Capítulo 15 - Ponto Fraco Sombrio

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Eu não consigo parar de pensar na Lissara. Tudo que passa na minha cabeça é ela ou tem relação a ela.

Será que ela está gostando desse maldito? Será que ela pode se apaixonar por ele?

Hmmm... Porra... Ciúme é algo desconfortavelmente perturbador.

A verdade é que desde que o Nicolas se apaixonou por essa garota, eu não tive como não perceber a intensidade dos seus sentimentos...

Eu sabia que ele a amou desde a primeira vez que a viu, desde que ela lhe ofereceu o carinho, acolhimento e segurança que nunca teve... Ela foi a primeira e a única pessoa que disse que o amava.

Mas mesmo assim, eu fui a parte que o impulsionava a matá-la, mesmo falando o contrário em sua cabeça, eu era responsável por cada estímulo de negação a esse sentimento, cada tentativa de matá-la... Fui eu quem colocou essa vontade em seu caminho... E eu quase consegui que ele acabasse com a vida dela... Algumas vezes.

Outras eu mesmo assumi o controle e tentei por mim mesmo.

Tudo isso porque eu já sabia que a porra da mulher seria uma dor de cabeça, um ponto fraco, um estorvo.

Agora... Não sei se ainda tenho forçar pra continuar com isso... Eu sinto arrependimento, culpa... Uma necessidade de implorar seu perdão por te-lá machucado, por ter tentado acabar com a sua vida...

Eu não queria.

Eu queria sim...

Agora que estou totalmente no controle desse corpo, consigo pensar livremente, consigo ser sincero comigo mesmo e meus pensamentos. Nicolas está dormindo... Alheio a tudo que acontece aqui fora.

Olho em direção a mulher inútil que trouxe comigo. Seu nome é Emily e ela não para de tremer e chorar.

Eu só dei um tiro nela e ela fica assim? Uma frouxa...

A levo de volta pra minha antiga casa, a casa onde mantive Lissara cativa por um bom tempo antes do Michel maldito arrastar ela pra fora e provocar a fulga dela...

Quando chegamos lá, amarro Emily na cadeira.

- E-eu... Eu preciso de um médico... Isso queima!

- Ah é? É porque um cadáver precisa de um médico? Você já está morta, só não sabe ainda... - Digo com a voz mais fria e vazia que o gelo.

Ela se encolhe e sacode a cabeça em negação.

Eu a deixo ali e vou cuidar do meu ferimento. Não sinto mais dor... Tem muito tempo que não sei o que é isso.

Eu limpo a ferida e depois faço o curativo.

Me deito no sofá afim de dormir um pouco, mas eu sinto que se eu dormir, o Nicolas antigo pode voltar e assumir o controle.

O pior seria se ele percebesse minha verdadeira intenção.

A noite está acabando e o sol começa a nascer. Não consegui dormir...

Me volto para a garota amarrada na cadeira que está com uma aparência terrível.

Preciso arrancar informações dela antes que ela morra.

Quando eu apareço em seu campo de visão ela suplica.

- Por favor, você precisa de mim pra encontrar ele... Eu sou a pista.

Estreito os olhos.

Claro que eu já tinha pensado nessa possibilidade, além disso, imagino que talvez eles possam ser até cúmplices. - Não por livre escolha dela, claro.

Eu abaixo para que seus olhos encontre os meus.

- Vou ter que te torturar pra você falar? Eu não me importaria de fazê-lo... Você sabe, né? Esse é meu Hobbie...

Ela treme da cabeça aos pés quando minha mão encosta próximo ao local onde a bala está presa em sua perna.

- V-você vai me matar de qualquer jeito, né? - Ela funga e soluça. - Então porque... Porque eu deveria te ajudar?

- Você não vai me ajudar... Claro que não vai, eu vou encontrar aquele maldito e a minha mulher de um jeito ou de outro, mas quanto mais rápido melhor. - Eu enfio o dedo onde está o buraco da bala e ela grita. - Mas eu sempre tiro um tempo pra me divertir também e se você não colaborar, vou tirar esse tempo com você.

Lhe lanço meu sorriso mais doentio.

Infelizmente ela começa a falar... Uma pena, eu não fiz com ela nem metade do que eu gostaria.

Nicolas e eu tínhamos essa diferença, ele gostava mesmo era de matar, se fosse ele no controle já teria matado essa mulher, mas eu... Eu adoro a parte da tortura...

- Ele me sequestrou, me fez tomar banho e lavar o cabelo com produtos específicos, ficava me chamando de Lissara ao invés de Emily... Eu estava tão assustada... Ele disse que ela tudo parte de um jogo e que seria importante eu passar uma mensagem pra você um dia depois de você me salvar... Isso caso eu fosse salva.

- Qual a mensagem? - Digo com toda paciência do mundo, coisa que Nicolas não teria nessa ocasião.

- E-le... Disse algo como... "onde tudo começou é onde tudo termina"...

Claro que esse verme psicomaniaco não diria " Avenida Marlon Marechall, n° 22, em frente ao mercado".

Onde tudo começou só pode ser no orfanato.

- Muito bem, Emily...

- Não tem chances de me deixar viver? Posso ser sua, te servir como achar melhor... Eu não quero morrer, por favor...

- Está dando em cima de um homem casado?

- Edward me disse que seu casamento é uma farsa, não casaram de verdade.

Agarro seu pescoço fino e frágil. Seu rosto fica vermelho na hora.

- Esse maldito não sabe de nada... Lissara é minha e já vai me servir de todas as formas que eu quiser. - A encaro com toda a minha indiferença. - Não preciso de você!

Eu a solto e ela respira vacilante, procurando por mais ar.

- Porém, você me adiantou, vou te dar uma morte rápida.

Atiro em sua cabeça lhe dando um fim imediato.

Eu vou colocar um fim nesses jogos, hoje. Sem dúvida será game over, e talvez não seja game over apenas para o Edward...

Sinto meu desejo ficando cada vez mais sólido a cada momento que passa...

Eu não posso ter pontos fracos...

Talvez... Talvez eu consiga eliminar meu ponto fraco...

Amor Sombrio IIWhere stories live. Discover now