Capítulo 38🍁Final-Parte II

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■Bruno■

Após uma ducha, saio do banho com uma toalha enrolada na cintura. Me encaro no espelho. Mantenho um sorriso bobo no rosto por causa da noite passada. Lizandra é a única que faz eu me sentir assim. Me comporto como um adolescente apaixonado. Ela me quebra totalmente. Se soubesse todo o poder que tem sobre mim, eu estaria perdido. E quanto mais o tempo passa, mas me apego, mas dependo do seu jeito, do seu cheiro e de sua presença. Ela ocupa todos os meus pensamentos.

Me torno um egoísta no que se refere a sua atenção. Quero ela só para mim. Sei que isso soa obsessivo. Tenho que controlar meu gênio e meu ciúme. Não quero assustá-la. Vou lutar para manter o autocontrole e não estragar tudo dessa vez. Finalmente sinto esse tal processo de cura que ela tanto fala. Com ela passei a sentir esperança...

Atravesso o quarto e pego um jeans e uma camisa no armário. Me visto e desço ansioso para convidar Lizandra para um programa a dois no centro da cidade. Mas quando chego no hall de entrada do casarão escuto a buzina insistente de uma das caminhonetes da fazenda. Olho pelo janelão e vejo Venâncio vindo em alta velocidade.

Aconteceu alguma coisa!

__ Venâncio! O que houve?__ Pergunto descendo rápido os degraus da escada  principal.

__ Não viu a fumaça vinda da direção do haras?!__ Venâncio aponta para o céu.__ Os homens viram de lá da Vila! Estão todos correndo para tentar salvar os cavalos.__ Olho para o céu em direção ao haras e vejo a imensa mancha de fumaça escura.

Um sentimento muito ruim se apossa de mim e só consigo pensar em uma coisa "Lizandra". Ela vive enfurnada no haras desde que ganhou aquele potro.

__ Vá na frente Venâncio! Vou conferir algo e vou logo atrás!__ Entro correndo no casarão gritando por ela.

__ O que houve?__ Pergunta Dodô vindo da cozinha assustada com meus berros.

__ Você viu a Lizandra, Dodô?__ Pergunto começando a subir as escadas.

__ Não! Mas o que houve?__ Deixo Dodô falando sozinha.

No segundo andar dou de encontrão com Katiane e logo atrás vem Elias, Betina e Vladimir saindo de seus quartos. Todos alarmados com meu escândalo.

__ Algum de vocês sabem onde Lizandra está?__ O suor começa a escorrer de minha testa.

__ Sim, encontrei com ela agora a pouco. Estava indo ao haras para ver o potro.__ Responde Katiane sem entender meu desespero.

__ Não!__ Saio correndo aos tropeços, quase caindo da escadaria. Já lá fora, entro em minha picape e dou partida em alta velocidade...

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O fogo está alto e já consumiu boa parte da entrada do haras. Os homens correm de um lado para o outro e mais gente vai chegando. Alguns animais, que conseguiram escapar, caminham agitados e desnorteados pelo local. Encaro as labaredas que ainda consomem parte da madeira do portão de entrada. Então ouço vozes. São gritos, choros e lamentos. Minha mãe clama por socorro e grita os nomes de meus irmãos. Ouço as vozes de meus dois irmãos mais novos pedindo ajuda. Estou parado em frente ao gramado do antigo casarão da Vila de São Miquéias e não posso fazer nada para ajudá-los ou ao menos aplacar aquela dor...

__ Bruno! Bruno!__ Olho para o lado e vejo Venâncio me gritando como se estivesse em uma espécie de câmera lenta. Sua fisionomia é de desespero. __ Ela deve estar lá dentro!__ Olho para as chamas e para minhas mãos. Os nós estão brancos de tanto apertar o volante.

Meu Deus! Eu estava em uma espécie de alucinação! Estou misturando o presente com o passado!

__ Não!__ Ouço novamente um grito. Viro para o lado e vejo Katiane chorando. Betina e Dodô choram abraçadas. E Elias grita um nome...

Fazenda 3 irmãos-No Vale do Café. Vol.1 Onde as histórias ganham vida. Descobre agora