CAPÍTULO DOIS

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  O livro, publicado pela Astral Cultural, pode ser encontrado nas melhores livrarias (físicas e virtuais) do país. Garanta seu exemplar de Poder Extra G que em 2017, vem aí o segundo livro da trilogia: SINGULAR <3  

            Nota importante sobre Buenos Aires: ela é muito romântica. Não que eu estivesse reparando, de fato. Nico apareceu em frente ao meu hotel dentro de um táxi. Ele estava sendo um perfeito cavalheiro e isso não deveria ser um problema, certo? Errado. Todo aquele cavalheirismo estava me dando nos nervos. Seria tão mais fácil se eu apenas o levasse para cama e tivesse uma amizade colorida sem compromisso durante as férias... Mas é claro que a vida − esse ser mitológico e assustador − não estava disposta a facilitar as coisas. É por isso que Nico me entregou uma caixa de chocolates quando entrei no táxi.

Segunda nota importante: chocolate branco da Milka com pedacinhos de biscoito. Aquele homem estava atingindo em cheio meu ponto mais fraco... Quanta baixaria!

Chegamos a um clube de dança bastante simples, mas muito animado. Nico me garantiu que aquele era um point local, nada de turistas abarrotando e infernizando o lugar. Nós dançamos muito. E bebemos. E conversamos. E dançamos mais um pouco e finalmente nos beijamos. Não crie expectativas, não foi nada demais... Ele só selou seus lábios aos meus ao fim de uma dança quente que já me provocava espasmos.

E então saímos do clube no meio da madrugada. Fazia muito, muito frio, afinal, já era setembro. Eu não estava acostumada àquela temperatura e fiquei agradecida quando meu acompanhante me estendeu um par de luvas.

− Imaginei que fosse precisar − comentou com um fofo dar de ombros.

Nós fomos até Puerto Madero e caminhamos despreocupados enquanto falávamos de nossas vidas. Estávamos devorando os chocolates com os quais ele me presenteou. Eu lhe contava sobre o meu trabalho na editora e ele parecia fascinado.

− Você ganha dinheiro para ler livros − soltou com todo seu entusiasmo. − Isso é fantástico, Nina − ignorei o modo como meu nome ficava suave e sensual entre seus lábios. Apenas assenti.

− Também faço traduções − acrescentei menos entusiasmada do que pretendia.

Nico era um dos donos de uma grande livraria no centro de Buenos Aires. Aquilo parecia coincidência demais... Tínhamos tanto em comum! Nossa andança desenfreada nos levou até um cassino. Sim, um cassino de verdade, com luzes piscando, gente tagarelando e muito dinheiro entrando e saindo, como num passe de mágica.

Contei a ele que eu nunca havia estado em um cassino. Ele pareceu chocado, mas não é como se em São Paulo tivesse um a cada esquina, sabe? Entramos no local e eu de repente me peguei embasbacada. Havia tantas luzes e sons e pessoas... E aquele lugar era enorme. Talvez uns três andares, a julgar pelas escadas rolantes que consigo avistar da entrada. Nico me puxou pela mão e repentinamente nós estávamos nos divertindo como crianças enquanto perdíamos alguns trocados. Antes de conhecer aquele lugar, eu me perguntava: como alguém pode ser imbecil a ponto de colocar o seu dinheiro em maquininhas apenas para perdê-lo em seguida? Mas eu estava totalmente equivocada em relação a isso − e olha que eu tenho certa dificuldade para assumir meus erros! Aqueles joguinhos eram contagiantes e a cada nova moeda inserida, uma lufada de esperança nos atingia. Em cerca de meia hora, o clima de euforia nos abandonava gradativamente e dava espaço para uma conversa mais pessoal. Nico me contava sobre sua infância, sobre como ele se dividia entre seus pais divorciados que viviam em guerra. E sobre como ele tentava proteger seu irmão mais novo no meio do fogo cruzado. Não é à toa que eu o achava muito maduro para seus vinte e quatro anos. Eu lhe contei sobre a minha infância em uma família adotiva. Ele me questionou sobre meus pais biológicos e eu expliquei que não era algo importante para mim. Ao contrário da maioria das crianças adotadas, eu nunca quis saber quem havia me colocado no mundo. Eu me importava mais com quem me mantinha nele. O assunto ia se estender, eu sabia que sim... Não fosse pela musiquinha histérica que nos interrompeu acompanhada de luzes piscando de maneira caleidoscópica. Olhamos para máquina na qual colocávamos moedas de maneira preguiçosa e ela dizia: YOU WON! Fiquei intrigada, pois nos filmes quando alguém ganha, as moedas começam a descer de forma rápida e as pessoas precisam encontrar um jeito − normalmente bastante inusitado − de ampará-las. Mas ali nada acontecia além da música e das luzes.

− A quantia é alta demais para sair em moedas − Nico me explicou, percebendo minha confusão. − Precisamos ir ao caixa sacar nossa pequena fortuna.

Nós ganhamos quatrocentos dólares. Não é uma fortuna que nos permita comprar uma mansão e largar nossos empregos, mas é pelo menos o dobro do que gastamos naquela noite. Eu ia sugerir que Nico e eu dividíssemos o dinheiro, mas ele foi muito mais rápido e disse:

− Que tal usarmos esse dinheiro para nossas próximas saídas? − perguntou-me com um sorriso fofo e quase constrangido. − Podemos começar amanhã mesmo.

Eu não queria me apaixonar. Não estava pronta para isso. Mas eu tinha pouco tempo na Argentina e nunca havia conhecido um homem como Nico. Ao contrário do Marco, Nico parece ter orgulho de andar comigo ao seu lado. Mais cedo naquela noite, ele havia dançado comigo incansavelmente e me apresentado para tantas pessoas... Era como se ele se sentisse honrado por poder desfilar comigo. E aquele era exatamente o tipo de sentimento e consideração que eu vinha esperando de um homem nos últimos anos.

− Sim, nós podemos − foi tudo o que eu respondi antes de lhe sorrir e sair do táxi em direção ao meu hotel. Por um instante, fiquei feliz por Nico não ser adepto ao sexo casual. 

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Resolvi postar um pouquinho antes e se tudo der certo, posto novamente na sexta-feira. Tentarei postar todas as quartas e sextas, mas minha rotina anda muito conturbada e pode ser que eu não consiga, espero que entendam! E não esqueçam de me contar o que estão achando da história da Nina... Esse feedback é muito importante para mim <3

PODER EXTRA G (degustação)Where stories live. Discover now