9 - Velhos clientes

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Já fazia uma semana que eu não saía de casa. Meus hematomas ainda eram visíveis, claro, mas já não doíam tanto, logo eu não tinha mais desculpa para dar a Camila, que estava indo para o ponto toda noite como uma puta responsável e muito comprometida com nosso sonho de independência.

Coloquei uma calça jeans, uma blusa de babado branco e levei um salto vermelho na bolsa da escola. Depois da aula eu iria para o "grupo de estudos"' com a Camila.

Caminhamos em silêncio até o ponto. Permaneci em silêncio e cabisbaixa entre as garotas.

A boate estava movimentada e agora ao invés de ficarmos do lado de fora havia uma área para nós la dentro.

Antes, Ricardo nos mantinha na beira da rodovia a uma distância grande suficiente para não arranjar briga com os donos da boate, mas aparentemente agora tínhamos um acordo...

Pergunto-me o que Alex fez para conseguir, já que eu sabia que Ricardo estava tentando isso a anos...

Enfim... Bora trabalhar neh... Porque aquele cartão preto basicamente só serveria para dividir carreira de cocaína já que eu não sabia a senha (não que eu usasse cocaína, claro...).

Era muito melhor no espaço vip da boate. Havia sofás confortáveis para esperarmos enquanto os mesmos velhos clientes vinham nos escolher, nos enfiar em seus carros e levar para algum lugar ao acaso.

E sim, havia quartos na boate, mas aparentemente eram mais caros que os do motel da esquina. Esse era o motivo principal dos donos da boate não gostarem da gente, éramos putas baratas que desvalorizavam a boate e não gerávamos muito lucro pra eles  já que nossos clientes não costumavam ser ricos como o Alex.

-Está linda como sempre, Ketlyn. - Carlos dizia ao me ver.

Era um cliente antigo, já havia dormido com ele umas 5 vezes no mínimo, ao menos uma vez por semana ele vinha e cada vez pegava uma diferente. Era rude e violento, mas pagava sempre a mais. Saí no soco com ele 2 vezes, mas basicamente só apanhei e levei bronca do cafetão.

-Ah vai se ferrar Carlos...

-Acho que hoje eu quero uma que dá trabalho... - ele sorria e brincava com os colegas ao seu lado. Já estava visivelmente bêbado.

-Amiga... - Camila sussurra e eu sei que ela quer que eu abaixe meu tom para não apanhar.

-250. - disse sem pensar.

-É feita de ouro agora? Está louca?

-300. - digo bem séria.

Baixou a puta de luxo em mim? Não.

Porém eu simplesmente não queria que ele me escolhesse. Devia ter pedido mil neh... Mas não queria chatear a Camila deixando tão na cara que eu não queria trabalhar...

Ele sorri e me pega pelo pulso.

-Vou fazer valer a pena. - ele responde.

"Ah que porra..." eu pensei.

-Cuidado amiga. - Camila sussurra enquanto sou levada pelo Carlos.

Ele me arrasta e me joga dentro do carro.

Não ter um cafetão tem suas vantagens e suas desvantagens.

Se o cliente não me pagasse o cafetão iria atrás dele. Mas hoje se ele não me pagar ele apenas não vai me pagar mesmo, e eu poderia amanhecer desovada em um matagal qualquer. Será que os donos da boate estão anotando a placa? Ricardo fazia isso... Sei lá qual é o controle deles.

Carlos era outro playboyzinho de merda, claro que não era nem de longe tão rico quanto Alex...Devia ter um metro e setenta e cinco mais ou menos, branco, o típico maromba de academia que não treina as pernas e toma tanto suplemento que acaba ficando inchado demais, uns 26 anos talvez, por ai, um HB20 branco bem polido (mas Ketlyn como você sabe disso se não entende de carros? Simples, o filho da puta só sabe falar disso e ama o carro mais que a própria mãe...), e um mal gosto para motel, mas era compreensível já que precisava dele toda semana, as vezes 2 ou 3 vezes na semana.

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