Marta

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Marta

Eu costumava não acreditar em destino, amor à primeira vista, ou coisas do tipo, porém parece que quanto mais não acreditamos em alguma coisa, a vida vem e esfrega no nosso nariz, para provar que na verdade, não sabemos nada sobre os mistérios que nos cercam.

Lembro-me perfeitamente do dia em que nos conhecemos, eu cheguei de Londres e fui para um hotel descansar já que meu apartamento estava em reforma, e em dado momento, o tédio me fez sair do hotel a procura de alguma mísera diversão, o que eu não poderia jamais prever, é que eu a encontraria, e que depois daquela casualidade, a minha vida estaria marcada certamente para sempre.

Eu me lembro que liguei para Ingrid, e hoje agradeço por ela não estar na cidade e por isso recusar o meu convite. Eu cheguei naquela casa noturna, pedi um drink e observei o local. Vi quando ela entrou ao lado da Vanessa, e percebi também os olhares da Vanessa para mim, a princípio com segundas intenções, porém ela percebeu o meu interesse em sua amiga, e disfarçou perfeitamente. A Melissa estava incrivelmente linda naquela noite, com um ar sensual, ela usava um vestido maravilhoso, e quando dançava, as suas curvas ficavam tão perfeitas que foi impossível desviar o olhar.

Eu nunca tive muitas dificuldades para investir em uma mulher quando eu de fato estou interessada, mas ironicamente naquele dia eu estava apreensiva, não por imaginar que ela estivesse com a Vanessa, mas era como se eu soubesse de alguma forma, que alguma coisa mudou dentro de mim desde que eu a vi pela primeira vez.

Fiquei surpresa quando ela me beijou depois de tê-la provocado, fiquei fora de mim quando nossos corpos se encontraram pela primeira vez. Eu não costumo transar com qualquer mulher, em qualquer lugar, mas eu não resisti, e como uma adolescente imprudente, eu decidi que precisava mais do que tudo daquela mulher nos meus braços, naquele lugar, sem nenhum conforto, mas com a adrenalina correndo em minhas veias.

É irônico como eu em todo tempo pensava em deixar para ela o meu telefone, ou pedir para ela o seu número, mas por medo, ou covardia de me apaixonar e sofrer, eu a deixei ir, e me despedi dela naquela noite com a certeza de que não nos veríamos nunca mais, engano meu!

De todas as ironias do destino, a menos provável com toda certeza, era que a Melissa, fosse a noiva do meu filho, e a mesma mulher com quem eu transei uma noite antes de conhecê-la oficialmente. Lembro-me como ela de repente ficou pálida ao me ver, e eu parei por alguns segundos como se precisasse esclarecer que eu não estava tendo uma visão deturpada, e nem estava ficando louca, era apenas um mero acaso brincando com a gente, era ela ali, a mulher que me fez chegar no quarto de hotel e sorrir sozinha por horas me lembrando do que aconteceu, e me julgando por não ter pedido o seu telefone, e naquele momento, eu tinha um pouco mais do que um simples número.

Uma das coisas que mais me incomodaram, foi sentir ciúmes dela nos braços do Flávio, mas como evitar? Foi ali que eu percebi que infelizmente, ou melhor, felizmente eu estava completamente apaixonada por ela.

Conto nos dedos as vezes em que não me julguei por isso, ou não chorei noites inteiras por saber que ela estava com ele, ou por saber que eu estava fazendo algo que o meu filho jamais me perdoaria.

O Flávio sempre foi um garoto bom, pelo menos depois da morte do seu pai, hoje posso ao menos me orgulhar da criação que dei a ele, até que ele pudesse caminhar com as próprias pernas. Eu sempre fiz tudo o que pude, mas estar entre eles dois, me machucava absurdamente.

Quantas vezes não perdemos o controle e transamos em locais em que ele facilmente teria acesso? Estar com ela, me trazia de volta aquela adolescente irresponsável e imatura que se casou com um homem mais velho sem amor, se casou por dinheiro, e não tenho nenhum remorço, ou vergonha em assumir isso, não nas circunstâncias em que eu vivia.

Por acaso Where stories live. Discover now