Capítulo 17 - Culpa

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- Eu te amo... - Digo encarando profundamente seus olhos azuis gelados...

Infelizmente é incrível como cada célula do meu corpo reage positivamente a isso, confirmando, ratificando...

Ele bufa.

- Você quer que eu acredite em você após ter visto você beijar outro na minha frente? Não... Vai se foder, sua mentirosa. - Sua voz era bestial, consumida pela raiva.

- Eu fiz aquilo para distrair ele! Pra vc poder avançar nele e eu fugir ilesa. - Tento me explicar.

Lanço meu olhar mais sincero.

Ele vacila, mas depois torna a parecer um iceberg.

- Você não vai me enganar! Eu preciso matar você, não posso ter um ponto fraco, uma fraqueza. Não sou fraco como o seu Nicolas.

Eu o encaro cerrando os olhos.

- Você sempre quis isso né? Me matar...

Ele morde o lábio para esconder um sorriso.

- Eu sempre incentivei esse lado dele, mas quando ele se apaixonou por você..  Foi tão intenso, acabou me atingindo... Não entenda errado, eu também estou apaixonado por você, mas eu sou mais forte que ele... E vou acabar com nosso ponto fraco...

O que ele diz não faz o menor sentido. Está desorientado e perturbado.

Mas isso não quer dizer que não seja capaz de cumprir o que diz.

Me matar...

- Eu.. Sou sua fraqueza? - Bufo. - Você não é o meu Nick...

- Não! Mas eu sou parte dele. A parte mais forte.

- Não... Você é o que estraga ele, a parte mais fraca, que se rende ao vício e a sede de sangue... Porque não some de uma vez?

- Se não fosse por mim, ele já estaria morto! - Ele grita bem próximo ao meu rosto.

- Não, ele estaria muito melhor! Seria alguém muito mais próximo do normal. - Retruco.

- Eu vou matar você e vamos poder voltar a ser os mesmos assassinos de antes, sem sentir culpa, remorso, compaixão e toda essa merda de sentimento que você nos causa, caralho! Esse é o nosso "normal", porra!

O encaro com raiva, ódio... Ele é a parte do Nicolas que o faz ser assim...

Cansada de falar com esse Nicolas, eu decido apelar.

Eu sei que ele me ama, depois de tudo que fez por mim, como não me ama? Então vou fazer o que geralmente vejo nos filmes...

- Nick, Nick meu amor eu sei que você pode me ouvir! Você é mais forte que ele! Por favor, assuma o controle e volte pra mim.

- Cala a boca! - Sua mão começa a tremer.

- Amor volta pra mim, eu te amo... Eu senti tanto a sua falta..  Por favor, por favor...

- Não! AHHHH! - Nicolas deixa a arma cair no chão e coloca as mãos na cabeça se curvando, como se sentisse muita dor.

- Nick, amor...

Após alguns segundos dessa agonia, Nicolas me encara e eu posso ver que ele está voltando.

- Lissara... Me perdoa... Eu não quero te matar.

- Você não vai... - Ouço os sons das ambulâncias chegando. - Viu amor, eu chamei a ambulância, pra levarem o Edward... Foi tudo um plano meu pra voltar pra você!

Quase lá... Meu plano vai dar 100% certo... Só mais um pouco...

Nicolas me encara perplexo.

- Você... Eu... Como eu vim parar aqui?

- Você não se lembra? - Isso reforça algumas teorias minhas... Isso é preocupante, mas me deixa feliz.

- Você...

Eu o abraço sem deixar continuar.

- Eu estou com você... Não vou te deixar...

Seus braços me envolvem no caloroso abraço que amo sentir.

- Eu amo você, Lissara... Amo tanto... - Ele diz e quase suspeito que esteja chorando.

- Eu também te amo... Me perdoa... - Meu coração se aperta.

O que está prestes a acontecer... Ele vai me perdoar?

Quase sinto Nicolas franzir o cenho.

- Te perdoar pelo que? - Ele diz confuso.

Então o pessoal da ambulância é alguns policiais entram no local.

Nicolas observa eles irem até o Edward e me aperta.

Eu me afasto dele com um olhar de culpa...

- Lissara... O que... - Ele pergunta começando a se exaltar.

Ele não consegue terminar a frase, 4 policiais o seguram e o imobilizam.

Nicolas me olha de olhos arregalados e espantado.

- O que estão fazendo! O maluco que vocês tem que levar é ele, não eu! Me soltem!

Eu só consigo chorar a essa altura.

- Me perdoa, Nick...

Ele me olha ainda mais abismado, entendendo o que eu acabei de fazer.

- Você disse que não ia me deixar! - Ele começa a tentar lutar contra os policiais, está nervoso como uma fera.- VOCÊ PROMETEU, PORRA! FIZEMOS UM PACTO DE SANGUE!

- Desculpa...

- Não! NÃO! NÃO! LISSARA! VOCÊ É TUDO O QUE EU TENHO... VOCÊ É TUDO!!!

Eu não aguento olhar a cena, então começo a me retirar.

- LISSARA VOCÊ NÃO PODE FAZER ISSO COMIGO! NÃO FAZ ISSO COMIGO, POR FAVOR, POR FAVOR... - Seu choro é seu grito me deixam atordoada... Nunca o vi nem perto disso.

Tiveram que seda-lo.. Os policiais não conseguiram dar conta de segurá-lo...

- Lissara... Não me deixa por favor... Não quero viver sem você...

Eu fecho os olhos e escuto ele sussurrar sua última palavra antes de cair na inconsciência.

- Você... Você disse que me amava...

Eu te amo! É por isso que fiz isso! Eu te amo...

Depois eles levam os dois para a ambulância.

- Eles ficarão onde? - Pergunto a um dos médicos.

- Com esses ferimentos terão que ficar na ala médica.

Fico confusa... Ala médica do hospital??

- Perdão, não entendi.

O médico suspira e me olha.

- Ala médica do hospício, Srta.

- Isso será.... Mesmo necessa...

- Extremamente necessário. Os dois são muito perigosos, vão precisar de vigilância máxima... Você entende isso, caso contrário não teria nos chamados.

Abaixo a cabeça e me retiro dali.

De toda forma...

Meu plano funcionou...

Então por que me sinto tão...

Culpada...?

Amor Sombrio IIDonde viven las historias. Descúbrelo ahora