Capítulo Extra - Obsessão?

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Estou na escola mas não enxergo as pessoas ao meu redor... São tão... Inferiores.

Os únicos com quem me importo são meus pais.

Minha mamãe é sempre tão amorosa e calorosa comigo... E o papai é muito protetor e me ensina muitas coisas.

Eu os amo.

Mas essas pessoas... Elas não são nada e se algumas delas não existissem, o mundo estaria bem melhor.

A professora entrega as provas com as notas finais e mais uma vez eu sou o único que conseguiu tirar nota máxima em todas as matérias.

- Muito bem, Anthony!

Aceno com a cabeça para a professora, não costumo desperdiçar minhas palavras, as únicas pessoas com quem falo são meus pais e será sempre assim.

O sinal toca mostrando que é a hora da saída e eu vou até o portão da escola esperar que meu papai venha me buscar.

Ele já estava lá no portão me esperando como sempre.

Eu corro pra ele e o abraço.

Ele me pega no colo e me beija.

Eu amo meu papai.

- Eai, meu patinho.

O papai sempre me chama assim. Ele também chama a mamãe de pata. O que logicamente não faz sentido.

- Oi papai. - Digo simplesmente.

- Como foi na escola? - Ele todo dia pergunta isso.

- Tirei nota máxima em todas as matérias.

- Sua mãe vai gostar disso.

Com certeza ela vai... Vou ganhar um abraço e muitos beijos dela.

De repente me sinto ansioso para chegar em casa.

- Hã... Temos uma surpresa pra você.

Faço uma careta.

Odeio surpresas.

- É um presente de aniversário de 8 anos.

- Não gosto. - Digo com bico.

- Olha garotão... Tente ter a mente aberta... É... Importante pra sua mãe.

- Importante pra mamãe? - Pergunto deixando minha birra de lado.

Ele acena que com som a cabeça.

Suspiro e aceno de volta.

O caminho parece mais longo para casa.

Quando chego, vou correndo para a cozinha onde sempre encontro a mamãe e lá está ela.

- Mamãe! - Corro e a braço.

- Oi meu amor! Como foi na escola?

- Tirei nota máxima em todas as matérias... De novo.

- Hey! É claro que tirou! Esse é o meu garoto.

Ela me abraça apertado e me enche de beijos.

Adoro.

A mamãe é fofa.

A mamãe me ama.

Eu amo a mamãe.

- Meu amor... Tenho uma coisa pra te contar...

- Papai disse... Ele disse que é importante pra você.

- Sim é... É quero que seja pra você também.

A encaro confuso.

Mamãe lança um olhar para trás e eu me viro e Observo o papai entrar com uma criança no colo.

Ela parece ter 3 anos de idade.

Eu franzo o cenho e torço o nariz, mas ao ver a expressão da mamãe de tristeza, tento suavizar e controlar minhas emoções, sou bom nisso desde sempre.

- Que isso? - Pergunto vendo a bebê se agarrar ao papai e isso me dá raiva.

- Isso não, Thony... Essa bebê linda, será sua irmãzinha a partir de hoje.

- O que? - Pergunto surpreso. - quando você ficou grávida, mamãe? - Digo tocando sua barriga e ela ri.

- Não fiquei, meu amor... - Ela suspira e me olha. - Adotamos a Clarisse.

Eu sinto um sentimento que não senti antes... Mas é um misto de raiva, injúria, aversão.

Seria isso o ódio?

Provavelmente, se eu pudesse matar essa criança, eu o faria...

Nunca pensei em matar antes, mas só de ver como aquela criança está agarrada ao meu pai e o olhar de ternura da minha mãe pra ela...

Eu teria que dividir toda a atenção, carinho e amor que tenho dos meus pais com essa maldita.

Clarisse... Estúpida!

Suaviso minhas expressões não deixando transparecer meu ódio e aversão.

Minha mãe é facilmente enganada, mas meu pai não... Ele sabe, sempre sabe.

- Nick, ponha a Clarisse no chão para que o Thony possa conhecê-la.

Papai exita, mas logo coloca a criança no chão.

A criança da alguns passos em minha direção, mas para e olha para o meu pai.

- Vai lá, querida. - Papai a encoraja.

Fecho as mãos em punho usando todo meu auto controle e tentando não olhar diferente para a fedelha.

Ela está na minha frente quando eu sou finalmente obrigado a encará-la.

Um choque percorre meu corpo e sinto meu coração acelerar, o sentimento é diferente do de antes... Não senti ódio.

Encaro cada detalhe da criança a minha frente, seu cabelo loiro e escorrido e seus olhos azuis/verdes intensos, seu rosto angelical e sua pele tão branca com apenas suas bochechas rosadas.

Fico sem ar.

Como um bebê inútil de 3 anos é tão belo?

Toda a minha admiração só dura um minuto, depois meu ódio retorna com ainda mais força.

Porque ela precisa ser tão bonita? Porque parece ser tão pura?

Maldita.

Ela parece sentir a onda de ódio que emana de mim e se encolhe.

Eu tento me controlar e dizer um oi, mas ele sai estranho.

- O-oi... Sua voz parece um sino, é harmônica, fina, gentil... Como a de um anjo...

Isso tudo é demais pra mim.

Eu não consigo esconder minha cara de raiva e a menina se assusta e corre pro colo do meu pai.

Eu saio em direção ao meu quarto e fecho a porta.

Que maldição é essa? Porque esse Demônio disfarçado de anjo teve que vir pra cá!?

Estava tudo tão bem sem ela aqui...

Jamais a aceitarei como minha irmã, jamais! Ela nem se quer é sangue do meu sangue...

Não... Eu não apenas não a aceito, como a abomino.

Ela vai ter que sair daqui, nem que pra isso, eu faça da sua vida um inferno.

Clarisse...

Você teve muito, muito azar de ser adotada por essa família.

Eu vou fazer você suplicar para voltar de onde veio, não importa que tenha sido do inferno! Você vai voltar pra lá!

Soco a parede com toda a minha força sentindo o sangue escorrer pelas minhas mãos.

Eu vou fazer você sofrer como jamais imaginou ser possível... E você vai se arrepender de ter tirado minha paz...

Serão longos anos pela frente.

Clarisse...

Amor Sombrio IIWhere stories live. Discover now