1 - Uma noite atípica

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Lá está o porco imundo fazendo mais um negócio.

-Fala aí meu jovem! Veio se divertir? Pode escolher. - ele gesticulou para nós.

Até agora esse estava sendo um dia comum, mal sabia eu que aconteceria uma coisa diferente. Uma coisa relacionada a um carro preto de luxo, polido e reluzente. A mesma merda de carro no qual aquele porco imundo se escorava nos oferecendo como mercadoria à beira da rodovia.

-Tem limite de tempo? - o rapaz pergunta de dentro do carro.

-Irmão, pagando pode ficar com ela a noite toda. - dizia o porco.

O rapaz logo tirou do bolso um bolo de notas e entregou ao cafetão, que começou a contar de imediato muito animado. Tenho certeza que aquele dinheiro pagava bem mais que uma noite.

-Pode escolher colega!

-Qual o nome daquela do meio? - o estranho sussurra.

Eu ri, tenho certeza que aquele cafajeste não se lembrava do nome de nenhuma de nós.

-A mulata? É ela que você quer?

-Não! - ele disse firme - Me diga o nome.

-Eu não sei. - ele disse cabisbaixo como quem sofre uma derrota.

-Eu imaginei. - o rapaz suspirou - Eu quero a da ponta, a morena com a camiseta do AC/DC.

-O que? - ele olhou espantado para mim.

Eu também pasmei.

O primeiro cliente da noite vai me levar por uma noite inteira?

-Aquela do canto? Eu só recebo reclamações dela. Talvez queira uma menos fresca...

-Mande-a entrar no carro. Agora. - o estranho era firme e rude.

"Oh céus essa vai ser uma longa noite..." eu pensava comigo mesma enquanto o cafetão se aproximava intimidadoramente.

-Se me fizer perder mais um cliente eu juro que eu te mato. Entra logo na porra do carro. - ele sussurrou.

Eu entro no banco do carona com os ombros encolhidos e visivelmente tímida. Ele é desconcertantemente lindo e me lança o sorriso mais encantador que eu já vi. Ele parece esperar algo de mim e eu demoro para saber o que é.

-Ketlyn. - sussurro ainda tímida.

Mas o que estava acontecendo comigo? Isso não tinha nada a ver comigo, eu não costumava ser tímida com os clientes, mas este era intimidador.

O cafetão abre um sorriso fingido e volta para a janela do rapaz.

-Olha, tem um motel baratinho aqui perto, é seguindo essa rua e virando na...

-Motel barato? - o rapaz interrompe repetindo com desdém ao acelerar e fazer com que o cafetão se desequilibrasse e quase se esborrachasse no chão.

Ele era lindo, forte, sensual. Podia jurar que suas sobrancelhas eram mais bem feitas que as minhas. O cara era visivelmente um modelo fitness de academia, porque alguém assim precisaria de uma prostituta? Ele poderia, com certeza, ter qualquer mulher que ele quisesse. Abri a boca para falar algo, mas ele me interrompeu quase como se soubesse o que eu ia perguntar.

-Vamos para minha casa.

Continuo fitando-o com curiosidade, abro a boca novamente para mais uma pergunta, mas assim que ele me olha e sorri eu perco o fôlego e esqueço o que ia perguntar.

-Tenho 23. - ele diz sorrindo, mas eu não sei se ela isso mesmo que eu queria perguntar - Mais alguma pergunta?

-Anal? - tentei não demonstrar meu receio ao perguntar.

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