[1] - Imposições

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E vamos ao primeiro capítulo! Ele é mais curtinho porque é introdutório, mas creio que os outros capítulos ficaram numa média de 3K a 5K de palavras.

Espero que gostem e boa leitura <3

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"Você precisa tomar jeito na sua vida" era a frase que ecoava na cabeça de Seokjin naquele momento. A voz estridente e completamente furiosa de seu pai ia e voltava, mesmo que ele tentasse se distrair enquanto dirigia, apertando o volante com mais força que deveria. O que "tomar jeito" significava no fim das contas? Trabalhar? Ele já tinha um emprego, mesmo que soubesse que não precisasse disso. Constituir uma família? Não, era um pensamento muito antiquado em sua visão e mesmo se ele quisesse, seu pai não estaria nada feliz com seus termos.

O caso é que ele sabia que seu modo de vida estava incomodando. Era confortável ser filho de um homem rico e bem sucedido, mas este mesmo homem não estava nada satisfeito em ver seu único filho, um rapaz de 28 anos, apenas perambulando por aí enquanto chefiava o marketing de uma das muitas empresas de sua posse.

Kim Seokjin só queria viver a vida à sua maneira, não nas condições de seu pai. Trabalhava oito horas por dia como qualquer pessoa, morava em um bom apartamento e tinha um carro confortável. A mãe sempre passava a mão em sua cabeça, sabia que o pai era um tanto duro, mas talvez esse fosse o maior motivo para que o rapaz tivesse acomodado com a situação.

Ele não iria buscar mais do que isso, pois já estava bom. Se as coisas apertassem, seu pai e o número estrondoso de zeros em sua conta bancária iriam socorrê-lo, sua mãe o acolheria e tudo ficaria bem. Então para que mais do que isso? Tomar jeito? Francamente...

Seokjin guiava o Volvo XC60 preto pelas ruas, chamando a atenção de amantes de carros grandes, mas querendo apenas ficar dentro de sua bolha de frustração enquanto ia para o escritório. Com certeza ele ouviria mais uma sessão de gritos inconformados enquanto seu pai lhe sentenciaria a algo que ele não estava disposto a fazer. Mas no momento não tinha muito para onde correr.

O celular tocou abafando o som do rádio que tocava qualquer música e pelo painel do carro ele atendeu a ligação, vendo previamente que se tratava de seu melhor amigo e colega fiel de trabalho.

— Jin, vai demorar muito? — indagou um tanto ansioso?

— Chego em dez minutos, Yoongi. Por quê? — respondeu com a voz cansada.

— Seu pai está prestes a abrir um buraco no chão da sua sala de tanto que anda pra lá e pra cá — segredou nervoso. — Eu acho que eu sei o que ele quer e dessa vez você vai surtar.

Ele soltou um longo suspiro, já deveria saber que enfrentaria uma bomba logo mais. Quando seu pai saía de seu escritório e atravessava a cidade, nunca era por acaso. Seokjin não estava mesmo disposto.

— Segure ele aí, eu já chego e eu vejo o que faço. Ontem a gente discutiu e a coisa não vai ficar muito bonita.

De novo o mesmo assunto?

— Sempre o mesmo assunto...

Não era de hoje, nem de ontem que Kim Haneul esperava que o filho se movesse e deixasse a comodidade. Não era porque a família tinha poder aquisitivo — conquistado com muito suor e trabalho de Haneul — que Seokjin poderia simplesmente achar que a vida era feita apenas de rosas.

Haneul nasceu e cresceu pobre, trabalhando em todos os empregos braçais possíveis, até conseguir juntar dinheiro para abrir um pequeno restaurante. Com muito esforço ele fez seu negócio crescer, conquistou corações e clientes, assim viu todo seu trabalho se expandir até ser dono da maior franquia de restaurantes da capital coreana, o Sindeul-ui Menyu. Lhe doía na alma ver que seu filho não fazia nem metade da metade do mesmo esforço, estando conformado em ter uma vida fácil, não queria que ele fosse alguém esnobe por já ter tudo. Seokjin podia conquistar muito mais.

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