Capítulo 33

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Emma demorou pra pegar no sono, como de costume. Aquela agitação não tinha ajudado nada sua insônia. Com o celular na mão a noite toda ela resistiu à tentação de ligar para Melinda e saber se estava tudo bem, se tudo tinha se resolvido ou se algo tinha acontecido. Mas sabia que se algo saísse do controle Melinda procuraria por ela. Bom... Ao menos esperava isso.

Ela não soube exatamente que horas pegou no sono enquanto tentava assistir algo para distrair sua mente, mas ao menos tinha conseguido. Também não soube que horas eram quando acordou com batidas insistentes na porta. Droga. Ela não tinha um dia inteiro de sossego, não era? Quem deveria ser tão cedo... Ou tarde, não sabia exatamente.

Praticamente se arrastando até a porta, Emma abriu e deu de cara com Vic, o que fez todo seu sono ir embora instantaneamente. Emma não falou nada, estava extremamente confusa, tinha acabado de acordar, sequer estava enxergando direito. Não fazia ideia do que ela queria.

- Emma. Finalmente bati na porta certa. Me desculpa, te acordei?

Hoje ela parecia mil vezes mais calma, o que fez Emma franzir a testa. Não esperava essa reação. Na verdade, estava esperando mais um show de gritarias, mas a garota estava falando com um tom surpreendentemente calmo.

- Vic. O que está fazendo aqui?

- Posso entrar?

Quando Emma hesitou, ela completou:

- Vim em paz. Prometo.

- A Melinda te mandou aqui?

Vic suspirou devagar. Ela estava com os olhos inchados obviamente resultado do choro do dia anterior e seu semblante não poderia ser mais triste.

- Não, ela não sabe que eu estou aqui.

Depois de raciocinar um pouco Emma abriu mais a porta dando espaço para ela entrar e logo fechou a porta.

- Quer sentar? – Emma perguntou já se sentando.

Vic sentou do seu lado e parecia nervosa, enxugava as mãos na calça várias vezes e respirava fundo outras várias vezes.

- Eu queria me desculpar por ontem. Eu... estava fora de mim. Tinha acabado de descobrir que... Bom, você sabe. Eu não queria ter falado aquelas coisas e nem me alterado daquele jeito, eu não sou assim.

Emma não poderia estar mais surpresa com o que Vic estava falando. Ela esfregou os olhos e o cabelo enquanto processava tudo aquilo.

- Está tudo bem, você estava nervosa. – Emma arranhou a garganta. – Eu... Também te devo um pedido de desculpas.

- Você a ama de verdade? – Vic a cortou, olhando no fundo dos olhos de Emma.

- Eu a amo. De verdade. – Emma não hesitou um só segundo para responder.

- É... Eu também. – Vic suspirou mais uma vez e parou de olhar para Emma, dessa vez encarando o chão.

Então continuou.

- Mas o problema é que ela não me ama.

- Eu não acho que ela não te...

- Não, claro, ela se importa comigo, me ama de alguma forma, mas... – Vic estava visivelmente tentando controlar o choro, não precisava ser um detetive pra perceber isso. – Mas ela não me ama como ama você.

Houve uma longa pausa. Emma realmente não sabia o que dizer naquela situação delicada. Negaria? Concordaria? Nada disso ajudaria em nada. Vic continuou.

- Quando eu a conheci eu sabia que ela tinha passado por um término complicado. Sabia que ela ainda te amava, ela mesma me disse isso. Mas... Eu achei que eu ia conseguir mudar isso, sabe? Achei que eu ia conseguir conquista-la e fazer ela esquecer você. Por um tempo eu achei que tinha conseguido, mas ela dava pequenos sinais... E aí você voltou. Eu fiquei com tanto medo de perder ela que eu fiz aquela loucura de a pedir em casamento, em local público, com uma multidão de testemunha, assim eu tinha certeza que ela não diria "não"... Ela não faria isso, sabe? Eu sei que é errado encurralar alguém desse jeito, mas... Não sei, eu estava com muito medo de perde-la.

Touch Me (Romance Lésbico)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora