Capítulo 14 - Sem Salvação

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Edward está me levando para o próximo local onde diz ser a próxima "fase" do seu jogo doentio e cruel.

- Podemos parar pra comer?

- Por que? Se eu já vou te matar mesmo, que diferença faz se vai comer ou não? - Diz ele com a voz calma e fluida.

- Achei que não tivesse se decidido... - Digo tensa.

- Eu não me decidi, mas estou inclinado a te matar. Não me leve a mal... Você é bem interessante, mas só. - Ele suspira antes de continuar. - Não sinto por você nada nem próximo do que o seu namorado lunático sente por você.

- Você nunca amou alguém... Realmente não tem como saber.

- Não, eu nunca amei e por isso não compreendo. Mas eu percebi que quem ama passa a ter um ponto fraco e nenhum assassino quer isso.

Eu não tenho nada a dizer com relação a isso... Ele insiste que Nicolas é um assassino como ele é apesar de ter algumas lembranças confusas e comprometedoras eu me recuso a acreditar.

Edward me encara com seus olhos de anjos.
Quase da para enganar...

- Lissara... Seu namorado talvez não seja quem você acha que é... Sabia que ele tem um problema parecido com o meu? Ele tem uma segunda personalidade.

- O que? O que você está dizendo?

- Estou dizendo que seu Nicolas é 2 em 1. Não sei se a outra parte dele te ama também, mas se não ama, você não deveria confiar nele.

- É eu deveria confiar em você? - Disparo ríspida.

- Eu nunca menti pra você, menti? Ao contrário do seu amorzinho que te enganou até não poder mais para fazer você comer na mão dele como uma cadela dócil.

Desgraçado... Minha raiva arme no meu corpo reagindo na minha mão que acerta a cara dele em cheio.

Ele freia o carro na mesma hora, parando bruscamente e me encarando atônito e perturbado com minha atitude.

- Você me bateu?  - Ele colocou a mão onde eu o acertei há segundos atrás e ficou a marca da minha mão.

- Sim, e se você continuar ofendendo o Nicolas eu vou fazer muito pior!

Seu olhar escureceu, a raiva era palpável e eu pensei que ele me mataria ali mesmo.

- Isso não vai te custar caro, gatinha...

- Vai pro inferno!

Ele pega meu queixo com seu polegar e o indicador e o aperta com muita força, trazendo de encontro a sua boca.

- Eu vou, claro que vou... Mas vou levar seu precioso Nicolas comigo. Juntos vamos arder lá pelos assassinatos que cometemos.

- Ele não é assassino!

Ele solta meu queixo e volta a dirigir.

- Vamos comer, como você pediu.

Fico tensa porque sei que ele está planejando alguma coisa...

Não se passam mais que alguns minutos, quando finalmente chegamos a um restaurante no meio no mato.

Nos sentamos e pedimos um dos pratos famosos da casa. Era um macarrão com 8 ingredientes a escolha.

Enquanto eu comia, não dirigi uma palavra sequer para Edward que também nem pareceu notar minha presença, achava incrível como ele se dava ao trabalho de fazer tudo isso sem ter interesse em mim.

Definitivamente ele era a definição de incômodo, inconveniência e perturbação.

A porta do restaurante se abrindo atrai minha atenção, e com isso vejo uma senhora na cadeira de rodas entrar.

Não consigo conter o flash de memórias que invadem minha cabeça, junto com um nome associado.

" Tia Roddy"...

A história sobre o Nicolas, tudo que ele passou vem a minha mente e eu arfo me engasgando com o macarrão.

Edward vira sua atenção pra mim e quando me vê engasgada e paralisada, tenta me fazer beber a coca que pedimos pra acompanhar o prato.

Sem sucesso e comigo já perdendo o ar, ele me leva até o local onde tem um corpo de bombeiro e pede ajuda.

Ele me coloca em uma cadeira, enquanto eu procuro por ar.

Após me deixar sentada ele entra em uma salinha mais a frente a procura de um bombeiro.

Eu solho de soslaio para a mesa ao meu lado e vejo um celular.

Sem pensar dia vezes o pego e escondo entre meus peitos, no sutiã logo após silencia-lo.

Edward volta com o bombeiro que não tem muito trabalho para me desengasgar.

Agradeço ao gentil bombeiro e depois Edward e eu seguimos para o carro.

- O que você lembrou?

- Boa parte da história dele... É foi terrível.

- Confesso que realmente não é muito leve, mas mesmo assim, ele é o que é. Vou fazer você lembrar de tudo agora.

Um sorriso perverso brota em seu rosto.

Após alguns minutos no carro, reconheço o lugar que estamos.

O orfanato...

Sim, eu já tinha me lembrado daqui, porém vê-lo pessoalmente, despertou outras lembranças... As lembranças de quando eu descobri que o Green e o Nicolas eram a mesma pessoa.

Edward me arrasta pra dentro e seguimos pelos corredores abandonados que começavam a ser reformados, até chegarmos a um objeto curioso que jurava já ter visto.

- Eu achei uma coisa... É tenho uma teoria. Acho que entrar nisso vai te ajudar a lembrar. - Seu sorriso é cada vez maior.

Analiso a grande caixa de ferro e entro nela exitante.

Edward fecha a porta da caixa e junto com a escuridão, as lembranças vem...

Nicolas me trancou aqui... E foi terrível.

Uma lembrança vai coligando com a outra e de repente eu me lembro...

Me lembro de tudo.

Nicolas matou a Val.

Nicolas matou o Michel.

Nicolas ameaçou matar os Martins para me ter...

Nicolas quase me matou, várias e várias vezes...

Nicolas mentiu pra mim, o tempo todo...

O Nicolas que eu amo... É uma mentira?

Quando Edward abre a porta para me ver, seu sua face é indescritível. Ele está loucamente animado e excitado com a minha desgraça.

Caio de joelhos incrédula, incapaz de chorar por estar em estado de choque.

- Do que lembrou?  - A voz de Edward carrega uma animação mal contida.

- Eu.. . - Engulo em seco, sentindo minha garganta fechar e o ar faltar. - Lembrei de tudo.

Eu estou confusa, um conflito surge entre minha eu atual e minha antiga eu...

Ele não é um monstro.

Sim, ele é um mostro.

Não podemos salvá-lo.

Podemos salvá-lo sim... Precisamos salvá-lo!

Não...

Nicolas não tem salvação.




Amor Sombrio IIOnde as histórias ganham vida. Descobre agora