadas por um empolgado Detonalta, que adora bagunça. Alguns colhem flores e me oferecem.

Apesar de minha grande paixão ser a pesquisa de campo, acho que transmitir conhecimento é dever de todos. Se eu puder ensinar algo para essas crianças, será uma grande satisfação. Me distraio com as conversas e a bagunça e acabo esquecendo a tensão que ficou entre Bruno e eu depois do café da manhã.

__ Professora Liz! Eu e os outros meninos vamos pegar algumas mangas no pomar. Tem uma mangueira carregada lá. Você quer uma?__ Pergunta Guido, acompanhado de dois meninos de sua idade.

__ Mas é permitido tirar as frutas assim?__ Fico receosa.

__ Sim! O patrão de meu pai, Seu Bruno, é muito bonzinho. Disse que podemos pegar quantas frutas quisermos, contanto que não deixemos estragar.__ Diz o outro menino chamado Felipe e que todos chamam de Lipe.

__ Ah, tá! Então irei com vocês para ver se não é arriscado. __ Digo me levantando do gramado e cortando o discurso do garoto em exaltação ao patrão do pai, que por acaso é o mesmo homem que tem deixado minha cabeça totalmente confusa.

A mangueira é frondosa e com muitos galhos, mas ainda assim, alta demais para as crianças. Já um adulto de minha estatura consegue subir tranquilamente pelos galhos baixos até os mais altos e alcançar as mangas maduras.

__ Faremos assim, subirei na mangueira e vocês ficam aqui embaixo pegando as mangas que eu jogar lá de cima. __ Os meninos ficam empolgados, disputando quem será o primeiro a pegar uma manga.

Detonalta não gosta nenhum um pouco da ideia de me ver escalando a mangueira. Fica latindo no pé da árvore. Olha para o alto e pula entre os meninos. Quando alcanço a terceira manga em um galho mais alto, levanto a cabeça e tenho uma visão privilegiada do fim da campina de margaridas e do início de uma plantação de cana.

Mas o que mais me chama a atenção, é a presença de um homem, com um macacão especial, chapéu e óculos de proteção, que impedem de ver seu rosto. Ele carrega um pequeno abastecedor nas costas e uma espécie de maçarico. Atea fogo em pequenas moitas de capim seco. Caminha até uma certa distância e repete o processo. Isso está originando uma nova queimada na fazenda.

__ Ei!__ Grito.__ Ei!__ Ele levanta a cabeça. __ O que está fazendo?!__ Gesticulo.

Quando me vê em cima da árvore, sai correndo. Entra no canavial e desaparece...

Fazenda 3 irmãos-No Vale do Café. Vol.1 Onde as histórias ganham vida. Descobre agora