Capítulo 27 - Filho Sombrio

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Estou admirando meu filho que me olha de volta em seu berço como se soubesse exatamente quem eu sou.

O que é racionalmente impossível porque ele é apenas um bebê.

Desde que nasceu, nosso filho tem se mostrado estranhamente esperto e calmo... Se chorou apenas 2 vezes desde que nasceu foi muito. Sendo 1 vez no parto e outra vez quando Lissara teve que ficar longe dele por 2 dias devido a ter contraído uma forte gripe.

- Tu é um pirralho acima da média que eu sei, seu danadinho, filhote de pata.

A criança me lança um olhar sério e sereno, como se eu não o intimidasse...

- Você tem futuro, moleque... Acha que não percebi suas manhas para roubar a atenção da sua mãe? Pois fique sabendo que eu percebi e só vou dividir ela com você enquanto você ainda precisar dela pra sobreviver, seu pato safado.

A criança dá um leve sorriso de lado e seria assustador se eu não tivesse sido o assassino mais temível do estado. Não tem nada que me dê medo exceto perder Lissara e agora esse filhote de pata.

Pego ele do berço e o levo para fora afim de que ele pegue um sol.

Lissara deixou uma lista de tarefas matinais pra mim, já que ela não dorme a noite direito preocupada com o bebê.

Estou bem enciumado... Ele não precisa de toda essa atenção, é claro que ele não é uma criança normal... E sendo meu filho poderia ser?

O garoto tem apenas 6 meses e já anda - meio desengonçado... - e já fala papai e mamãe quando é conveniente.

Algo me diz que ele só não fala mais porque não lhe é conveniente.

Deixo o Anthony na grama do quintal da nossa casa e ele fica me encarando.

Ele parece me estudar e analisar... É muito estranho. Lissara tem medo que ele seja como eu...

Ela não está errada.

Um louco sempre reconhece o outro...

Mas ele não será um assassino e eu a convenci disso.

Mas isso não quer dizer que ele será um bom garoto normal...

Posso sentir a obsessão e sentimento de posse que emana dele apenas vendo como é com sua mãe e comigo também...

Ele vira um grude quando estamos perto de outras crianças e fica extremamente dengoso, querendo a atenção só pra ele...

Não gosta de dividir...

Sua escolhida terá alguns problemas, com certeza...

Mas isso é um tema para pensar apenas daqui há alguns muitos anos...

Será?

Com quantos anos eu encontrei a Lissara mesmo?

Hmmm...

Olho de volta pro bebê a minha frente.

Meu filho...

Sorrio pra ele e ele retribui meu sorriso.

- Arrume um graveto pro seu pai...

- Gaveto... - Ele repete com a voz angelical.

É esquisito demais ver um bebê nessa idade falando algo que não seja "gugu dada" ou coisa do tipo.  Quantos meses ele tem? 6 ou 8? Sei lá... Não sou bom nessa merda.

Ele se levanta e anda até o primeiro graveto que avista.

Ele cai duas vezes no processo, mas se levanta graciosamente.

Me entrega o graveto e vamos pra perto da caixa de areia.

Eu sempre tenho o costume de ensinar ele dessa forma.

Faço um desenho de uma boneca que deveria ser a Lissara, mas parece um pirulito pop com pernas e braços.

Aponto para o meu desenho tosco e digo:

- Mamãe.

Ele me lança uma careta.

- Isso não é mamãe. - Ele diz me encarando.

Eu caio na gargalhada e faço um Pato ao lado.

- Mamãe. - Digo apontando pro Pato.

- Isso também não é mamãe. É pato.

Quando vejo o menino com os olhos brilhando e sair correndo em direção a Lissara que nos observava da porta.

- Hey! Não ensine coisas idiotas pro meu filho, Nick!

Lissara pega Anthony no colo e o gira.

- Oi meu amor... Seu pai está entendiando você?

- Enteado...

- En-te-di-a-do. - Ela diz pausadamente pra ele repetir corretamente e como esperado, é o suficiente.

- Entediado. - Ele diz.

Lissara ofega me encarando, não estamos acostumados com esse Pato gênio...

- Sou mais legal que você. - Digo pra Lissara.

- Não é, papai. - O pirralho dispara...

Traidor.

- Não vou te ensinar a lutar assim, seu pequeno traidor.

- Papai legal.

Lissara o coloca no chão e pede que ele vá pegar seu carrinho para brincar.

Anthony vai sem contestar.

- Nicolas... Não sei se concordo com a ideia, não quero que ele se torne violento. - Ela sussurra se aproximando de mim.

Ela não gosta de conversar comigo assim na frente dele, acha que ele entende, e eu não duvido.

Dou de ombros.

- Ele não vai ser um assassino, Lissara. Mas também não será um frouxo... Precisa ser forte para proteger quem ama.

Ela faz uma cara de aflição... Tem muito medo que ele seja como eu.

Eu seguro sua cintura e a puxo pra mim possessivamente.

- Arrume uma babá pra esse patinho, eu quero transar direito com você.  - Digo e a beijo com fervor.

- Para com isso... - Ela me para logo em seguida. - Sabe como o Thony fica quando ficamos longe. Além do mas, transamos anteontem.

- Tá brincando? Anteontem? Eu quero transar a cada minuto do dia com você! Tem noção do quanto eu te desejo, mulher? - Suspiro irritado. - Ele não vai morrer se ficar algumas horas longe de nós.

- Vou sim.

Eu e Lissara damos um pulo e nos distanciamos sem jeito vendo o garoto nos encarar com seu carrinho de braço do braço.

Eu olho pra ele erguendo uma sobrancelha.

- Filhote de Pato... Ou você deixa eu aproveitar sua mãe como eu tenho direito, ou quando você tiver sua mulher eu vou me vingar de você.

- Nicolas! - Lissara me dá um tapa no meu ombro.

O menino sorri travesso e volta a brincar com seu carrinho.

Tem sigo longos meses...

Eu só queria transar direito, poxa.

Lissara ri e me beija quando vê meu biquinho.

- Que tal amanhã eu deixar ele em um play Kids enquanto passamos algumas horas no motel?

- Agora você falou a minha língua, porr... - mordo a língua antes de soltar o palavrão. Lissara me proibiu de xingar desde que o nosso filho nasceu.

Ela me lança um olhar de "bom garoto" e depois vai fazer nosso café da manhã.

Ansioso para amanhã...

Amor Sombrio IIOnde as histórias ganham vida. Descobre agora