Noite feliz

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A semana passou tão rápido que eu mal percebi. Marta me ligou algumas vezes, e me enviou fotos para que eu opinasse na decoração natalina, ela já tinha ido para a casa que celebraríamos o natal todos juntos, e torço para que seja uma semana tranquila.

Eu estava conferindo as malas depois de chegar do trabalho, quando vi o Flávio aparecer, terminei rapidamente e ele foi levando as coisas para o carro, enquanto eu terminava de fechar as portas e janelas antes de sairmos. Flávio me falou por cima quem estaria conosco no natal, e grande parte da família dele que eu já conhecia estaria presente.

— Minha mãe até repensou sobre o natal, por medo de ser mal interpretada. — Disse ele ainda falando sobre a família.

— Pela morte da sua tia?

— Sim... eu estava dizendo para minha mãe que não tem nada a ver, comemorarmos o natal não significa que não sentimos a perda da tia Ângela.

Conversamos todo o percurso, e parecia um pouco mais longo o caminho, isso porque as estradas estavam mais movimentadas do que nunca. Eu acabei cochilando, e acordei quando Flávio estacionou ao lado de um carro.

Marta estava sentada ao lado da Ingrid do lado de fora da casa, elas tomavam cervejas e sorriam levemente. Ingrid me encarou, enquanto mexia o sabugo de milho, vulgo cabelo oxigenado que ela tinha naquela cabeça gigante.

— Que bom que chegaram. — Disse Marta se levantando e se aproximando de nós. — Deixei uns sanduíches prontos, imaginei que chegariam com fome.

— Obrigada. — Respondi.

Entramos na casa, e Flávio foi levar as coisas para o quarto, enquanto eu organizava o nosso lanche. Ingrid entrou na cozinha e me olhou furiosa, abrindo a geladeira e saindo com cervejas.

— Ela que não me provoque. — Disse baixinho lavando as mãos.

— O que disse, amor? — Flávio abraçou minha cintura e beijou meu pescoço.

— Não sabe que falo sozinha? Não era nada! Vem, vamos comer.

Comemos nossos sanduíches, e Flávio me chamou para aproveitarmos um pouco a piscina. Subi para o quarto e coloquei um biquíni descendo em seguida. Quando me aproximei, ele agarrou minha cintura pulando comigo, quando olhei, Marta estava sozinha olhando para nós ali.

— Vem, mãe. Está calor. — Gritou Flávio.

— Vou me deitar, filho, estou cansada. Boa noite meninos, tranque as portas Flávio. — Disse ela se despedindo.

Ficamos ali por mais algum tempo, mas o meu pensamento estava longe, saber que elas estavam juntas mexia muito comigo, embora eu soubesse que era um pensamento errado.

Pela manhã, grande parte da família já estava na casa, ouvi conversas acaloradas e a voz do Flávio alterada. Me aproximei e vi que eles discutiam em um canto afastado da casa, Flávio estava vermelho e gesticulava, eu não sabia bem qual era o assunto, mas não podia deixar que aquilo acontecesse.

— Eu vou embora, eu não sou obrigado a presenciar isso. — Disse ele irritado sem perceber minha aproximação.

— O que houve? — Toquei em seu braço e por um momento vi que ele recuou.

— Conta pra ela, mãe. — Pediu ele, Marta estava com as bochechas avermelhadas.

— Seu noivo acha que devo me tornar freira, Melissa. — Disse olhando para mim. — Porém quem morreu foi o seu pai, e não eu. — Ela encarou ele que estava irritado.

— Mas logo ela? Eu conheço a Ingrid desde que eu era criança, ela é minha madrinha, dona Marta!

— Marta, não se preocupe, me deixe falar com ele. — Toquei seu braço com carinho e ela assentiu.

Por acaso Where stories live. Discover now