4. Sweet Dreams

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Boa leitura❤️

🗽

Harry respirou fundo ao olhar para cima, estava diante de um prédio alto – quatro andares, o que era bastante para uma época em que elevadores de passageiros não existiam – e mordeu o lábio, temeroso. Estava noivo de Louis há uma semana e desde então não teve a oportunidade de conversar com o alfa que em pouco tempo seria seu marido e dividiria a vida. O ômega não queria o casamento, ninguém gostaria de se casar com alguém que não amava ou simplesmente não conhecia, mas infelizmente era a sua melhor escolha.

Como ele queria poder ter oportunidades como os alfas! Desejava tanto poder escolher uma carreira por si mesmo e ser dono de seu próprio destino, mas haviam pouquíssimas chances para um ômega. A profissão mais aceitável era de datilógrafo, para trabalhar com a máquina de escrever em repartições repletas de alfas. Já era uma luta fazer datilografia, era ainda mais difícil se manter naquele ambiente tão opressor e sendo visto como objeto sexual pelos colegas de trabalho, sendo assediado e, não raro, violentado.

Além disso, a carreira de datilógrafo tinha seu fim com o matrimônio. Solteiro, um ômega até poderia trabalhar, mas casado as coisas mudavam de figura. Tinham a obrigação de servir ao marido e cuidar da casa e dos filhos, se dessem sorte teriam um bom esposo, mas infelizmente era comum que tivessem uma vida sofrida nas mãos de um alfa autoritário e ciumento. A vida de ômega não era fácil e Harry era privilegiado, era rico, e mesmo assim era tão difícil.

Apesar de suas constantes reclamações sobre a sociedade – que tinham razões muito plausíveis, aliás – ele seguiria o que era esperado de sua classe porque discutir com Liam não era uma opção. E também porque se não fosse Louis, seria alguém pior ou tinha a possibilidade de se tornar um solteirão humilhado e ter de recorrer a situações degradantes para poder comer caso seu provedor – Liam – morresse. Harry odiava ser ômega naquele período, tudo era tão injusto e se sentia tão oprimido naquele mundo mandado por alfas, mas na verdade tinha muito orgulho de ser quem era.

Se pudesse ter escolhido, teria optado por ser ômega. Orgulhava-se de sua classe, orgulhava-se dele. Sabia como aquilo era precioso, como era forte e capaz de fazer qualquer coisa que alfas faziam. Harry foi criado para ser corajoso e não abaixar a cabeça para nenhum alfa, mesmo que estivesse com medo. Às vezes era inevitável não se encolher temendo a reação, mas geralmente não se calava. Sua timidez constante – que ele não gostava, aliás – dava a impressão que não passava de um ômega frágil e recatado, mas ele era forte. Harry não fugia da briga.

Além disso, só poderia realizar seu sonho sendo ômega. Queria um bebê. Gerar um bebê. Sempre quis um filhinho, sabia que sua criança o amaria incondicionalmente assim como a amaria de volta e, mesmo que em seu casamento não tivesse amor por parte do marido, sabia que entre ele e seu bebê só existiria carinho e ternura. Seria o seu verdadeiro amor, a forma mais pura e duradoura daquele sentimento tão bonito que tanto desejava receber e distribuir.

Harry não passava de um pobre garoto rico. Tinha tudo que desejava, roupas caras, joias, acessórios de seda, objetos de desejo, absolutamente tudo. Se fosse tangível, podia comprar. Todos aqueles bens não trariam de volta os seus amados pais, que perdeu tão cedo na vida. Tinha Liam, seu irmão que tanto amava e sempre amaria, mas ele não era presente. A vida na gangue era corrida e perigosa, passava muito tempo fora de casa e Harry ficava sozinho na maioria dos dias. Niall tinha seus próprios afazeres como ômega casado e, no fundo, Harry almejava alguém que pudesse lhe dar carinho.

Não queria que Louis o amasse ou ficasse com ele o tempo todo, só desejava que ele fosse presente. Que ele o escutasse e fosse um bom ouvinte, que não dissesse que os problemas do ômega eram frescura ou ataques de histeria. Seu único desejo era ter um marido que perguntasse como havia sido seu dia, que se preocupasse com ele. Que fosse seu amigo.

1899 | Larry Stylinson Where stories live. Discover now